Estou parecendo mais alegre? Ah Clóvis, bondade sua. Era
para eu estar com a cara mais deprimida e sépia que uma pessoa podia aparecer
em uma fotografia que poderíamos encontrar em nossa casa de infância. Tem
muitos porquês, porem vem tudo de uma única origem, o passado. Não sei se é
transtorno mental ou comportamental típicos de ser jovem ou se é minha
personalidade sendo retocada durante a rotina da vida, só sei que todo o meu
passado perfeito ou imperfeito eu estou o cavando dia-a-dia. Pode parecer
esquisito falar nesse tom, mas eu quero me afastar de tudo e todos que não
fazem-me bem. Isso é ser egoísta, Clóvis? Devo estar virando aqueles estudiosos
sem vida social, amigos e companheiros. Vida social eu já não tinha direito
(porem nunca fiz questão de tê-la) então não me faz tanta falta. Eu comecei a
fazer uma coisa em minha vida: peneirar. Lembra da imagem na aula de artes de
um agricultar separando o joio do trigo? Na vida parece que temos que aplicar
testes as pessoas. Aplicamos alguma situação ou a vida impõem essa situação, se
essa pessoa fizer o que julgaríamos que ela fizesse ou se ela demonstrar em sua
maneira peculiar e comprovar com isso que esta ao seu lado, ela estará apta a
estar com você. Hoje eu sei o que é não ter tempo para ajudar quem te deixa de
lado facilmente, sei que nem todo sorriso é realmente sorriso e sei que tem
muito lobo em pele de cordeiro. Eu sou assim Clóvis: eu excluo facilmente as
coisas esdrúxulas e inutilizadas, entretanto estou excluindo pessoas também.
Você tem que se valorizar mais ao mesmo tempo em que ajuda o próximo. Não vou
aturar gente me ligando para contar de seus próprios casos amorosos e não dar a
mínima para como esta a minha vida, não vou aturar pessoa que finge querer ser
minha amiga para transar com alguma pessoa que já transei ou beijei, não vou
aturar egoísmo e inveja. Eu não me reconheço a meses atrás. Clóvis, a minha
vida não estava dando errado como eu estava sentindo e compreendendo. A minha
vida estava mostrando em pequenas partes o que poderia um ato isolado que eu
estava cometendo agravar deprimentemente no futuro. A minha vida estava um
museu, estou jogando cada traste fora a cada dia. Ela me deu a oportunidade e
eu agarrei. Dermatologista marcada, auto-escola dando seus primeiros passos,
nutricionista a vista, academia todos os dias. O espelho daquele velho Arthur foi quebrado e
não quero colar seus pedaços, eu quero construir um novo espelho, ou melhor,
quero um vitral, que é muito mais colorido e mais apreciado pelas pessoas. Essa
semana aconteceu um fato que só consegui ver lagrimas e sentimentos pretos. Um
tio faleceu. Não era muito próximo a mim, porém sei que ele era muito amado pelos
seus entes que ficavam mais ao redor. Luto. Um minuto de silencio. Eu fiquei
abatido e comecei a questionar-me sobre a morte. Entre linhas, eu não tenho
medo dela, porque já fiz grandes aventuras que se eu não tivesse sorte e um
anjo da guarda com 1.000 vidas para me proteger eu teria dado de cara com essa noviça
rebelde de roupa preta. Um laço de família para ajudar, palavras no coração que
às vezes são omitidas e que nessas horas dá vontade de gritá-las o mais que
conseguirmos. Eu não dormi naquela noite. Acordei sorrindo. Realmente eu e ela
tivemos grandes papos de barzinho para serem trocados, doravante a esse
acontecimento com o meu tio, ficamos amigos. Por que, Clóvis? Eu tenho mais
medo de não viver do que morrer. A vida continua a ser bela, depois de um
furacão vem um arco-íris. Nem todos os dias serão de tormentas, abri a janela e
fui viver.
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
segunda-feira, 30 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
A Bailarina
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Sentado no Divã.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Carta para uma Bella
Olá, bom dia, já passa de uma da manhã. Como vai você? Não
sei bem por onde começar, porque não sei onde tudo acabou. Não pretendo usar
palavras catedráticas ou regras sintáticas bem colocadas, pois quando nos conhecemos
eu era quase um analfabeto no meio de livros. Nesses dias que passo em casa,
ora estudando ora refletindo, me pego pensando em você e em nossa amizade. Desculpe-me,
não creio em ex amigo. Primeiro encontramos um desconhecido que não “vamos com
a cara” ou o “santo não bate”, não temos nenhuma afinidade aparente ou
internamente sentida. Julgamos que não precisaremos daquela pessoa nunca. Um
momento do destino, uma mudança na ordem das salas, um vinculo ratificado pela
correria do dia a dia. Aquele humilde ser que antes não conseguíamos suportar
torna-se um conhecido e depois de passado algumas provas, figura-se em amigo. A
ajuda na hora precisava, quando você queria segurar o choro, o abraço com o
sorriso matutino mais alegre e antes não visto, o conselho de irmã mais velha
que nunca havia na vida real. Entretanto quando a amizade é tamanha, ela consegue
causar inveja a outros, superar problemas familiares e amorosos juntos,
contentar-se em se divertir apenas você e seu melhor amigo e mesmo assim terem
bons momentos juntos, isso tudo é resumido em uma palavra que não consta
atualmente em um dicionário vendido na papelaria. A amizade entra em um patamar
apoteótico que nem as ondas do mar poderiam apagar todos os momentos vividos
escritos na areia de nossas vidas. Flashes passam-se em minha mente e lagrimas
percorrem meu rosto inchado lavando minha mente que a tanto tempo não tinha
motivos para tal ação. Um recreio, uma divisão de fone de ouvido, “open your
eyes”. Faixas de aniversario que não vi mais nenhum amigo fazer ao outro.
Ligações vespertinas que acordavam-me mas que as vezes intrigava-me quando não
as recebia. O momento que você mais precisou, um fim de namoro. Fico feliz por
eu ter estado ali, compartilhado todo o seu sofrimento, vivido cada drama, cada
palavra não dita ou redita que ao coração eram esdrúxulas e que não serviria
para mudar tudo o que aconteceu antes. Sabemos quando temos um amigo quando ele
nos ajuda sem saber. Com a gente tudo era recíproco. Saíamos como se precisássemos
esbaforir nossa rotina ( grande engano, eu vivia uma vida de ócio e não me
contentava), conversávamos sobre coisas que até duvidamos um dia contar aos
nossos cachorros, conhecemos as famílias. Eu tinha-te como irmã e nunca esse
sentimento mudou para outro qualquer, pois não havia carne, não havia atração,
havia simplesmente almas intermitentes. Eu olhava absorto como você se deu bem
com meus avós tendo até ganhado apelido, isso nunca mais aconteceu, acredita?
Dafine, você é a única exceção. Eu sentia-me honrado por ter sido acolhido por
essa sua família alegre, que todos os dias eram domingo, que as flores sempre
vão florescer e os problemas têm é que se fuder. Chegou a época do frio, o “fondue”
não foi mais degustado como antes. Nas férias não fui sustentado pelo macarrão
de salsicha. Encontro com alguns dos seus outros velhos amigos pelas ruas em períodos
muito esporádicos e fico pensando: “– Espero que eles estejam fazendo um bom
trabalho.” Olho fotos em redes sociais, fotos que eu estaria nelas, como era de
costume obrigatório. Tudo passou, muita coisa mudou. Porém quando vi um
cachecol mais espalhafatoso e pomposamente colorido que você usou naquele dia
dos namoros que eu, você e a minha prima fomos ao circo, eu não agüentei e dei
boas risadas. Você tornou-se uma “Bella”. Caso recorda-te de Crepúsculo , a
personagem viveu um amor intenso. Em Lua Nova ela sofreu, cometeu atos impensáveis,
foi ao chão. Em Amanhecer pode encontrar o seu amor novamente e o segurou com
uma garra de uma felina protegendo seus filhotes de um perigo iminente. Sabe aquele seu amigo? Ele está aqui. O seu
verdadeiro amigo e companheiro ainda está aqui. Devido a ataques de ciúme,
imaturidade, covardia e medo de perder a sua melhor amiga, ele reservou-se mais
e se fechou em algum lugar do coração que você tanto alegrou. Espero que um dia
possa-me perdoar por tudo, de coração. Esta é uma daquelas cartas que
prometemos fazer um ao outro todo o mês para que não perdêssemos contato
jamais. A história de uma amizade como a nossa eu contarei para os meus filhos,
ela ganhará o Oscar um dia. Se todos nós temos que ter esperanças, em um futuro
próximo só espero que eu não conte usando os verbos no passado imperfeito e sim
no presente do subjuntivo.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Dolce far niente, benvenuto!
Então pessoal, os dias de ócios começaram. Tive que fazer uma pequena cirurgia dentária que a maioria das pessoas devem passar: retirada dos cisos. Como sempre fui muito pretensioso, moralista e sempre detestei ficar parado, pedi para minha dentista que para livrar-me dos quatro de uma só vez. Não preciso mencionar que foi uma mistura de pressão, medo, dor. Uma hora e meia depois eu estava parecendo o “kiko” com direito a chacotas de familiares. Eu não agüentaria tirar dois e ficar três dias de repouso, prefiro sempre que aconteça tudo de uma vez , então terei 6 dias de repouso como "brinde". Já se passaram três dias e parece que foi ontem que aconteceu tudo. É muito complicado você depender das pessoas, apontaram nesse final de semana esse defeito em mim: gosto de ser independente demais. Sopinhas pastosas, sucos cicatrizantes (como o de caju), água e remédios. Sinto-me em uma daquelas dietas doidas que os modelos fazem antes de um grande desfile. Minha consciência nunca deixa eu ser egoísta, pois tem horas que pego-me pensando: eu tenho para comer o que eu quero, tenho dinheiro ou pessoas que bancam o que eu desejo comprar, mas não posso comer. No mesmo instante, passam-se cenas de pessoas na África ou no nordeste brasileiro com aqueles sacrifícios enormes e dando valor para cada grão de arroz botado na boca. Deixando de lado o assunto comida, a casa está cheia. Viera neste fim de semana os meus tios mais próximos e meu pai. Sinto-me feliz com a casa cheia, sempre sonho com isso no futuro. Cada pessoa com seu jeito singular de ser, fazer piadas, contar casos, cheiro de café pronto lá pelo final da tarde. Quando eles vêm para cá é como que a cada dia fosse um aprendizado, afinal são muitos anos vividos a minha frente. Conhecimento encanta-me, mas conhecendo senil fascina-me. Tenho que pena daquelas pessoas anacrônicas que não se garridam com os “macetes” da vida. A prova de inglês aproxima-se mais depressa que eu esperava. Final deste mês estarei em Niterói realizando-a, se Deus quiser. O italiano vai muito bem obrigado, chega a ser até mais fácil que o inglês em certas horas, se comparado. Próximo mês começo a tirar minha carteira de motorista. Mal posso esperar para começar a viver meus momentos na auto-escola, aquele passo de adolescente. Por hora, tenho que ficar de repouso, sem falar direito, apenas focando em minha vida, principalmente em mim. Buona Sera a tutti.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Águas silenciosas de março.
Hoje foi um daqueles dias que eu tive que parar em minha
cama e conversar com Deus e tentar responder a seguinte pergunta: “- O que foi
isso?” Uma ligação quando eu já havia me recolhido. Um número desconhecido, uma
pessoa no outro lado da linha que até dois meses atrás eu achava que era o
centro de toda a minha atenção. Ouvir sua voz que me acalmava era de alguma
maneira estranha. Você perguntou-me se eu realmente estava bem, pois percebeu
que o meu “Estou ótimo” foi realmente dado com tanta ênfase e alegria genuína
que ate te assustou. Eu estou realmente assim, tudo está muito bem. Eu sou dois
Arthur: um quando eu namoro o outro
quando estou só. Hoje eu procuro “fall in love” e você era a minha grande
paixão a dois meses atrás. Escutar-te falando de sua faculdade foi como eu escuto
meus amigos. Antes eu a via como a minha pior inimiga, pois te roubava muito
tempo. Hoje sei que ela é o alicerce de seu futuro e que você tem que realmente
vangloriá-la e botá-la em primeiro lugar, eu sei que eu faria o mesmo, está
sendo assim. Aquela historia de um casal conhecido seu, realmente concretiza-se
na vida real. Em meio ao meu dia tão complicado e atribulado de coisas a fazer,
tirar realmente um tempo para uma pessoa chega a ser como se entregássemos uma
medalha de honra ao mérito a essa pessoa, porque deixamos de fazer algo para
dispormos de nosso precioso tempo com ela. Eu entendo disso, que eu era
especial, afinal você tirou alguns tempos para mim, mesmo que eu tenha usado
algumas pressões típicas de um adolescente infantil apaixonado. A sua educação
sempre irá comover-me, perguntando da minha nova vida, mas eu não tenho muito
que falar, afinal não somos mais nem amigos e nem quero ser. Descobrir que
semanas depois de que deixamos o silencio reinar você já teve distribuído o
numero de seu novo celular a terceiros (detalhadamente: ao cara mais galinha da
cidade) consumiu-me demais, eu chorei por isso. Afortunadamente eu me reergui.
Na academia, disperso em meu mundo interior que foge da realidade onde eu me
encontrava, eu pegava-me pensando em ti. Se não fosse você, eu não estaria
malhando em demasia para voltar ao corpo que eu tinha. Em vez de isso
entristecer-me, eu alegrava-me e mandava um muito obrigado telepaticamente.
Nossa conversa ao telefone não durou nem 5 minutos, entretanto foi suficiente
para ver que você faz parte de março, daquelas águas de março. Como elas, você
era desesperadamente esperada (seja em forma de ligações ou encontros
corporais), pois a necessidade de sentir o frescor de uma rajada de vento frio
em um período de calor virou uma necessidade absurda de ser perdida. Porém,
logicamente e racionalmente, elas caíram em março, e assim fazem parte já de um
passado. Toda vez que eu pensar em você, mandarei “luz”. Eu te perdoei, porem
não te esqueci. Hoje, gratificante, eu me perdoei por ter amado em demasia e
fora de controle. Afinal, quando amo, eu amo, quando acaba, acabou. “- LUZ”.
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