quinta-feira, 10 de março de 2011

Busco.


Busco o conhecimento, busco o desconhecido, busco você. Quero poder fazer poemas como Keats, com o mesmo ardor de um amor que no fim acaba em uma tragédia antiga. Busco querer poder cantar a canção mais linda para que eu não viaje no tempo e poder assim te amar para sempre. Quero o diferente, o estranho, o que me dá medo de arriscar. Estou cansado de mesmice, das mesmas noites ordinárias que cismam em perseguir o meu caminhar. Espero achar o segredo da paisagem que encanta o meu olhar, que me faz caminhar durante a madrugada, apenas para que ninguém me veja. Viajar em um tapete: acordar em Buenos Aires, almoçar sobre as ruinas misteriosas de Machu Picchu e dormir sobre o iluminar rejuvenescedor de minha Paris. Quero ser presença, conversa, carinho. Busco aquilo que poucos já encontraram. O caminhar pela pracinha de uma velha cidade histórica, tomar sorvete em um coreto, deitar-me em uma capina perto de um morro com ventos uivantes para ver a estrela que eu poderei comprar para você. Seguirei pela orla da praia até ter que me perguntar por onde andei a você. Tocarei a última música em um piano clássico, com você sentada ao meu lado, observando a minha inalação de seu nobre perfume amendoado. Pegarei a minha canoa e realizei o seu desejo, o nosso velho trajeto até onde termina o rio. Serei seu o príncipe. Busco um coração que já sofreu, aquele que está partido em pedaços. Serei um arquiteto para reconstruí-lo novamente. Deixe-me que te protejas de todo ensaio sobre a cegueira, da ira encapsulada ou toda compaixão de Caim. Busco a alegria de cantar a resposta das crianças quanto à vida, serei pai se quiseres. Busco poder estar sentado em minha sacada, com a lua rodeada de estrelas e poder ter a quem pensar novamente. Continuarei a buscar o que, lúcido, ainda não sei o nome. (Arthur Kaiser)
 
 

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