domingo, 13 de outubro de 2013

O sorriso que guardo em mim de uma criança ...



“Com a iminência do dia das crianças, o Facebook torna-se o lugar onde conhecemos vários  rostinhos de amigos que nem poderiam supor como eram. Confesso que, por vezes, tenho que ir ao álbum do perfil para ver se é realmente a pessoa e me sinto como estivesse levando meu filho ao parque e ele fazendo vários amigos da mesma idade. Não pude ficar de fora disso. Escolhi uma foto, não quando eu era muito novo, mas uma em que eu já sabia o que era amar, sinceramente, uma pessoa. Estávamos em Penedo/RJ. Eu tinha uns 05 anos e ela uns 47 anos. Me envolvi nos braços mais calorosos, sob o sorriso sincero e olhos verdes semi serrados para tirar uma foto. Aquela que eu chamo de avó, aquela que eu considero minha mãe em dobro ou elevado a décima potência. A pessoa que me ensinou a dar valor aos sentimentos quando a razão torna-se a única visão em meu olhar e sentidos, que chorou comigo quando perdi e que se sente orgulhosa quando ganho. Confesso que choro internamente quando está triste e sorrio de dar gargalhadas quando sinto que está bem. Sempre será “La mia più bella nonna in tutto il mondo”, o sangue italiano que carrego em minhas veias. A mulher que me fez ser para sempre uma eterna criança, sem precisar de uma data para recordar-me desta alegria.” (Arthur Kaiser)


sábado, 1 de junho de 2013

Eu preciso de gente.

"Eu preciso de gente. Preciso daqueles que tem coragem de queimar como fogo. Daqueles que explodem feito fogos de artifícios. Dos que não temem por viver uma vida de Dorian Gray ou passagens em um Morro dos Ventos Uivantes. Quero atenção, noites com amigos reunidos falando nada e tudo ao mesmo tempo, jogar tudo para o alto em um sábado à noite e realizar uma loucura qualquer, em um lugar perto ou distante, vivendo apenas. Ando bocejando para os dramas. Fecho os olhos para os problemas. Durmo com tanta falta de amor próprio ou imaturidade. Eu só queria pessoas que quisessem ser apenas gente, não se preocupando muito com o amanhã do ser, ou vivendo no passado do eu. Venho procurando, por cada caminho, a cada hora ..." (Arthur Kaiser)


domingo, 17 de março de 2013

E lá se vai, mais um dia, mais um verão ...



        Acabo de chegar de uma caminha vespertina. Era para ser um domingo qualquer, fazendo coisas a esmo, tentando não ver apenas códigos e artigos na minha frente. Dia de sol, dia de chuva. Claro estava: o verão estava indo, dando passagem ao outono romântico e fresco.
         Em meio a passos e músicas, o sol se pôs. Diferente como os outros crepúsculos que eu presenciava ao sair do trabalho por poucos minutos que seja. Em menos de 05 minutos, era noite e pingos começavam a se iluminar ao cair em reflexo a luz exacerbada dos postes pelo caminho. Comecei a viver dias em minutos apenas ao sentir aquela sensação de brisa amena, nostalgia, romantismo, memórias, sentimentos (idôneos ou não) e pés fora do chão ...
         Há um ano atrás, eu acreditava estar vivendo um conto que não se sabe ao certo se teria o juntos para sempre ou se terminaria como aqueles filmes que perguntamos “ – Então esse é o final? Que enlatado!”. Ele era apenas uma história sendo contada e engendrada, sem precisar de uma moral ou palavras bonitas ao final. História de pessoas, vivências, conhecimento, dramaturgia, jogos amorosos, que antes eram ouvidos como contos consuetudinário e que naquele momento, tudo era real e você é o protagonista da história.
         Fico imaginando que o meu maior medo não seja de gente morta, perder quem se ama, fantasmas ou ficar doente. Eu tenho medo da minha própria memória. Não sei se todos são assim, mas eu sou daquele tipo raro que antes pensava possuir memória seletiva e que agora descobre que possui uma grande facilidade de reencontrar e viver seu acervo de vida em minutos, trazendo consigo tudo que estava ao redor da cena à lume mais uma vez. É como se fosse um amálgama de “start”, “stop”, “repeat”, “back”, “next” em frações de segundos sensoriais.
         Vivi todo o meu ano em flashbacks que iam de sorrisos a olhos úmidos em metros de bairros caminhados. Caminhando, a cada esquina, um resquício de uma passagem bem vivida. Eu acredito hoje que gostamos de guardar mais as coisas boas do que quando estamos a sofrer, engolidos pela escuridão de nossos medos e angústias. Deve ser poque bem no âmago de nossa auto-estima esteja arraigado a assertiva que todo mundo passa por isso e que há males que vem para o bem, como já ouvimos muitas vezes por aí. A vida é como a sorte. Quando pensamos que estamos com uma nuvem negra na cabeça, esquecemos de olhar que nada parou e pode estar acontecendo o que você mais precisava naquele momento. Eu tive sorte no ano que passou, mesmo pensando estar ensopado por causa da escura nuvém quando tudo acabou.
         A chuva começou sua cena mais bruta e aquilo foi uma lavagem para uma alma. Carros passando, roupas molhando, a estranha sensação de insegurança que se sente, o desejo de se molhar e se libertar, o sorriso do rosto a cada despertar de um momento. Milhões de pessoas passam por nós, ainda mais quando estamos tristes e depois se vão. Essas pessoas podem ser os antigos amigos, os antigos amores, os novos colegas que se tornarão melhores amigos com o tempo, amantes que nos fazem esquecer a realidade e nos ajudam a dar o pequeno passo rumo ao estágio de não sentir mais o que estamos acostumados a sentir cada vez que acordamos de uma noite onde fomos atormentados por pesadelos e lembranças que nunca saberemos o porquê de tanto tormento.
         Impressionante como nada se encaixa no que foi um dia. O ventilador barulhento substituído pelo ar condicionado, os móveis do quarto trocados, a televisão de 40” instalada devidamente. Nada é como aquele antigo quarto em que eu dormia em março passado, assim como eu não sou tudo aquilo que fui, me transformando a passos pequenos em como eu quis ser. A faculdade esta se aproximando da metade, sou membro da comissão de formatura, o estágio está a cada dia me surpreendendo ainda mais, as audiências começaram e as roupas começaram a se ajustar como ternos, gravatas e sapatos. A pilha dos livros não param de crescer, assim como a minha fome de estudos e a chegar ao corpo perfeito. Uma vida nova sendo construída em cima de velhas lembranças. O novo sob o velho, o velho moldando o novo.
         As águas de março mais uma vez estão fechando o verão e eu continuo a acreditar que coisas boas estão por vir. Tudo acontece no outono de nossas vidas. O ano começou indubitavelmente, as primeiras provas estão a se iniciar, o que se deseja para que tudo seja diferente no ano já deve estar bem fixado e deixado uma pequena janela aberta ao acaso e destino. Não sei bem a causa disso tudo acontecer e nem pretendo saber. Não quero perder a magia que ainda acredito existir nessa estação. Só sei que sempre haverá fatos que poderão ser descobertos, redescobertos, em meio aos nossos maiores desejos de dias melhores. Assim, o outono se inicia no meio da semana que esta por vir ... Azul, café fresco, perfume bom e um coração aberto a novas alegrias que estão para chegar - muito bem recepcionadas.  


domingo, 27 de janeiro de 2013

"Santa Maria, Rio Grande do Sul em 27 de Janeiro de 2013: a batalha dos 245 em meio às chamas de um inconseqüente.

Não tem como se vincular, hoje, em uma rede social, televisão, rádio e não se deparar com a terrível notícia em nossa região sulista de nosso Brasil. Em meio a madrugada, pelas 02h da manhã, pais dormindo tranquilos ou preocupados, enquanto seus jovens, de 18 a 22 anos em sua maioria, são mortos queimados, pisoteados, asfixiados por um incêndio em uma boate em RS. O motivo ainda não é corroborado veementemente, mas tudo indica que foi provocado por um integrante da banda que se apresentava no local ao ascender um sinalizador e que este, por sua vez, acabou atingindo o teto junto com a acústica revestida do local. O que leva uma pessoa a fazer isso? Festa, diversão, efeitos abalados por bebidas ou narcóticos? Se nem cigarros podem ser acesos em locais fechados, quanto mais um sinalizador! Começou toda a multidão procurando a saída, porém esses jovens se esqueceram de se aludir que havia apenas uma única porta de saída, a qual estava trancada. O refúgio foi os banheiros onde pensavam que encontrariam a luz da rua. Encontraram foi a luz no fim do túnel mesmo. Com toda a confusão, a gritaria, na porta principal encontraram seguranças, formados em barreiras, impedindo suas saídas. Queriam a comanda PAGA para a liberação! Eu lhes pergunto ... São seres humanos esses seguranças? Queriam, naquele momento, mostrar seus serviços e funções que uma mera relação contratual os incubiu? O príncipo a vida foi, infelizmente, mitigado pelo princípio a ganância numérica de uma relação de consumo! Os poucos que conseguiram sair, pediram socorro e foram ao mesmo tempo heróis e sobreviventes. Bombeiros e pessoas comuns, unidos, para resgatar quem poderia sobreviver a tragédia sem tamanho. Muitas pessoas estavam junto a porta principal, mortas, e outras quase morrendo por toda a boate. Uma verdadeira prova de fogo contra o tempo. 245 mortes até agora, uma multidão para o reconhecimento cadavérico, junto a choros e indignações. Ainda não há inquéritos abertos e muito menos processos, mas a indignação em corações de muitos ganham poder a cada lágrima que vemos. Não sou jornalista, muito menos um detetive, mas espero que o dono da boate tenha o mínimo de dignidade em se responsabilizar, que os seguranças contratados sofram de remorso em suas celas junto ao seu tratamento psiquiátrico para saber lidar com a sua falta de humanidade e que Deus possa confortar as famílias de cada pessoa que estava ali por diversão. Cumprindo seu papel de ser jovem e que não tinham a mínima intenção de ter a sua vela da vida apagada por uma chama ainda maior! Meus sinceros pêsames e conforto aos corações que ainda batem por aqueles que se foram." (Arthur Kaiser)