domingo, 13 de outubro de 2013

O sorriso que guardo em mim de uma criança ...



“Com a iminência do dia das crianças, o Facebook torna-se o lugar onde conhecemos vários  rostinhos de amigos que nem poderiam supor como eram. Confesso que, por vezes, tenho que ir ao álbum do perfil para ver se é realmente a pessoa e me sinto como estivesse levando meu filho ao parque e ele fazendo vários amigos da mesma idade. Não pude ficar de fora disso. Escolhi uma foto, não quando eu era muito novo, mas uma em que eu já sabia o que era amar, sinceramente, uma pessoa. Estávamos em Penedo/RJ. Eu tinha uns 05 anos e ela uns 47 anos. Me envolvi nos braços mais calorosos, sob o sorriso sincero e olhos verdes semi serrados para tirar uma foto. Aquela que eu chamo de avó, aquela que eu considero minha mãe em dobro ou elevado a décima potência. A pessoa que me ensinou a dar valor aos sentimentos quando a razão torna-se a única visão em meu olhar e sentidos, que chorou comigo quando perdi e que se sente orgulhosa quando ganho. Confesso que choro internamente quando está triste e sorrio de dar gargalhadas quando sinto que está bem. Sempre será “La mia più bella nonna in tutto il mondo”, o sangue italiano que carrego em minhas veias. A mulher que me fez ser para sempre uma eterna criança, sem precisar de uma data para recordar-me desta alegria.” (Arthur Kaiser)


sábado, 1 de junho de 2013

Eu preciso de gente.

"Eu preciso de gente. Preciso daqueles que tem coragem de queimar como fogo. Daqueles que explodem feito fogos de artifícios. Dos que não temem por viver uma vida de Dorian Gray ou passagens em um Morro dos Ventos Uivantes. Quero atenção, noites com amigos reunidos falando nada e tudo ao mesmo tempo, jogar tudo para o alto em um sábado à noite e realizar uma loucura qualquer, em um lugar perto ou distante, vivendo apenas. Ando bocejando para os dramas. Fecho os olhos para os problemas. Durmo com tanta falta de amor próprio ou imaturidade. Eu só queria pessoas que quisessem ser apenas gente, não se preocupando muito com o amanhã do ser, ou vivendo no passado do eu. Venho procurando, por cada caminho, a cada hora ..." (Arthur Kaiser)


domingo, 17 de março de 2013

E lá se vai, mais um dia, mais um verão ...



        Acabo de chegar de uma caminha vespertina. Era para ser um domingo qualquer, fazendo coisas a esmo, tentando não ver apenas códigos e artigos na minha frente. Dia de sol, dia de chuva. Claro estava: o verão estava indo, dando passagem ao outono romântico e fresco.
         Em meio a passos e músicas, o sol se pôs. Diferente como os outros crepúsculos que eu presenciava ao sair do trabalho por poucos minutos que seja. Em menos de 05 minutos, era noite e pingos começavam a se iluminar ao cair em reflexo a luz exacerbada dos postes pelo caminho. Comecei a viver dias em minutos apenas ao sentir aquela sensação de brisa amena, nostalgia, romantismo, memórias, sentimentos (idôneos ou não) e pés fora do chão ...
         Há um ano atrás, eu acreditava estar vivendo um conto que não se sabe ao certo se teria o juntos para sempre ou se terminaria como aqueles filmes que perguntamos “ – Então esse é o final? Que enlatado!”. Ele era apenas uma história sendo contada e engendrada, sem precisar de uma moral ou palavras bonitas ao final. História de pessoas, vivências, conhecimento, dramaturgia, jogos amorosos, que antes eram ouvidos como contos consuetudinário e que naquele momento, tudo era real e você é o protagonista da história.
         Fico imaginando que o meu maior medo não seja de gente morta, perder quem se ama, fantasmas ou ficar doente. Eu tenho medo da minha própria memória. Não sei se todos são assim, mas eu sou daquele tipo raro que antes pensava possuir memória seletiva e que agora descobre que possui uma grande facilidade de reencontrar e viver seu acervo de vida em minutos, trazendo consigo tudo que estava ao redor da cena à lume mais uma vez. É como se fosse um amálgama de “start”, “stop”, “repeat”, “back”, “next” em frações de segundos sensoriais.
         Vivi todo o meu ano em flashbacks que iam de sorrisos a olhos úmidos em metros de bairros caminhados. Caminhando, a cada esquina, um resquício de uma passagem bem vivida. Eu acredito hoje que gostamos de guardar mais as coisas boas do que quando estamos a sofrer, engolidos pela escuridão de nossos medos e angústias. Deve ser poque bem no âmago de nossa auto-estima esteja arraigado a assertiva que todo mundo passa por isso e que há males que vem para o bem, como já ouvimos muitas vezes por aí. A vida é como a sorte. Quando pensamos que estamos com uma nuvem negra na cabeça, esquecemos de olhar que nada parou e pode estar acontecendo o que você mais precisava naquele momento. Eu tive sorte no ano que passou, mesmo pensando estar ensopado por causa da escura nuvém quando tudo acabou.
         A chuva começou sua cena mais bruta e aquilo foi uma lavagem para uma alma. Carros passando, roupas molhando, a estranha sensação de insegurança que se sente, o desejo de se molhar e se libertar, o sorriso do rosto a cada despertar de um momento. Milhões de pessoas passam por nós, ainda mais quando estamos tristes e depois se vão. Essas pessoas podem ser os antigos amigos, os antigos amores, os novos colegas que se tornarão melhores amigos com o tempo, amantes que nos fazem esquecer a realidade e nos ajudam a dar o pequeno passo rumo ao estágio de não sentir mais o que estamos acostumados a sentir cada vez que acordamos de uma noite onde fomos atormentados por pesadelos e lembranças que nunca saberemos o porquê de tanto tormento.
         Impressionante como nada se encaixa no que foi um dia. O ventilador barulhento substituído pelo ar condicionado, os móveis do quarto trocados, a televisão de 40” instalada devidamente. Nada é como aquele antigo quarto em que eu dormia em março passado, assim como eu não sou tudo aquilo que fui, me transformando a passos pequenos em como eu quis ser. A faculdade esta se aproximando da metade, sou membro da comissão de formatura, o estágio está a cada dia me surpreendendo ainda mais, as audiências começaram e as roupas começaram a se ajustar como ternos, gravatas e sapatos. A pilha dos livros não param de crescer, assim como a minha fome de estudos e a chegar ao corpo perfeito. Uma vida nova sendo construída em cima de velhas lembranças. O novo sob o velho, o velho moldando o novo.
         As águas de março mais uma vez estão fechando o verão e eu continuo a acreditar que coisas boas estão por vir. Tudo acontece no outono de nossas vidas. O ano começou indubitavelmente, as primeiras provas estão a se iniciar, o que se deseja para que tudo seja diferente no ano já deve estar bem fixado e deixado uma pequena janela aberta ao acaso e destino. Não sei bem a causa disso tudo acontecer e nem pretendo saber. Não quero perder a magia que ainda acredito existir nessa estação. Só sei que sempre haverá fatos que poderão ser descobertos, redescobertos, em meio aos nossos maiores desejos de dias melhores. Assim, o outono se inicia no meio da semana que esta por vir ... Azul, café fresco, perfume bom e um coração aberto a novas alegrias que estão para chegar - muito bem recepcionadas.  


domingo, 27 de janeiro de 2013

"Santa Maria, Rio Grande do Sul em 27 de Janeiro de 2013: a batalha dos 245 em meio às chamas de um inconseqüente.

Não tem como se vincular, hoje, em uma rede social, televisão, rádio e não se deparar com a terrível notícia em nossa região sulista de nosso Brasil. Em meio a madrugada, pelas 02h da manhã, pais dormindo tranquilos ou preocupados, enquanto seus jovens, de 18 a 22 anos em sua maioria, são mortos queimados, pisoteados, asfixiados por um incêndio em uma boate em RS. O motivo ainda não é corroborado veementemente, mas tudo indica que foi provocado por um integrante da banda que se apresentava no local ao ascender um sinalizador e que este, por sua vez, acabou atingindo o teto junto com a acústica revestida do local. O que leva uma pessoa a fazer isso? Festa, diversão, efeitos abalados por bebidas ou narcóticos? Se nem cigarros podem ser acesos em locais fechados, quanto mais um sinalizador! Começou toda a multidão procurando a saída, porém esses jovens se esqueceram de se aludir que havia apenas uma única porta de saída, a qual estava trancada. O refúgio foi os banheiros onde pensavam que encontrariam a luz da rua. Encontraram foi a luz no fim do túnel mesmo. Com toda a confusão, a gritaria, na porta principal encontraram seguranças, formados em barreiras, impedindo suas saídas. Queriam a comanda PAGA para a liberação! Eu lhes pergunto ... São seres humanos esses seguranças? Queriam, naquele momento, mostrar seus serviços e funções que uma mera relação contratual os incubiu? O príncipo a vida foi, infelizmente, mitigado pelo princípio a ganância numérica de uma relação de consumo! Os poucos que conseguiram sair, pediram socorro e foram ao mesmo tempo heróis e sobreviventes. Bombeiros e pessoas comuns, unidos, para resgatar quem poderia sobreviver a tragédia sem tamanho. Muitas pessoas estavam junto a porta principal, mortas, e outras quase morrendo por toda a boate. Uma verdadeira prova de fogo contra o tempo. 245 mortes até agora, uma multidão para o reconhecimento cadavérico, junto a choros e indignações. Ainda não há inquéritos abertos e muito menos processos, mas a indignação em corações de muitos ganham poder a cada lágrima que vemos. Não sou jornalista, muito menos um detetive, mas espero que o dono da boate tenha o mínimo de dignidade em se responsabilizar, que os seguranças contratados sofram de remorso em suas celas junto ao seu tratamento psiquiátrico para saber lidar com a sua falta de humanidade e que Deus possa confortar as famílias de cada pessoa que estava ali por diversão. Cumprindo seu papel de ser jovem e que não tinham a mínima intenção de ter a sua vela da vida apagada por uma chama ainda maior! Meus sinceros pêsames e conforto aos corações que ainda batem por aqueles que se foram." (Arthur Kaiser)


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Uma matéria diária sobre uma vida, uma pauta sobre o coração.



                De acordo com que tudo que já vivi, irei te eternizar em um texto. Findadas todas as conversas, as verdades dolorosas de se viver daqui pra frente, o que restou de uma rotina de um pseudo grande relacionamento. Prefiro não mais me quedar em ilusão, venho aprendendo que a realidade tem o seu valor quando não encontramos uma saída pelo coração e seu grande rio de sentimentos, os melhores que há em mim.
      Conheci você não por acaso, mas por acaso acabou sendo. Era dias de tristeza, escuridão plena, um fim de relacionamento. Dois corações quebrados e pisoteados, dois seres que se uniram pela troca de carinho e ajuda sentimental. Como não se encantar pelo seu rosto delicado, o seu sorriso tímido, os seus olhos pequenos e expressivos, seu cabelo macio que era lavado com xampu para crianças e que eu adorava tocá-lo, sua pele mais branca que os flocos de neve de uma noite de nevasca? Passava os dias, hora me lamentando por ter perdido quem eu amava, hora olhando suas fotos e o que você escrevia. Trocamos mensagens, necessitávamos um do outro de alguma maneira. Como para ter o sorriso singular, único que sempre esperamos ter para o dia nascer e dormir feliz, mesmo que ele viesse em linhas distantes, porém com mais presença do que palavras que escutamos todos os dias de pessoas comuns. Foi crescendo isso tudo e a vontade era maior do que qualquer distancia, do que qualquer medo.
      Ouvir você dizer que dormiu vendo minhas fotos, porque te acalmava, olhar as suas mensagens sempre tão carinhosas e famigeradas por uma resposta para sentir a minha presença, sentir que eu afastava a escuridão do seu choro e tristeza, quando você fora enganada pela mais víbora das espécies, um ser humano sem amor e incapaz de amar. Eu me encantava a cada dia, eu precisava daquilo, mesmo que nada parecia verdade. Era verdade para mim, oras. Fazia-me bem, me mudava, me fez esquecer o sofrimento que eu devia passar por deixar ir quem eu amava.
       Rezo e agradeço a humanidade pela tecnologia fornecida. Se não fosse o celular, estávamos nas cartas até hoje, mesmo que isso nem tenha chegado a acontecer. Pego-me pensando como passávamos horas ao telefone até o dia amanhecer. Esperava você chegar do trabalho, editar o material, e ficava aguardando a hora que o celular ia tocar. Como um adolescente, que gosta de uma pessoa e esta nem imagina da existência desse sentimento tão belo. Trocamos confidências, lendas de família, como vivíamos, o que nos aproximava, o que nos fazíamos pensar como éramos tão parecidos, o que esperaríamos para o futuro. Trocamos fotos de nosso cotidiano. Como eu me divertia com aquilo. Entrava no seu mundo e caia de para quedas em sua rotina. Tantos bilhetes distantes que queríamos ter ouvido ao pé do ouvido. Tantos telefonemas no meio do trabalho para recordar da nossa presença e quanto um era importante para o outro. Tantos risos e caras de bobo disfarçados infrutiferamente que oferecemos para as pessoas ao nosso redor.
            Confesso que tive medo várias vezes de viver essa nova realidade, mas queria que essa fosse diferente. Não consegui segurar os meus ciúmes, neuras, imediatismo. Você começou a se assustar com a minha ausência por não ter tempo, e eu comecei a ficar com medo de não saber lidar com a enxurrada de sentimentos em mim. Você perguntava se aconteceu alguma coisa, eu me esquivava, mesmo sabendo que você percebia. Um mês depois, nos conhecemos.
            Um sábado tranqüilo, quente, ensolarado. Típico do mês de setembro no Rio de Janeiro. A vontade de nos conhecermos era imensa, o querer saber do toque, os olhares ao vivo e de soslaio, como seria quando nos veríamos pela primeira vez, como reagiríamos na presença do outro. O seu apartamento em obra, fase final, mas uma conquista que irradia de você. Mantas ao chão, travesseiros, TV e uma geladeira farta de coisas que você formidavelmente conseguiu reunir todas de meus desideratos, agrados e mimos. Espero na porta do prédio, aquela pessoa alta me aguardando. O nervosismo, pego o meu melhor remédio, o sorriso. No elevador, luzes se apagam e um beijo. Pronto. Não tinha uma única palavra a ser proferida por mim, a não ser, enfim juntos.
            Fomos comer no restaurante onde você quando criança achava que o couvert era o café-da-manhã e nos entupimos de informações sobre o outro e muita comida. Andamos, fazendo perguntas a nós mesmos sobre agrado, o que fazer, o que dizer. Na hora, em si, não havia isso. Quem falava mesmo era o coração. Espero você voltar pro serviço com vários bilhetes: “está tudo bem aí?”, “fique a vontade! tem comida na geladeira, pode tomar banho, estou chegando.” Conversamos mais e dormimos cansados quando o sol estava amanhecendo, juntos, depois de descobrir o porquê de sermos tão quentes. Acordamos tarde, queríamos ir ao cinema e, assim, fomos. Filme escolhido por mim, ronco por você. Ainda não acredito que você dormiu no cinema, mas foi divertido. Voltando para casa e você perguntando quando eu vou embora, falando de quando eu voltar em outubro depois das minhas provas, se estava tudo bem...
                  A última noite, você me interpelando sobre a vida e o que eu passei, desabafando como um amigo que quer sempre saber para poder ajudar, e eu lá, em meio ao acordar cedo e desejando que aquele momento nunca acabasse. Não me esqueço de como você me olhou fixamente antes de dormir e falou “eu te adoro”. Ao acordar e se despedir, hoje vejo que foi normal, no dia foi um martírio de gente adulta. Voltando pra casa, novas promessas, lendo você me chamar de querido e como eu era especial. Desde então, algo em mim mudou.
            Não sei qual foi a mudança, senti que havia mudado alguma coisa entre nós, o que era pra ser, não foi ou se tornou a ser. Fiquei confuso com aquilo e acabei me transformando no meu pior lado. Deixava de dar notícias, queria sumir, era gelado e frio, exigia atenção, mas não a prestava, sentia ciúmes por bobeira para ouvir depois que as pessoas só querem fazer amizade, um sentimento do que eu, apenas eu, não fosse suficiente para você. Eu sabia de tudo, não era a mesma química.
            Semanas se passaram, tentando concertar o que é torto, usar-se de teoria que a amizade tem que vir primeiro para depois sermos amantes novamente, os vocativos que eram tão lindos se perderam em algum tempo, as fotos foram acabando, a rotina sabida também. O que queríamos a mais? Tentei lutar, avisei várias vezes, mas o que é certo para mim, não é para você. O que eu valorizo, pode não ser a sua primeira opção. O sentimento foi acabando, se tornando um ruído em meio a multidão de nossas dúvidas e falta de iniciativa.
            Descobrir que você se apaixona rápido me fez sentir algo que nunca sentira antes na vida tão fortemente, inveja. Inveja de olhar que você pôde amar uma pessoa que destruiu com a sua vida da maior maneira possível, mas foi incapaz de me amar daquela maneira, que deveria ser. Não digo que te amo, mas o gostar é único, esse gostar. O gostar não deve ser unilateral e nem ter teorias que você julga ter que agarrar em algo para se firmar. Quem gosta, dessa maneira que eu gosto, permite-se logo de primeira e não sabe se esta certo ou não, você sente. Demorou para eu descobri isso, mas a verdade esta lá fora e só precisa ser revelada. Eu descobri, da maneira mais singela e dolorosa disso, aos 20 anos, que não importa o quanto você goste de uma pessoa, você não é capaz de faze-la te amar ou gostar a sua maneira. Isso é a vida, é a química, é o destino, em diminuto ao seu desejo.
            Valorizar um sentimento é a coisa mais importante que devemos aprender nessa fase. Você deve ser o melhor para você mesmo. A ilusão é dona do começo e não do final. O final é a realidade, doce ou amarga ou sem sabor. Eu fiquei com a realidade sem sabor. Vai ser estranho não te ter em meus dias, contar o que esta acontecendo, o que eu vivi ou deixei de viver ao seu lado distante. No momento, ser amigo é uma tortura. O agora exige uma reflexão de tudo e quem sabe ainda um dia não seremos para a vida, para a minha ou sua vida, para a nossa vida.
            O “e se” torna-se o final de vivência de quase 3 meses com uma pessoa. Uma pauta a cada noite, uma notícia a cada momento, dois corações idênticos em meio a imensidão que divide a amizade e o se apaixonar. Fomos de certa forma melhores amigos, com benefícios por algum tempo. Assim, nos tornamos um maravilhoso artigo para se lembrar durante a vida, ou em um café da manhã ou em livros de poema.  

  
              
 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

- 100 dias com ela

       “Eu hoje joguei tanta coisa fora e vi o meu passado passar por mim”. Uma semana depois que tudo acabou. Nenhuma ligação, nenhum ato, nenhum sinal que fizesse sentido aquilo que acho que foi perdido. Tento ser o mais forte que já consegui ser. Falho e vejo que sou mais fraco que pensava. Vejo nossas fotos. Poucas, porém perfeitas. O seu sorriso calmo, os seus olhos que mudam de cor, seu cabelo sempre ajeitado, o jeito que me envolve em seus braços. Aqueles mesmos braços que me envolveram em 4 meses. Onde foi que deixamos os nossos objetivos se desviarem¿ Em que parte do passado acometeu esse futuro de hoje? Impossível ainda não pensar em você.
      Falar do que fomos, em verbos no passado, o meu maior medo concretizado. Fizemos o que fizemos, vivemos e vivemos e acabamos no mesmo lugar que começamos... Separados. Sei que de nada mais vale nosso relacionamento agora. Porém, valeu para mim enquanto foi infinito. Vivi os melhores dias de amor. Passei pelas tormentas da paixão. Dormi no paraíso com você deitada em meu peito. Acordei, por vezes, em dissabores mal humorados matinais. Fizemos da nossa história um conto onde somente nós poderíamos protagonizar o que achávamos melhor. O conto que no roteiro estava para sempre. A vida seguiu e decidimos acabar com a fantasia infantil da paixão e ver que o tudo não foi o bastante para sustentar o nós.
      Não sei como sobrevivi essa semana. Fico feliz que ela tenha passado. A semana do vazio, do sentimento de perda, do recomeçar. Foi estranho acordar sem a sua mensagem de bom dia que fazia meu coração se alegrar a cada manhã e esperava por ela ansiosamente. Não usar mais a nossa aliança e ver que o “eu e você ...” ficou guardado junto com suas cartas na minha gaveta. Perdida como a minha mente ficara. Trabalhar sem ter paciência, apenas vontade de voltar para a cama e não pensar em mais nada. Voltar a ter os velhos hábitos, rever os velhos amigos e parentes que ficaram de fora da rotina quando estávamos juntos, conciliar os velhos planos com o futuro ainda incerto.
      Ainda escuto “Tendo a lua” e canto exatamente como você cantava, daquele jeito engraçado e sorrindo como criança. Indago as pessoas com cara de “que? hem hem?”, pergunto se “quer não?” ou uso verbosidades e jargões. Aprendi suas falas, seu jeito, o que você costuma fazer. Nunca aprendi, pelo visto, a lidar com você. Procurei achar o seu manual e acabei vendo que quem precisava de um era eu. Ando de carro e lembro que sempre eu andava com a mão na sua perna. Quando você podia eu recebia um carinho nela. Lembro do "Titanic" e a sua primeira recomendação ao lavador para não apagar o meu nome no vidro. Da primeira vez que fizemos amor e do medo do dia seguinte. De quando viajamos e das inúmeras vezes que saímos para comer alguma coisa.
      Engraçado como só penso nas coisas boas. Sei que enfeitamos muito nossa relação. Tentamos deixar muita coisa debaixo dos panos para não magoar um ao outro. Alguém puxou o tapete e um dia acordamos com a poeira debaixo de nossas mãos entrelaçadas. Pisávamos em ovos, mudamos nossa personalidade, abrimos mão de coisas que não deixaríamos para trás. O eu e o você foi se transformando em atores de novela e não a realidade. Um dia você me falou que não queria mostrar meus defeitos para que não perdêssemos essa fantasia toda. Hoje, eu entendo isso. Deixamos que nossos defeitos, medos, frustrações e inseguranças tomassem conta de nosso cotidiano. O cotidiano que, um dia pensei, poderia ser de rotina, tendo um ao outro para estar quando o dia terminar.
      Mesmo sabendo que nosso namoro tinha prazo de validade, decidimos vivê-lo até a última gota ser sorvida. Não brigamos, não discutimos ou deixamos palavras horríveis vir a lume. Apenas vimos e fim e nos calamos. Como em um filme onde o final é completo, não terá uma regravação e foi de inteiro perfeito. Hoje começa aquele tempo que você pediu. O tempo do nosso tempo.
      “E lendo teus bilhetes, eu lembro do que fiz. Querendo ver o mais distante sem saber voar.” Eu vou guardar e lembrar cada palavra, cada gesto, cada “eu te amo” seu dito. Não é porque acabou que não deu certo. Deu certo sim, enquanto durou. Sinto sua falta ainda, revejo suas fotos e revivo nossos momentos em momentos que me pego olhando para o nada e sorrindo. Levanto a cabeça, suspiro e vou viver. Você sempre será a parte mais importante de mim e o que há de mais puro. O meu sorriso de recordação. Se algum dia alguém me perguntar se eu sinto saudade de algo, certamente direi que sinto saudade da saudade que eu sentia por você enquanto estávamos juntos, do amor juvenil e sem fronteiras que jorrava em meu corpo, do sorriso de uma criança, do dia que vimos a estrela cadente e o meu pedido feito, do melhor abraçado do mundo, do “eu te amo e sinto saudades suas, meu menino”, enfim, dos cem melhores dias da minha vida.      

“Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua merecia a visita não de militares, mas de bailarinos e de você e eu.” 


terça-feira, 26 de junho de 2012

Future: Keep calm and be strong


       Estranho pensar como a vida nos bota para pensar. Não só pensar, que de nada vale sem a reflexão, mas pensar em um futuro incerto e totalmente improvável. Quem muito gosta de ser quem guia, nessas situações é obrigado a ser guiado. Não tem quem nunca tenha pensado e imaginado um futuro com palavras boas, gente especial e sorriso no rosto. Também não há maneiras de se esquivar, afinal, o único engendrador dele é você mesmo. Tudo o que eu queria, hoje, era não pensar nele.
      Não pensar em todas as armadilhas que o destino prega. Em dias de sol podem ser boas, em dias de tormentas se tornam o raio que te aparta de você mesmo. Vivo nessa inconstância troca de dissabores e alegrias diários. Uma hora a gente aprende que quando falamos, por pior que seja aquilo, não falamos ao vento. Podemos pedir um tempo a uma pessoa e desistir. De repente, vem aquela mão que horas de afagaram em desculpas e te impulsiona a pensar no tempo que você precisa para decidir o que realmente quer e o que se encontra em seu coração. Lembro que quando adolescente, minha avó sempre dizia que temos que ter muito cuidado com o que falamos. Os anjos podem dizer amém. E foi exatamente isso que aconteceu comigo e com pessoas que ainda não pararam para perceber. Tivemos as nossas palavras transformadas em circunstâncias. O poder do pensamento em consonância com a realidade.
       De conselhos para pensar menos, estou cheio deles em meus livros e rabiscos. Mas do que adianta tentar não pensar quando tudo o que me resta é exatamente isso? Pensar no que eu deveria pensar, ser o que eu desejo ser, agir por conta do pensar, silenciar para falar. Deste último é o hábito que mais uso hodiernamente. No passado já falei de mais o que eu não queria, machuquei muita gente com isso e me arrependi depois. Da filosofia do amar é não precisar pedir perdão, eu carrego aquela que temos que evitar pedir esse mesmo perdão, fazendo de tudo, mesmo que isso seja inevitável em momentos, para não ter que pedi-lo. Fiscalizar nossos próprios atos em virtude do bem-estar do outro. Silencio, fico apático, pego um tênis de corrida e desanuvio. Agir sem pensar é algo que não quero agir.
      Ser leve quando tudo que te rodeia parece pesado. Pensar que poderia ter sido pior e que a outra pessoa tem o direito de pensar diferente de você e que você não pode se contrapor à isso. Um sorriso no rosto é mais fácil de justificar que uma “cara amarrada”. “Engolir” certas atitudes, passar por cima, perdoar, não trazer a lume aquilo que não vai acrescentar em nada também são atitudes que hoje me influenciam. Nada se compara a dificuldade de ter que ser leve. A vida já possui muitos problemas para termos que criar os nossos próprios e ter a audácia de conviver com eles. O menos também pode ser o mais, tanto na dor como no amor.
      Todos dizem que amar é muito fácil e o difícil é esquecer. Para mim, se amar fosse fácil, ele se chamaria miojo e não amor. Este é para ser vivido para quem esta realmente disposto a viver, mesmo que a vida lhe traga medos que te fazem pensar em desistir. Desistir, sem ao menos tentar, é ser menos demais para uma pessoa que sempre tentou ser o mais das situações. Com muitas coisas acontecendo no presente, esquecemos de deixar o futuro subsidiário e por horas damos mais ênfase ao passado. Eu era muito agarrado no passado das pessoas. Nunca ganhei nada de bom com isso, apenas desconfiança, segredos e dores de cabeça fortes. Por ser assim, nunca reparei o quanto estava perdendo em me preocupar com coisas que não podem ser esquecidas, mudadas e refeitas. Não serei em hipócrita em dizer que sempre será um caminho de flores, uma tarde de domingo agradável ou um jantar romântico. Outras coisas bem piores estão escondidas em aceitar ir de encontro a essa felicidade. Só posso garantir que na vida chegará o momento que exigirá o seu mais alto ápice de força e você terá que passar no teste, sob pena de nulidade de muitas coisas boas em troca e de seu amor.
      De coragem a vida profissional também pedirá. Arrependo-me de não ter tido a maturidade suficiente decisiva de uma faculdade anos atrás. Um ano e meio de ócio talvez seja o preço que pago hoje. Corro atrás de todo o prejuízo com uma fome insaciável. Ter ânimo, calma e bom humor também faz sua vida crescer, ainda mais profissionalmente. Agarramos na esperança da recompensa disso tudo e esperamos.
      Por mais que a vida não seja fácil, crescer a faz parecer mais leve. Pensar em coisas boas e mudar. Tentar outra vez se não conseguir. Errar e pedir perdão. Mimar e amar até a outra pessoa não ter palavras e sorrir por isso. Ser forte e calmo quando tudo que você queria é fugir. Futuro, maturidade, crescimento, conhecimento, amor, vida espiritual, podem até possuir significados opostos, mas suas naturezas não se tornam tão distintas se pensarmos assim.