segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sentado no divã: 1ª semana.


Estou parecendo mais alegre? Ah Clóvis, bondade sua. Era para eu estar com a cara mais deprimida e sépia que uma pessoa podia aparecer em uma fotografia que poderíamos encontrar em nossa casa de infância. Tem muitos porquês, porem vem tudo de uma única origem, o passado. Não sei se é transtorno mental ou comportamental típicos de ser jovem ou se é minha personalidade sendo retocada durante a rotina da vida, só sei que todo o meu passado perfeito ou imperfeito eu estou o cavando dia-a-dia. Pode parecer esquisito falar nesse tom, mas eu quero me afastar de tudo e todos que não fazem-me bem. Isso é ser egoísta, Clóvis? Devo estar virando aqueles estudiosos sem vida social, amigos e companheiros. Vida social eu já não tinha direito (porem nunca fiz questão de tê-la) então não me faz tanta falta. Eu comecei a fazer uma coisa em minha vida: peneirar. Lembra da imagem na aula de artes de um agricultar separando o joio do trigo? Na vida parece que temos que aplicar testes as pessoas. Aplicamos alguma situação ou a vida impõem essa situação, se essa pessoa fizer o que julgaríamos que ela fizesse ou se ela demonstrar em sua maneira peculiar e comprovar com isso que esta ao seu lado, ela estará apta a estar com você. Hoje eu sei o que é não ter tempo para ajudar quem te deixa de lado facilmente, sei que nem todo sorriso é realmente sorriso e sei que tem muito lobo em pele de cordeiro. Eu sou assim Clóvis: eu excluo facilmente as coisas esdrúxulas e inutilizadas, entretanto estou excluindo pessoas também. Você tem que se valorizar mais ao mesmo tempo em que ajuda o próximo. Não vou aturar gente me ligando para contar de seus próprios casos amorosos e não dar a mínima para como esta a minha vida, não vou aturar pessoa que finge querer ser minha amiga para transar com alguma pessoa que já transei ou beijei, não vou aturar egoísmo e inveja. Eu não me reconheço a meses atrás. Clóvis, a minha vida não estava dando errado como eu estava sentindo e compreendendo. A minha vida estava mostrando em pequenas partes o que poderia um ato isolado que eu estava cometendo agravar deprimentemente no futuro. A minha vida estava um museu, estou jogando cada traste fora a cada dia. Ela me deu a oportunidade e eu agarrei. Dermatologista marcada, auto-escola dando seus primeiros passos, nutricionista a vista, academia todos os dias. O espelho daquele velho Arthur foi quebrado e não quero colar seus pedaços, eu quero construir um novo espelho, ou melhor, quero um vitral, que é muito mais colorido e mais apreciado pelas pessoas. Essa semana aconteceu um fato que só consegui ver lagrimas e sentimentos pretos. Um tio faleceu. Não era muito próximo a mim, porém sei que ele era muito amado pelos seus entes que ficavam mais ao redor. Luto. Um minuto de silencio. Eu fiquei abatido e comecei a questionar-me sobre a morte. Entre linhas, eu não tenho medo dela, porque já fiz grandes aventuras que se eu não tivesse sorte e um anjo da guarda com 1.000 vidas para me proteger eu teria dado de cara com essa noviça rebelde de roupa preta. Um laço de família para ajudar, palavras no coração que às vezes são omitidas e que nessas horas dá vontade de gritá-las o mais que conseguirmos. Eu não dormi naquela noite. Acordei sorrindo. Realmente eu e ela tivemos grandes papos de barzinho para serem trocados, doravante a esse acontecimento com o meu tio, ficamos amigos. Por que, Clóvis? Eu tenho mais medo de não viver do que morrer. A vida continua a ser bela, depois de um furacão vem um arco-íris. Nem todos os dias serão de tormentas, abri a janela e fui viver.  


quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Bailarina


Vejo a entrar na sala de dança. Músicas que apenas pessoas com ouvidos refinados iriam gostar começam a tocar. Eu estava na esteira, a maratona diária de corrida devia começar também. Às vezes a pego olhando estreitamente para mim. Será que era realmente para mim ou eu estou sendo hiper narcisista¿ Não importa. O importante foi ter visto sua bela íris em minha direção. Começo a correr para tentar não pensar no assunto. Ela começa a sua aula. Suas alunas no intervalo vêem ate onde eu estou para beber água. Eu a procuro. Lá estava a bailarina rodopiando em passos simétricos e devidamente ensaiados, como em algum espetáculo no Teatro Municipal. Tenho que me controlar, as pessoas geralmente sentem-se intimidadas quando olhamos fixamente para elas. Desculpe-me, olhos nos olhos para mim é um requerimento de intimidade. Ela retoma a sua aula, minhas pernas já começam a doer de tanto caminhar e correr. Faltando poucos minutos para o meu tempo acabar a vejo pela janela olhando para onde eu estava de novo. Isso já está virando um jogo de gato e rato. Eu a olho dançando. Na sua pirueta seu cabelo se solta. Começa a tocar em minha mente “I can’t take my eyes off you”. Primeira pirueta, orvalho doce pela manhã. Segunda pirueta, vento vespertino pelo vidro do carro ao por do sol em uma auto-estrada. Confesso que foi uma das cenas mais bonitas que já vi. Seu rosto foi modelado como aquelas bonecas de caixinha de música antiga. Ao olhar fixamente desperta curiosidade, intimidação e até calma devido a sua beleza. Eu não consegui escutar sua voz, entretanto acho que possui tons de canções de ninar. Seu jeito é romântico. Nenhuma bailarina conseguiria ser mais delicada que ela. Tento retornar a minha atividade, não vi a hora passar. Eu a olho pela última vez por hoje e saio da esteira. A caminho de casa continuo a observá-la no pensamento. Desejei essa noite possuir essa caixinha de música só para mim.




segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sentado no Divã.


Bem Clóvis, vou começar do começo. Eu sei que é o obvio, não importune logo de cara. Não, eu não segui nenhuma referencia amistosa e nem nenhum guia de plano de saúde para encontrar seu nome e estar aqui agora. Acredito que foi por causa da noite de ontem. Sabe, ando lutando todos os dias contra uma das minhas melhores amigas, a minha inteligência. Ao deitar-me ela não para de falar, não deixa de criar hipóteses e circunstancias, vistoria geral do dia e de fatos do passado. Isso me cansa. Ontem, em meio ao intervalo da luta, fui ao lavabo. Uma luz estranha e brilhante iluminava a persiana, abro-a de imediato. Naquele ângulo, naquele único espaço de minha casa, lá estava ela, a lua cheia. Retorno a cama pensando e revendo: “– Essa noite a lua e o sol estão em lados opostos da Terra. Conseguimos ver a nítida diferença entre as marés. Se esses nobres astros conseguem viver separados, por que eu não conseguiria segurar as barras da vida?” Foi em meio a essa alucinação noturna que te encontrei. Confesso que estou meio embaraçoso por estar aqui pela primeira vez, pelo escritório. Ah, tu queres saber um pouco da minha vida? Certo, tu vais tornastes milionário com todas as seções que eu tenho que fazer para contar um pouco de tudo e analisar, coisa que eu não deixo de fazer nunca. Vamos combinar o seguinte: a cada relato de fatos da semana eu conto análises de tempo remoto, acho que fica mais interativo. Não, eu não sou simplista e nem mesquinho Clóvis. Só também não quero enjoar disso aqui como enjôo fácil das coisas. Eu passei uma semana em casa. Realmente em casa, não me pergunte se foi castigo dos pais por eu sempre zelar pela minha liberdade, mas de uma alguma forma foi um certo tipo de reclusão, como em mosteiros. Eu não tinha muito que fazer, entreguei-me aos livros. A cada hora passada era como se o minuto anterior fosse maior que o minuto seguinte. Eu esperei por telefonemas ou mensagens de reconforto. Elas não aconteceram. O egoísmo agora definitivamente não me pertence mais. Não estou com paciência para prepotência, arrogância ou mesquinharias. Cansei também de fazer tudo certo, sabe Clóvis? Em certas horas do meu dia eu tinha que agir como um ator e aturar certas coisas, vou deixar esse meu trabalho para quando começar a trabalhar. Também descobri que às vezes temos que alimentar a vela do passado. Assim que pude falar com menos dor, o meu celular não parava nem para respirar. Amigos que hoje encontram-se longe do meu ciclo social, que já está quase na unidade zero. De uma certa forma foi bom ouvi-los de novo e sentir que a saudade quando a despertamos pode fazer bem para ambas as partes. Afastei-me de pessoas, condutas e certos valores juvenis. Hoje tive um almoço em família. Eu não me sentia tão realizado e animado por ver quem realmente gosta de mim ao meu lado, comendo uma comida que sabiam que eu gostava. Nenhuma noite em barzinho pode nocautear isso. Eu entrei de cabeça, nessa uma semana, quando Liz tentou fazer voto de silencio, eu também não consegui, mas tentei. Além do mais, semana que vem eu estarei no Rio fazendo uma prova que eu tanto esperava e que só depende de uma pessoa: de mim próprio. Está sendo difícil olhar para o lado e não ver pessoas que antes eram necessárias e não cometer atos que antes eram quase obrigatórios. A vida deve ser assim mesmo, né Clovis? Se a Terra gira sempre, o nosso cotidiano também tem que mudar. Lendo “Mil dias em Veneza” em minha cama quente e vazia fico indagando-me sobre a próxima mudança. Esse deve ser o tempero especial que falta em muitos pratos: o gostinho de não saber o que vai acontecer na cena do próximo capítulo. A minha sorte é que eu sempre gostei de novelas, Clóvis.        

  

terça-feira, 17 de maio de 2011

Carta para uma Bella


Olá, bom dia, já passa de uma da manhã. Como vai você? Não sei bem por onde começar, porque não sei onde tudo acabou. Não pretendo usar palavras catedráticas ou regras sintáticas bem colocadas, pois quando nos conhecemos eu era quase um analfabeto no meio de livros. Nesses dias que passo em casa, ora estudando ora refletindo, me pego pensando em você e em nossa amizade. Desculpe-me, não creio em ex amigo. Primeiro encontramos um desconhecido que não “vamos com a cara” ou o “santo não bate”, não temos nenhuma afinidade aparente ou internamente sentida. Julgamos que não precisaremos daquela pessoa nunca. Um momento do destino, uma mudança na ordem das salas, um vinculo ratificado pela correria do dia a dia. Aquele humilde ser que antes não conseguíamos suportar torna-se um conhecido e depois de passado algumas provas, figura-se em amigo. A ajuda na hora precisava, quando você queria segurar o choro, o abraço com o sorriso matutino mais alegre e antes não visto, o conselho de irmã mais velha que nunca havia na vida real. Entretanto quando a amizade é tamanha, ela consegue causar inveja a outros, superar problemas familiares e amorosos juntos, contentar-se em se divertir apenas você e seu melhor amigo e mesmo assim terem bons momentos juntos, isso tudo é resumido em uma palavra que não consta atualmente em um dicionário vendido na papelaria. A amizade entra em um patamar apoteótico que nem as ondas do mar poderiam apagar todos os momentos vividos escritos na areia de nossas vidas. Flashes passam-se em minha mente e lagrimas percorrem meu rosto inchado lavando minha mente que a tanto tempo não tinha motivos para tal ação. Um recreio, uma divisão de fone de ouvido, “open your eyes”. Faixas de aniversario que não vi mais nenhum amigo fazer ao outro. Ligações vespertinas que acordavam-me mas que as vezes intrigava-me quando não as recebia. O momento que você mais precisou, um fim de namoro. Fico feliz por eu ter estado ali, compartilhado todo o seu sofrimento, vivido cada drama, cada palavra não dita ou redita que ao coração eram esdrúxulas e que não serviria para mudar tudo o que aconteceu antes. Sabemos quando temos um amigo quando ele nos ajuda sem saber. Com a gente tudo era recíproco. Saíamos como se precisássemos esbaforir nossa rotina ( grande engano, eu vivia uma vida de ócio e não me contentava), conversávamos sobre coisas que até duvidamos um dia contar aos nossos cachorros, conhecemos as famílias. Eu tinha-te como irmã e nunca esse sentimento mudou para outro qualquer, pois não havia carne, não havia atração, havia simplesmente almas intermitentes. Eu olhava absorto como você se deu bem com meus avós tendo até ganhado apelido, isso nunca mais aconteceu, acredita? Dafine, você é a única exceção. Eu sentia-me honrado por ter sido acolhido por essa sua família alegre, que todos os dias eram domingo, que as flores sempre vão florescer e os problemas têm é que se fuder. Chegou a época do frio, o “fondue” não foi mais degustado como antes. Nas férias não fui sustentado pelo macarrão de salsicha. Encontro com alguns dos seus outros velhos amigos pelas ruas em períodos muito esporádicos e fico pensando: “– Espero que eles estejam fazendo um bom trabalho.” Olho fotos em redes sociais, fotos que eu estaria nelas, como era de costume obrigatório. Tudo passou, muita coisa mudou. Porém quando vi um cachecol mais espalhafatoso e pomposamente colorido que você usou naquele dia dos namoros que eu, você e a minha prima fomos ao circo, eu não agüentei e dei boas risadas. Você tornou-se uma “Bella”. Caso recorda-te de Crepúsculo , a personagem viveu um amor intenso. Em Lua Nova ela sofreu, cometeu atos impensáveis, foi ao chão. Em Amanhecer pode encontrar o seu amor novamente e o segurou com uma garra de uma felina protegendo seus filhotes de um perigo iminente.  Sabe aquele seu amigo? Ele está aqui. O seu verdadeiro amigo e companheiro ainda está aqui. Devido a ataques de ciúme, imaturidade, covardia e medo de perder a sua melhor amiga, ele reservou-se mais e se fechou em algum lugar do coração que você tanto alegrou. Espero que um dia possa-me perdoar por tudo, de coração. Esta é uma daquelas cartas que prometemos fazer um ao outro todo o mês para que não perdêssemos contato jamais. A história de uma amizade como a nossa eu contarei para os meus filhos, ela ganhará o Oscar um dia. Se todos nós temos que ter esperanças, em um futuro próximo só espero que eu não conte usando os verbos no passado imperfeito e sim no presente do subjuntivo. 



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dolce far niente, benvenuto!


Então pessoal, os dias de ócios começaram. Tive que fazer uma pequena cirurgia dentária que a maioria das pessoas devem passar: retirada dos cisos. Como sempre fui muito pretensioso, moralista e sempre detestei ficar parado, pedi para minha dentista que para livrar-me dos quatro de uma só vez. Não preciso mencionar que foi uma mistura de pressão, medo, dor. Uma hora e meia depois eu estava parecendo o “kiko” com direito a chacotas de familiares. Eu não agüentaria tirar dois e ficar três dias de repouso, prefiro sempre que aconteça tudo de uma vez , então terei 6 dias de repouso como "brinde". Já se passaram três dias e parece que foi ontem que aconteceu tudo. É muito complicado você depender das pessoas, apontaram nesse final de semana esse defeito em mim: gosto de ser independente demais. Sopinhas pastosas, sucos cicatrizantes (como o de caju), água e remédios. Sinto-me em uma daquelas dietas doidas que os modelos fazem antes de um grande desfile. Minha consciência nunca deixa eu ser egoísta, pois tem horas que pego-me pensando: eu tenho para comer o que eu quero, tenho dinheiro ou pessoas que bancam o que eu desejo comprar, mas não posso comer. No mesmo instante, passam-se cenas de pessoas na África ou no nordeste brasileiro com aqueles sacrifícios enormes e dando valor para cada grão de arroz botado na boca. Deixando de lado o assunto comida, a casa está cheia. Viera neste fim de semana os meus tios mais próximos e meu pai. Sinto-me feliz com a casa cheia, sempre sonho com isso no futuro. Cada pessoa com seu jeito singular de ser, fazer piadas, contar casos, cheiro de café pronto lá pelo final da tarde. Quando eles vêm para cá é como que a cada dia fosse um aprendizado, afinal são muitos anos vividos a minha frente. Conhecimento encanta-me, mas conhecendo senil fascina-me. Tenho que pena daquelas pessoas anacrônicas que não se garridam com os “macetes” da vida. A prova de inglês aproxima-se mais depressa que eu esperava. Final deste mês estarei em Niterói realizando-a, se Deus quiser.  O italiano vai muito bem obrigado, chega a ser até mais fácil que o inglês em certas horas, se comparado. Próximo mês começo a tirar minha carteira de motorista. Mal posso esperar para começar a viver meus momentos na auto-escola, aquele passo de adolescente. Por hora, tenho que ficar de repouso, sem falar direito, apenas focando em minha vida, principalmente em mim. Buona Sera a tutti.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Águas silenciosas de março.


Hoje foi um daqueles dias que eu tive que parar em minha cama e conversar com Deus e tentar responder a seguinte pergunta: “- O que foi isso?” Uma ligação quando eu já havia me recolhido. Um número desconhecido, uma pessoa no outro lado da linha que até dois meses atrás eu achava que era o centro de toda a minha atenção. Ouvir sua voz que me acalmava era de alguma maneira estranha. Você perguntou-me se eu realmente estava bem, pois percebeu que o meu “Estou ótimo” foi realmente dado com tanta ênfase e alegria genuína que ate te assustou. Eu estou realmente assim, tudo está muito bem. Eu sou dois Arthur:  um quando eu namoro o outro quando estou só. Hoje eu procuro “fall in love” e você era a minha grande paixão a dois meses atrás. Escutar-te falando de sua faculdade foi como eu escuto meus amigos. Antes eu a via como a minha pior inimiga, pois te roubava muito tempo. Hoje sei que ela é o alicerce de seu futuro e que você tem que realmente vangloriá-la e botá-la em primeiro lugar, eu sei que eu faria o mesmo, está sendo assim. Aquela historia de um casal conhecido seu, realmente concretiza-se na vida real. Em meio ao meu dia tão complicado e atribulado de coisas a fazer, tirar realmente um tempo para uma pessoa chega a ser como se entregássemos uma medalha de honra ao mérito a essa pessoa, porque deixamos de fazer algo para dispormos de nosso precioso tempo com ela. Eu entendo disso, que eu era especial, afinal você tirou alguns tempos para mim, mesmo que eu tenha usado algumas pressões típicas de um adolescente infantil apaixonado. A sua educação sempre irá comover-me, perguntando da minha nova vida, mas eu não tenho muito que falar, afinal não somos mais nem amigos e nem quero ser. Descobrir que semanas depois de que deixamos o silencio reinar você já teve distribuído o numero de seu novo celular a terceiros (detalhadamente: ao cara mais galinha da cidade) consumiu-me demais, eu chorei por isso. Afortunadamente eu me reergui. Na academia, disperso em meu mundo interior que foge da realidade onde eu me encontrava, eu pegava-me pensando em ti. Se não fosse você, eu não estaria malhando em demasia para voltar ao corpo que eu tinha. Em vez de isso entristecer-me, eu alegrava-me e mandava um muito obrigado telepaticamente. Nossa conversa ao telefone não durou nem 5 minutos, entretanto foi suficiente para ver que você faz parte de março, daquelas águas de março. Como elas, você era desesperadamente esperada (seja em forma de ligações ou encontros corporais), pois a necessidade de sentir o frescor de uma rajada de vento frio em um período de calor virou uma necessidade absurda de ser perdida. Porém, logicamente e racionalmente, elas caíram em março, e assim fazem parte já de um passado. Toda vez que eu pensar em você, mandarei “luz”. Eu te perdoei, porem não te esqueci. Hoje, gratificante, eu me perdoei por ter amado em demasia e fora de controle. Afinal, quando amo, eu amo, quando acaba, acabou.  “- LUZ”.