quinta-feira, 10 de março de 2011

As Cariocas: Eduarda, a mineira malhada.


“If you ever loved somebody, put your hands UP!”  \ô/ (Just a dream, Nelly)

Ouvindo essa música tocada em meu celular, em mais uma noite ordinária de quarta-feira, recordei-me de uma pessoa. Ela me adicionou no Orkut, geralmente não aceito estranhos. Eduarda, mineira, sorriso grande e bonito, blusa de academia. Eu tenho uma tara louca pelo ramo da educação física, olhos brilham. Fui recompensado por um lindo depoimento, elogio, esperanças, MSN. No começo, não iria dar muito papo. Para minha nada rotineira surpresa: ela era casada, gente. Eu não dou sorte, eu sei. É incrível que cada experiência que ela contava, cada gesto que parecia ser bem calculado para ser feito, as feições na web cam de uma pessoa que já viveu muito e sofreu o resultado de certas escolhas, encantava-me. Eu sou assim: fácil. Lembro de noites que ela ligava para mim e apenas ríamos, eu na sacada do meu quarto e ela em sua casa com o ar condicionado ligado, pois detestava sentir calor, muito menos quando transava. Feriado de Tiradentes, Minas. Fui rever parte de minha “nova” (tem apenas dois anos que tive a oportunidade de ir conhecê-los) família que mora em Visconde do Rio Branco. Com toda a minha inocência safada de 17 anos, eu comentei sobre minha futura ida a Minas e marcamos de nos encontrar lá. Seria minha primeira “aventura” fora de terras cariocas. Instalo-me no único hotel arrumadinho de frente a praça, ansioso pela chegada de minha desconhecida mineira no dia seguinte. Vejo um carro novo no estacionamento, tinha que ser o dela. Eu estava na piscina, ela me olhou, sorriu. Peguei meu casaco, o crepúsculo chegara. Fomos até o seu quarto. A sensação de ter alguém que não é seu, mas que está ali por você, querendo-te, é inexplicável. O medo se transformara em prazer. À noite ficamos vendo vídeos em seu computador na área da piscina. Não me recordava que teria que ir a uma festa com a minha prima, tive que deixá-la prometendo que voltaria de madrugada. No banco da praça em frente a sua janela eu tentava imaginar o que eu estava fazendo, onde estava metendo meu coração juvenil inseguro. Não consegui chamá-la em seu quarto e também não preguei o olho no meu. Tomo meu café pela manhã, faço minhas malas e parto. Já na casa de minha prima, ela me liga. Onde eu estou, o porquê que fiz aquilo. Mesmo tentando-me fazer de vítima, vou ao seu encontro. Terminamos chorando. A vida seria a mesma que era a de dois dias antes. Aquilo que aconteceu entre a gente foi apenas uma pausa em um filme que deveria continuar a rodar. Ainda lembro-me de nossa despedida: Eu indo embora pela pracinha com meu travesseiro que esqueci no hotel, e ela acenando de dentro de seu carro cinza. Foi até uma cena engraçada de ser vista. Por tempos, peguei-me a admirar a minha foto com Eduarda. O corpo perfeito, o coração grande, a alma malhada. Mesmo demorando um tempo para esquecê-la, ela conseguia tirar o meu sorriso mais contagiante dentro de um ônibus em um dia frio de casaco, lembrando de que o “pause” do filme, foi apenas um “start” para um novo amor que tive a distância.


Um comentário:

  1. Arthur, meus parabéns pelo texto! Eu queria saber descrever a minha empolgação com essa leitura: ela é gostosa, simples, leve; ideal para a Internet.

    Continue com o blog. Já estou te seguindo.

    Abraços

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