Malas prontas. A vida volta ao normal amanhã: rotina, meus
avós e meus amigos, minha vida "volta redondense". Quando você passa um mês em um lugar, parece que você já faz
parte daquele local, tendo que ligar a tecla do desapego. Aqui, em Angra dos Reis,
não poderia ser diferente. Foi a terra onda passei minha infância e onde me
formei na rua e no mar. Essa terra estava com várias mágoas do passado,
verdadeiras coroas de areia de ressentimento e erosão de alguns sentimentos. Eu
detestava vir para cá: não tinha amigos, minha família (que reside aqui) não me
entendia, não tenho um bom relacionamento com o meu padrasto. Minha única
válvula de escape era o mar. Visto minha última visita a Angra, eu entrei em
depressão. Depressão não é algo que você escolhe, mas se você não for forte o
suficiente e tiver pessoas ao seu lado para te apoiar, ela torna-se um túnel sem saída. Além
de você perder todo o seu corpo (e engordar igual um porco ou, em certos casos,
emagrecer), ficar triste e deprimido a maior parte do tempo, não ter ânimo para
fazer nada, você acha que a sua vida vai acabar e que ninguém irá te salvar do
penhasco pulado. Eu fiquei assim. Tive que escutar: “- você deu uma engordada,
não deu?”; “- Nossa! Você está tão rebelde, até mudou o cabelo!”; “- Eu lavo
minhas mãos para você, faça o que quiseres.” Eu sempre me doei para as pessoas,
mas na hora que precisei de ajuda, eu pude contar no dedo quem me ajudou, até
sem saber. Acho que quando estamos felizes fazemos amigos, quando estamos
precisando de ajuda e temos esse auxilio, fazemos irmãos. As calças perdidas,
os tocos levados, o tapa na cara tomado, serviu apenas para eu juntar forças e
reformar meu próprio castelo. Não foi nem um pouco fácil, mas também não foi
impossível – não desejo esse terror a ninguém, mas nos dias de hoje, muita
gente já passou por isso. Quando cheguei nessa cidade, eu estava tentando
juntar meus cacos, hoje eu estou com a minha base formada. Foi árduo deixar
meus avós, mas era preciso – Hoje eu vejo o quanto eles precisam de mim, minha
avó está começando a ter a depressão “do ninho vazio”, ela precisa de mim.
Retorno a minha cidade com muito menos medo, recuperado da minha depressão,
esperançoso por saber que eu posso amar alguém de novo – mesmo esse alguém
estando longe de mim agora, perdoei todas as palavras ditas – mostrei que eu
posso ser uma pessoa melhor mostrando que mágoa e ressentimento são cargas
muito pesadas ao meu coração. Meu último sundown na Vila Histórica de Mambucaba
tinha uma cor e um formato diferente. Eu podia sentir o encontro dos anjos,
ouvir cada onda indo e voltando, peixes pulando e a única coisa que vinha em
minha mente era: Mais um degrau foi escalado, mais uma etapa concluída, um
ciclo se quebra, “Attraversiamo” para um novo futuro formado!
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
domingo, 26 de dezembro de 2010
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