Na minha fazenda eu vivo tranqüilo. No quintal ouço pássaros
gorjeando ou cantando verdadeiras melodias que tanto agradam aos meus tampões
auditivos, o vento balança as flores que um dia fora plantadas nessa terra onde
possuem palmeiras e sabiás. Eu não vejo concreto, asfalto ou ilhas de calor.Eu
vejo lama, frente fria, e uma chaleira com água fervendo destinado ao café da
tarde. Não digo que é perfeito, pois estragaria o adjetivo inalcançável que
minha mente procurou achar. A chuva cai em meu colchão, molha a tela do
computador, meu cachorro pede carinho. Paciência, calmaria, bolo no forno. A
lama lá fora mostra como a madrugada foi proveitosa, com seu céu cor de laranja
ao horizonte distante pode produzir o orvalho pela manhã, entrando em cada raiz das plantas,
renovando-as e fazendo-as sentirem melhor. O meu colchão não me deixa dormir,
ele não entende porque meus olhos precisam estar fechados enquanto o mundo lá
fora é vivido. A televisão não é ligada o dia inteiro, temos diálogo. A mesa de
baralho ou de sínica são os nossos “happy hours” englobados por um radinho
tocando “o som do barzinho” e suas raríssimas melodias que possuíam letra. Meu
Coração de papel eu entreguei a uma Dona, como Castigo eu tive que dizer Como é
grande é o meu amor por você Quando eu olhei aquela Espanhola de relance
naquela Tarde em Itapuã. A palavra nada é a minha preferida hoje. Não quero
fazer nada, não quero pensar em nada e não pretendo sair daqui para nada. Eu
tenho tudo, a terra me garante isso. Na capela moderna modelo antiga, eu
encontro a minha paz. Eu não sei o que falar, apenas digo o que vêem em minha
cabeça, se não quero que as outras pessoas escutem eu rezo em Inglês. Ao luar,
com estrelas a iluminar, eu conto a minha vida a alguém que não sei o nome.
Reflito o meu passado, cortejo meu presente e traço meu futuro. Desejando
acreditar que tudo que saia de minha boca fosse verdade. Na minha fazenda só
não tem o meu amor, seria pedir demais. Sinto que você é ligado a mim, e sempre
que estou indo volto atrás. Para que ser triste? Eu fico com as resposta das
crianças: a vida é linda, é bonita e é bonita. Se todos pudessem viver cada dia
em uma fazenda, desejariam viver mais, ganhariam o Oscar de suas vida.
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