Não agüento como o tempo se arrasta quando esperamos. Parece engatinhar sem
sair do lugar. Esperando alguém para nos ajudar a seguir, acabar com nossas
dificuldades. Não espere que eu corra atrás de sua atenção sempre. Se estiver
com vontade de falar, fale. Eu posso não estar mais aqui quando você perceber
que irá sentir falta do meu jeito. Não espere que eu conte o meu dia, se você
me dá como respostas palavras monossilábicas e lacônicas. Elas não ajudam em nada
e, com certeza, alimenta a sua incerteza ou desprezo. Fazendo engrandecer meu desapego. Às vezes, esperar que tudo seja diferente é
como gostar de acreditar em ilusões. Tem
horas que apenas essas irrealidades nos bastam. O irônico é que você tenta
fazer diferente. Seu pseudo novo jeito nunca será o bastante para alguém. Já
percebeu que quando está quente queremos morno? Quando está frio queremos
quente? Somos sempre inconstantes e detentores de múltiplos significados em nossas vontades.
Até mesmo nas mais simples, que como seu nome já próprio diz, deveria ser
breve, calmo. Eu posso viver sem ligar para desejar boa noite. Só tento mostrar
o quanto isso é bom. O quanto isso transmite segurança, conforto e ratificação
do carinho da pessoa que estamos desejando o melhor. É pouco em vista dos
regramentos estabelecidos pela paixão, mas é esse mesmo pouco, que não deixa a
receita ficar maravilhosa, apenas boa quando há sua ausência. Não quero esperar por alguém que tenha
medo da minha intensidade. Se eu quero ligar, eu vou ligar. Se me interessar,
eu vou chamar para sair. Se eu ficar triste e quiser transformar essa pessoa em
nada, eu também vou consegui. O grande problema de ser assim é que você não se
preocupa com tempo. Aquele velho dar tempo ao tempo. Ao mesmo tempo em que pode
ser amor, pode ser paixão, pode ser excitação, pode ser vontade que dá e passa. Saudade não prende ninguém. Alma egoísta
e ociosa daquele que pensa que dando espaço, não ligando, não demonstrando, vai
ganhar a pessoa. Concordo que isso tudo é a regra. Mas quem quer ser a regra?
Todos queremos ser a exceção de alguém. Sem controvérsias e meios termos. Pode demorar. Enquanto isso aproveitamos
as adversidades da vida. Aquilo que muitos chamam de “serendipity”. Descobrir
algo bom naquilo que pensamos que não haveria mais saída. É um eterno mistério,
assim como o esperar. Se sentir saudade alguma vez, você tem meu número. O
nosso tempo somos nós mesmos que fazemos. Quem nunca tem um tempo para um café?
Não espere que eu sempre entenda suas atitudes. Se você não explicar, eu não
vou compreendê-las e há o risco de ter uma interpretação à minha maneira, com o
calor do momento, com os mesmos medos de sombras escondidas. Se depois disso
tudo, ainda restar alguma dúvida, pergunte, converse, se abra. O esperar
machuca. Faz com que momentos que deveríamos passar se esvaneça bem em frente
aos nossos olhos. E, certamente, não é uma lembrança boa de lembrar. Por que esperar em um trilho sem rumo se podemos pegar duas direções distintas que nos levam à qualquer lugar melhor ainda?