“Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades
de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que
tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos. Saudades até dos
momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais
de ano, enfim, do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades
continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve
cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento,
segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe, nos e-mails trocados, podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens. Aí os dias
vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo. Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e
perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E isso
vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de
minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de
ligar, ouvir aquelas vozes novamente. Quando o nosso grupo estiver incompleto,
nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos
abraçaremos, faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em
diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua
vidinha isolada do passado e nos perderemos no tempo. Por isso, fica aqui um
pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que
pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades. Eu poderia
suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!” (Vinícius de Moraes)
Sempre me emociono ao ler cada linha desse poema, cada
sentimento nele existente que foi deixado por esse poeta para que quando
pessoas futuras fossem ler, puder enxergar que amizades que nós julgamos ter,
atravessam a eternidade e se junta ao eterno, ao eterno dom de um tipo de amor.
Na minha infância tive poucos amigos, pois não era uma pessoa tão fácil de
agradar, sempre fui muito exigente quanto a tudo. Os amigos que eu tinha foram
“de bairro”, apenas nos arredores da escola primária. Ao chegar de mudança para
Angra (aos cinco anos de idade), eu era um pouco excluído, os poucos colegas
que eu tinha era porque já eram da “família”. Podes achar estranho, mas meus
amigos foram meu quarto, meus livros e minha psicóloga, Érica – ainda lembro o
seu nome, a pessoa quem eu pude contar como era viver uma vida infeliz. Se não
tive infância? Não. Eu não sei soltar pipa, jogar vídeo game direito, jogar
futebol, entre outras coisas que você aprende nesse período. Tudo muda quando
volto para morar em minha cidade natal, eu cheguei como o “playboyzim”. Meus avós sempre tiveram uma boa condição
financeira, os carros do ano, casas e mais casas. Eu não tinha amizade, eu era
um investimento. Raras exceções salvaram-se, pois o tempo fez seu papel de
selecionar. Eu era um iludido. Ensino médio: época que muda tudo em sua vida
antes dos 18 anos. Você descobre que tem pessoas melhores que você, mais
bonitas, mais espertas, mais nerd e muito mais sociável. Por que? Porque a vida
é assim, seleção natural, egoísmo pessoal. Tenho amizade que começou na 8ª
série e está até hoje, tenho outras que não duraram nem um mês. Fácil você
conviver com as qualidades dos outros, a alegria que o outro transmite, o que
ele pode te proporcionar. Tente conviver com os defeitos, com o que o outro tem
de pior, o lado mais maléfico e egoísta que a pessoa pode chegar em seu auge e
mesmo assim estar ali para dizer com toda a sinceridade: “ – Você tem um
amigo!” É complicado pois a falsidade reina no meio dos adolescentes, em todas
as relações. Quem nunca contou uma “mentirinha” para salvar um amigo? Para
fazer a sua vontade e não dele? Barracos, brigas, ofensas. Quando o colégio
acaba, acaba parte da imaturidade. Você enxerga as burradas feitas, as flechas
lançadas a quem não devia, as palavras ditas em momentos que não deveriam ter nem
existido. Só depois desse tempo você vê o que uma amizade é realmente e como
lidar com cada pessoa, se você estiver disposto a isso. Vivemos momentos,
realizamos sonhos juntos, almoçamos, saímos juntos. Você vai dormir pensando em
dias melhores e esperando que eles fiquem com você para o resto dos tempos.
“- Alguém já quis alguém para sempre?” Eu já quis. O mundo gira e não sabe parar,
aproveitei cada pedaço dos meus amigos no ano que passou. Ontem realizamos
nossa eventual social, para podermos dizer: “– Tudo de melhor em tudo que
fizeres. Siga bem na faculdade ou nos cursinhos da vida. Podemos nos encontrar
nos feriados e férias, né?” Mesmo falando isso tudo, sabemos que a rotina que
faz os relacionamentos durarem vai se perder, o afeto não sobrevive a grandes
estradas. As manhãs falando sobre problemas familiares, sexo, namoros,
problemas, aulas chatas, conhecimentos trocados, tudo isso irei guardar em um
pedaço de mim que servirá como exemplo aos meus amigos futuros e a meus filhos. Minha
primavera, meu outono, meu inverno e meu verão foram juntos com vocês, mas na
minha vida, será como sempre foi, para sempre. Não suportaria deixar que o
tempo, assim como o mar, leve o que já foi, aliás, nada disso foi, ele sempre
será. Amizade, laços entrelaçados perfeitamente ao decorrer da vida.
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