Ser um psicopata é uma doença. Ser mulher é a mesma coisa que nascer com essa
doença, mesmo que ela não se desenvolva totalmente no decorrer da vida. Você
pode não perceber, mas elas já nascem mais instintivas, mais minuciosas (pois
possui o branco do olho em maior quantidade que os homens) e com o espírito de
auto-sobrevivência. Nazaré, loira, bonita e sensual, fogo entre as pernas, boca
safada. Foi sempre muito atenta aos homens que escolheu, virgem já não era
desde quando nasceu. No amor, ela era no estilo bem me quer e mau (foda-se)
quem não quer. Não se prendia a regras, não gostava de relacionamentos sérios,
não acreditava em fidelidade masculina. Homens são todos galinhas, não podem
ver um buraco que já ficam doidos, ela dizia. Em um baile forrozeiro que
costumava ir a seu bairro, conheceu Giuliano. Modelo, alto, carioca da gema,
sabia como deixar uma mulher de quatro em apenas algumas horas de um jantar.
Olhares sustentados, ela o caçara. Em menos de uma semana os dois tiverem
alguns encontros, ora singelos como passear no parque ou comer uma pizza (esses
ela detestava, achava muito retro e muito broxante), ora ardentes na cama de
Nazaré. Certa noite, Giuliano estava tomando um banho, ela resolveu checar o
celular de seu quase concubina. “- Oi gatinho! Seus beijos são mais doces que
meu doce de pavê, seus olhos mais lindos que o ator da TV. Não chora, me liga,
você tem meu amor. Bjokas da Cris pantera.” A vizinhança não sabia o que estava
acontecendo, de tantos palavrões parecia mais um filme pornô ou um barraco de
família, quebra-quebra que parecia os protestos no Egito. Giuliano recolheu
suas coisas e voltou para sua quitinete em cima da pensão da dona Branca, a
maior fofoqueira do bairro. Nazaré não sabia se chorava, ou se limpava a casa,
se ligava para essa tão de Cris ou se ia à delegacia de mulheres e inventar
alguma mentira para Giuliano ir preso. Olhando de fora, Giuliano tem culpa de
alguma coisa? Nazaré está certa ou errada? Nunca Giuliano exigira alguma
fidelidade ou algum laço de afeto mais forte para com Nazaré, para ele tudo
estava bem no começo ainda. Muitos dizem que fidelidade é questão de caráter.
Concordo, mas fidelidade em pegação ainda não existiu e nem sei se vai existir.
Nazaré está arrasada, achando que foi traída, não compreendida, foi usada como
um passatempo comestível de algumas horas. Ela descobre que o ama. Isso é amor, senhora?
Ciúme, possessividade, perseguição? A partir daí ela ligou para o celular dele,
não teve resposta. Ela foi à quitinete, ele não estava. Galinha, já está na
gandaia, pau de toda obra. Nazaré esperou até o dia raiar em um meio fio da
calçada suja até que aparece Giuliano vindo agarrado com uma biscate de saias
curtas e batom vermelho. A cena é
realmente fácil de acreditar, era o óbvio. Nazaré queria acreditar que ele era
o homem perfeito, o cara, o mundinho dela. Ele se aproximou, ela recuou.
Disse-lhe que era uma prima distante que chegou a cidade. Tapa na cara. Todo o
comportamento de uma mulher diante de uma situação demonstra quão duro é a
realidade do entendimento do universo masculino. Ela jura que o que sentira por Giuliano era
amor, paixão, loucura. Para ele, ela foi apenas mais uma de sua lista
telefônica da parte N. Tolinha.
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
terça-feira, 1 de março de 2011
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