Busco o conhecimento, busco o desconhecido, busco você.
Quero poder fazer poemas como Keats, com o mesmo ardor de um amor que no fim
acaba em uma tragédia antiga. Busco querer poder cantar a canção mais linda para que eu não viaje no
tempo e poder assim te amar para sempre. Quero o diferente, o estranho, o que
me dá medo de arriscar. Estou cansado de mesmice, das mesmas noites ordinárias
que cismam em perseguir o meu caminhar. Espero achar o segredo da paisagem que
encanta o meu olhar, que me faz caminhar durante a madrugada, apenas para que
ninguém me veja. Viajar em um tapete: acordar em Buenos Aires, almoçar sobre as ruinas misteriosas de Machu Picchu e dormir sobre o iluminar rejuvenescedor de minha Paris. Quero ser presença, conversa, carinho. Busco aquilo
que poucos já encontraram. O caminhar pela pracinha de uma velha cidade histórica,
tomar sorvete em um coreto, deitar-me em uma capina perto de um morro com
ventos uivantes para ver a estrela que eu poderei comprar para você. Seguirei
pela orla da praia até ter que me perguntar por onde andei a você. Tocarei a
última música em um piano clássico, com você sentada ao meu lado, observando a
minha inalação de seu nobre perfume amendoado. Pegarei a minha canoa e realizei o seu desejo, o nosso velho trajeto até
onde termina o rio. Serei seu o príncipe. Busco um coração que já sofreu, aquele
que está partido em pedaços. Serei um arquiteto para reconstruí-lo novamente.
Deixe-me que te protejas de todo ensaio sobre a cegueira, da ira encapsulada ou
toda compaixão de Caim. Busco a alegria de cantar a resposta das crianças
quanto à vida, serei pai se quiseres. Busco poder estar sentado em minha
sacada, com a lua rodeada de estrelas e poder ter a quem pensar novamente.
Continuarei a buscar o que, lúcido, ainda não sei o nome. (Arthur Kaiser)

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