domingo, 26 de dezembro de 2010

Processo conclusivo: Angra dos Reis.


Malas prontas. A vida volta ao normal amanhã: rotina, meus avós e meus amigos, minha vida "volta redondense". Quando você passa um mês em um lugar, parece que você já faz parte daquele local, tendo que ligar a tecla do desapego. Aqui, em Angra dos Reis, não poderia ser diferente. Foi a terra onda passei minha infância e onde me formei na rua e no mar. Essa terra estava com várias mágoas do passado, verdadeiras coroas de areia de ressentimento e erosão de alguns sentimentos. Eu detestava vir para cá: não tinha amigos, minha família (que reside aqui) não me entendia, não tenho um bom relacionamento com o meu padrasto. Minha única válvula de escape era o mar. Visto minha última visita a Angra, eu entrei em depressão. Depressão não é algo que você escolhe, mas se você não for forte o suficiente e tiver pessoas ao seu lado para te apoiar, ela torna-se um túnel sem saída. Além de você perder todo o seu corpo (e engordar igual um porco ou, em certos casos, emagrecer), ficar triste e deprimido a maior parte do tempo, não ter ânimo para fazer nada, você acha que a sua vida vai acabar e que ninguém irá te salvar do penhasco pulado. Eu fiquei assim. Tive que escutar: “- você deu uma engordada, não deu?”; “- Nossa! Você está tão rebelde, até mudou o cabelo!”; “- Eu lavo minhas mãos para você, faça o que quiseres.” Eu sempre me doei para as pessoas, mas na hora que precisei de ajuda, eu pude contar no dedo quem me ajudou, até sem saber. Acho que quando estamos felizes fazemos amigos, quando estamos precisando de ajuda e temos esse auxilio, fazemos irmãos. As calças perdidas, os tocos levados, o tapa na cara tomado, serviu apenas para eu juntar forças e reformar meu próprio castelo. Não foi nem um pouco fácil, mas também não foi impossível – não desejo esse terror a ninguém, mas nos dias de hoje, muita gente já passou por isso. Quando cheguei nessa cidade, eu estava tentando juntar meus cacos, hoje eu estou com a minha base formada. Foi árduo deixar meus avós, mas era preciso – Hoje eu vejo o quanto eles precisam de mim, minha avó está começando a ter a depressão “do ninho vazio”, ela precisa de mim. Retorno a minha cidade com muito menos medo, recuperado da minha depressão, esperançoso por saber que eu posso amar alguém de novo – mesmo esse alguém estando longe de mim agora, perdoei todas as palavras ditas – mostrei que eu posso ser uma pessoa melhor mostrando que mágoa e ressentimento são cargas muito pesadas ao meu coração. Meu último sundown na Vila Histórica de Mambucaba tinha uma cor e um formato diferente. Eu podia sentir o encontro dos anjos, ouvir cada onda indo e voltando, peixes pulando e a única coisa que vinha em minha mente era: Mais um degrau foi escalado, mais uma etapa concluída, um ciclo se quebra, “Attraversiamo” para um novo futuro formado!


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