sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ritos fúnebres de uma alma eterna.


“De que servirá ter os olhos límpidos e belos, como estes são, se não há ninguém para vê-los. Contentar-se com o que se vai tendo é o mais natural quando se está cego. A morte anda pelas ruas, mas nos quintais a vida não acabou.” ( Ensaio sobre a cegueira – José Saramago)

Pai, Daddy, Babbo,
Já passam das 3 da tarde, historicamente e metaforicamente, sua morte já se realizara. Todo ano, nesta mesma data, a Terra fica em silêncio. Sentimos sua dor (ou tentamos imaginar uma pequena fração da mesma) e nos arrependemos por sermos tão chulos e pequenos pecadores perante o seu ato. Desculpe-me. Eu estou ausente, sigo às vezes o caminho errado, não sei rezas milagrosas ou transformadoras. À noite, tento te encontrar. O meu pedido de clemência por uma noite sem insônia vira repetitivo, eu sei. Proteção e paciência eu não me esqueço de recordar-te. Será que realmente mereço? Fazer, concluir, arrepender-se, tentar mudar. Na bíblia estão os ensinamentos. Sou muito apreensivo, eu prefiro os atos. Mas como realizá-los sem saber como fazer? Contraditório, concordo. Hoje, esperei pela chuva que sempre cai nas sextas feiras da paixão. O sol nas montanhas pela minha janela fez-me crer que os tempos mudaram. O que aconteceu? Tudo muda. Tem horas que a minha única saída é conversar com você. Sinto-me como um adolescente que marca uma hora com um amigo para caminhar na praia e falar, apenas falar, sobre o que vier na cabeça, sentir a sensação que realmente tenha que sentir, escutar um ao outro apenas por ser amigo. Olhar em seus belos olhos amigáveis, mas cego estava e não conseguia sentir sua presença. Eu tomei outros rumos, tentando esconder-me debaixo do edredom como uma brincadeira de “esconde-esconde” para você não me culpar. Eu havia perdido o último ônibus da esperança que estava em minha cidade solitária. Naquela noite, em Angra, sentindo frio e medo, eu roguei por misericórdia. Eu te encontrei novamente. Como uma criança engatinhando a passos lentos, estou-me em seu caminho. Tentando entender o porquê de coisas indecifráveis, o porquê de ter nascido assim. Cada um a sua maneira, cada um com o seu jeito. Eu pularia essa sexta que temos que recordar a sua dor, porém sem ela, não teríamos o domingo rejubilado para celebrar sua ressurreição. Não apenas ressurgir como ato de aparecer de novo, mas sim o ato de nascer de novo no coração de cada um que acredita em pelo menos algumas palavras suas. Perdão por ser assim. Peço-lhe perdão para aqueles também que não te encontraram, sei que um dia farão isso. Se não for pedir muito, não me abandone jamais. Amo-te desde antes de nascer, meu pai.

         

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Macaé: Calçadão, Picanha e Boliche.


"Existem momentos na vida que é necessário excluir pessoas, apagar lembranças, jogar fora o que machuca, abandonar o que nos faz mal. Espere sempre o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier. Ouse, arrisque, não desista jamais e saiba valorizar quem te ama, pois, esses sim, merecem sua atenção e respeito. Quanto ao resto, bom, ninguém nunca precisou de restos para ser feliz."

Já é uma hora da manhã, todos aos seus aposentos, eu acabo de regressar-me de uma caminhada inesperada ao longo da orla. Não consigo dormir, acho inexplicável a necessidade de dormir em um lugar onde se tem um mar para tocar seus pés e uma lua cheia a iluminar seus pensamentos. Minhas pernas latejam. Overdose de exercício físico, emoções fortes e alegria. De duas semanas para cá, em minhas orações diárias e muitas das vezes inaudíveis eu venho pedindo por paciência.  Paciência para ouvir, paciência para falar, paciência comigo mesmo. Mesmo com todo tempo estudando e pela primeira vez na vida tendo gosto em praticar essa rotina, eu perco o dom de ter calma. Essa viagem a Macaé era o que o destino e o meu Pai reservaram para mim. Sabe o livre-arbítrio? Aqui em Cavaleiros eu o tenho. O ter não significa que terei para sempre nem que saberei usá-lo da maneira correta na hora exigente. Já se passaram dois dias. O calçadão com seu calor matinal escaldante, o mergulho na água fria azulada límpida que se encontra a 30 segundos de meu portão, o reconhecimento que tenho tudo que uma pessoa sonharia em ter e talvez não dê valor a isso. A “Picanha do Zé” foi degustada a cada fatia de conversas sobre corrida e vidas recorrentes. O caminhar da noite escutando “Fuckin’ Perfect - Pink” totalmente ratificado por “Far Away – Nickelback” deixando passos de um jovem que não se considera mais um adolescente e sim uma pessoa que já esta entrando na fase adulta, tendo em mente o que pretende fazer de sua vida nos próximos anos. Hoje rolou um boliche em Rio das Ostras. Ao mesmo tempo em que tentava acertar algum “strike”, eu tentava não fazer a bola voar para outra direção. Hoje eu acredito em sorte de principiante. Essa foi a minha segunda vez e não deu muito certo toda a parada. Voltando para casa uma afirmação fez-me analisar toda a noite: “- Quando estávamos jogando boliche, eu não pensava em nada. Eu queria vencer, como todo ser humano com espírito esportivo. Mas eu estava ali, só ali. Não pensava em nada, nada.” Realmente, nós fugimos de toda a realidade, mas esse feriado prolongado também está sendo surreal. Hoje será o meu último dia em Macaé. A nostalgia já bate, vontade de ficar mais. Um dia após o outro, viverei esse dia como se realmente fosse o último, dos meus dias. Macaé, dai-me o seu melhor, gata garota!  "Vem ne mim"!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Novo perfil


“Existem pessoas que precisam da ausência para querer a presença. Às vezes você tem que esquecer o que você quer, para começar a entender o que você merece. A vida não está dando errado pra mim, pelo contrário, a cada dia está apenas mostrando uma pequena parte do que pode acontecer se eu fizer a escolha errada. Já dei muito valor ao que perdi. Chegou a hora de valorizar o que conquistei!"

 
Não faço jus ao que eu ontem era, tanto que nem me reconheço em horas atrás. Quando precisamos de mudança, eu não espero que ela ache-me, eu vou ao seu encontro. Depois de meses tentando descobrir quem eu sou, acho que descobri algumas partes do que eu não sou. Creio que para um começo, como em uma prova de múltipla escolha que em certas questões você tem que ir pelo legendário “unidunitê”, eu estou indo bem. Pegando esse mesmo raciocínio, eu tive que decidir o que eu quero e o que eu não quero mais em minha vida. Infelizmente, achei essa alternativa muito juvenil e pouco adequada para sinalizar um passo adiante. Decidi por aquilo que eu mereço e ao qual já conquistei. Não preciso achar “novos amores”. Mesmo executando a filosofia do: “no time, no love, no out of focus”, eu decidi que não encontrarei quem eu estiver procurando se continuar dessa maneira. Deixarei que a pessoa me ache. Enquanto isso eu regarei meu jardim, cuidarei dele como um amor de mãe resguarda um filho e deixarei que algumas restritas borboletas ou pássaros amigos possam voar para seu maior encanto matinal. Não mudarei meu caráter, no entanto “things chance, people change” eu terei que aprimorar-me ainda mais. Não desejos pessoas que me fazem bocejar ou criar noites de tormenta em minha vida participar usando o seu livre arbítrio. Não é egoísmo genuíno, é apenas censo catedrático. Acrescente-me com o que você tem de melhor que eu mostrarei o melhor que há em mim. Sentirei saudade de algumas coisas, porém sofro as conseqüências por viver uma vida ao qual eu nem sequer sabia a 19 anos atrás. Eu vou chorar, eu vou sorrir, eu vou falar o que eu sinto. Se a sociedade desgostar ou eu não seguir o modelo como as pessoas agem umas com a outras, na boa, foda-se! Eu conquistei inúmeras coisas, está na hora de alimentar as plantas vívidas e de tonalidades brilhantes verdejantes que eu tenho e não olhar o que há de melhor no jardim do vizinho. As pedras que me atiram eu vou recolhê-las e colocá-las em minha carteira para saber o quanto forte é o poder das pessoas sobre mim. O mau que eu atraio será simplesmente fruto da minha total cativação nula. O sorriso que cativo sendo o melhor ator que eu posso ser estará estampado em meu rosto. O menino ciumento e possessivo que apenas quis um dia viver em um mundo ao qual as pessoas namoravam para querer estar do lado de outra pessoa unicamente e exclusivamente, que havia conversas entre ambos e que respeito e cuidado eram primordiais desde o primeiro toque de amor irá continuar a existir dentro de alguma parte de meu corpo. Serei tudo que eu quiser ser, no momento que melhor agradar-me para ter de volta ou encontrar pela primeira vez em minha vida aquele Arthur que não tem nem nome e que se encontra em mim, apenas. (Arthur Kaiser)     


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Por que não podia ser assim?


"Quanto mais eu conheço as pessoas, mais gosto dos meus livros. Prefiro o que me faz crescer a aquelas pessoas que só aborrecem-me profundamente. Espero que tudo isso seja um jogo ao qual eu possa encontrar a última casa: o Céu!" (Arthur Kaiser)

Eu sou do tempo que o amor podia existir. Castelos não existiam, existiam camas a serem divididas. Prefiro presença a ausência. Não entendo o porquê de você não ser correspondido, a dúvida de uma traição, o medo de você realmente amou ou foi apenas uma cisma. O calor do Sol está nos consumindo, por que não deixar esse calor delirar-se ao redor de nossos corpos, juntos? Não fui feito para a traição, não tem esse tópico no meu manual de instrução. Por que não ser apenas de uma só pessoa? É orgulho ferido ou trauma futuro? Tentar ser confiante todos os dias é quase uma lição escolar diária. A ligação não respondida podia ser aquela ligação de madrugada que vocês iriam rir e perdoa-se a si mesmo, pois tudo que fazemos por aquilo ou quem amamos não devem ter desculpa, pois foram feitas usando a consciência genuína de nossos corações. Eu sei, é um sonho. Autismo ou sonhador, louco ou irreal, amor e raiva, lembranças de ruas transversais? Aquelas que você tem que passar pela ponta de uma para cruzar a outra inevitavelmente. Exigências ou possessividade? Estar totalmente maluco ou mentalmente apaixonado? Eu tento entender agora como são os pensamentos das pessoas que não conseguem entender o que eu também não entendo. Espero que o sexo não seja tudo para todos. O que adianta gozar de uma noite sem ter realmente aquela pessoa totalmente? O mundo ideal não existe, mas sempre tentamos ser o melhor para conseguir apenas tocar a areia desse paraíso. Eu não irei mudar meu jeito, eu chorarei a cada vontade de chorar, irei rir a cada gesto iluminado de meu coração, irei me apaixonar por otárias e sem coração. Já que o certo e o imperfeito tudo se completa de algum jeito.     

     

domingo, 3 de abril de 2011

Da Infância até a adolescência.


   Quando criança, assim que nossa lucidez humana deu seus primeiros passos, tínhamos tempo para tudo. Não tudo que queríamos, porém tudo que nossos pais queriam. Às vezes, nosso mimo ou nossa desdenha em certos momentos transformaram a nossa personalidade, que já estava sendo formada, ficar mais pesada, pois carregamos certos traumas e medos até a nossa adolescência ou até a nossa morte, caso não tratados. Aos nossos olhos, brincar, ir para rua jogar queimada ou futebol, pegar onda na praia, jogar “tazo” ou ver se o “tamagotchi” estava precisando de comida ou bebida eram as coisas mais divertidas se comparadas com os deveres de casa que éramos obrigados a fazer pelos nossos professores e pais.
    Não tínhamos noção do valor do dinheiro. Cinco reais eram gastos em balas “bolete” ou com o picolé “abracadabra” que pintava a língua. Nossos pais realizavam- se na gente. Mães querendo que sua filha bonequinha fizesse balé, para que um dia a mesma dançasse “Lago dos Cisnes” ou “O quebra- nozes”. Pais querendo que seus filhos jogassem futebol ou virassem um Marlin dentro de uma piscina, para que assim, poderem torna-se aquele filho “orgulho da família”.
    Crescemos e com a nossa saída da infância e seus encantos, entramos para a pré adolescência. A beleza como grau de comparação, o melhor da turma, o bagunceiro, o status financeiro, a inveja, as brigas, os palavrões mais indelicados e de baixo calão, os primeiros beijos. Íamos para a escola, não mais porque éramos obrigados, mas sim, porque queríamos sair de casa para não ficar aturando o irmão pequeno ou a mãe neurótica por limpeza. Criamos um amigo imaginário e imaginamos ser uma pessoa que queremos nos tornar. Alienação da mídia, ilusão do perfeito, espinhas. As roupas de marca eram essenciais, quem não as tivesse, estava fora do grupinho. A turma do bolinha era uma coisa do tipo: ou você faz parte, ou você não faz, agüente as conseqüências, proteja-se como puder e como melhor convêm. Tentamos nos tornar donos do nosso próprio nariz, briga com a família, choro, trauma, isolamento, ausência dos pais. Começamos a nos sentir mais sozinhos, mesmo rodeados por pessoas ao nosso lado.
    Talvez aconteça uma troca de colégio. A mudança da velha vida. Novos amigos, novos professores, tudo é um novo processo que você precisa ser necessariamente e indiscutivelmente o melhor, caso você não queria ser excluído. Se você tirar nota baixa, você é maneiro e descolado, caso tire nota alta e é elogiado pelo professor, você é o nerd da turma e sempre estará alguém em sua sombra e até mesmo em sua mente, se for possível. Não fugimos do primeiro amor. Do primeiro beijo de cinema atrás do ginásio de esportes. Do primeiro sentimento de fazer a coisa “mal feita” e escondida de nossos pais. A panelinha organizada por escalões começa a se formar. Você não pode agradar a todos. A rua continua sendo a sua melhor amiga, desde que vá bem em seus estudos. Aprendemos a “colar”, os professores quase enlouquecem, somos os lobos em pele de cordeiro. Aprendemos como passar a perna, a pintar a escola, quebrar a luz do teto, ser famoso ou não ser famoso. Temos duas vidas, a que passamos estudando na escola e da de dentro de casa. A internet é a nossa melhor amiga, as conversas familiares se extinguem dando lugar a televisão ou ao computador.
    Todos os pré adolescentes deviam ter um psicólogo em seu celular de última geração, dado por seus pais acéfalos. Não queremos dinheiro, queremos atenção e carinho. Queremos conversas e não broncas. Queremos ouvir que iremos viajar juntos e não sobre o que deixamos de fazer ou o que deveríamos fazer para ser uma grande pessoa na vida. Falta de comunicação. Professores se queixando que educação vem de casa, os alunos escrevendo bilhetinhos esculachando a professora e qual será o seu castigo perverso que será imposto a ela.
     Chegando ao ensino médio. Sua vida antiga, que era "horrível", torna-se perfeita, e a “nova” vida é horrorosa. Você estuda e não tem outra opção. Ninguém consegue “colar” em tudo. Aproveite o seu ensino médio ao máximo. Estude no primeiro ano, faça amigos que você carregará como lembranças especiais em seu coração, as aulas serão chatas, mas se você aprendê-las verá que no terceiro ano, vai ficar mais fácil caso você estudou bem no primeiro.
    Namore no segundo ano, aproveite seus amigos, faça programas juntos, vá a shows juntos. Este ano não será tão difícil, descubra seus limites, trabalhe nas férias, aumente o exercício físico para que você possa ver no futuro que se ama mais que qualquer outra pessoa poderá um dia te amar. Viva amores impossível, pois você terá tempo no futuro para revê-los. Comece a olhar seus pais com outros olhos, eles não são apenas dinheiro, eles já tiveram a sua idade, diga “eu te amo” gritando e não se arrependa no outro dia.
     O terceiro ano é tudo novo, de novo. Vestibular, aulas a mais, pais falando em sua cabeça até ela explodir. É hora de auto-descobrimento. Beije aquela pessoa que você nem conhece direito, ela pode ser o amor de sua vida, tire seu medo de transar
   Você chorará vendo as fotos antigas, lendo as cartas que poucas pessoas mandam hoje em dia, verá que perdeu muito tempo com pouca coisa, deixou de ser você mesmo, ou que perdeu aquela pessoa ao qual você casaria em Las Vegas na sua próxima viagem. Simplesmente, não deixe de sorrir, porque a vida adulta começará em breve. As férias estão aí, se acabe nelas porque você não será mais a protegida, você terá que ser seu escudo daqui para frente, a vida como ela realmente é.