segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Porto Belo: natureza e você, você e o verde.


 Meu café da manhã foi com meu pai e com a minha madrasta. Sentamos-nos à mesa de uma senhora cearense. Ela também cria um neto. Ela falava de seu acolhido como se ele estivesse aqui, ele é a sua compainha diária. Fiquei muito orgulhoso dela, afinal eu escuto dizer a mesma coisa das pessoas que conversam com a minha avó ao qual eu moro – modéstia parte. Pegamos o “teco-teco” (apelido carinhoso dado a aqueles barcos de pescadores que demoram a chegar quando você mais tem pressa) rumo ao cais de Porto Belo, Santa Catarina, daí. Esta cidade tem uma imagem semelhando a Ilha Grande (Angra dos Reis). Eu amo natureza em partes, senti-me rejuvenescido – é tanto tempo dentro do navio que você se perde do mundo de fora, eu havia esquecido como é bom um banho de mar, meu mar. Andamos nas lojinhas locais, mas é uma cidade mais para passar férias com um carro grande, pois não possui grande divertimento, tanto que as pessoas partem para Blumenau, Balneário Camburiú ou Floripa. Fomos até a uma ilha próxima, lembra muito a Ilha dos Pelados (Paraty). Comemos uma ótima isca de peixe (não deixem de experimentar o pescado do sul do Brasil, é uma carne e gosto totalmente diferente do sudeste, ganhou até da Tilápia de Espírito Santo) e aproveitamos a praia no mínimo tempo que havia nos dado. Todos do nosso grupo querem voltar de novo ao Sul – minha terra é de belezas sem iguais, minha terra não tem muitas palmeiras, mas atraem muitos sabiás – e eu não fiquei de fora dessa. Pena que as coisas aqui são mais caras que em Volta Redonda, moraria tranqüilo. Voltando ao Costa Fortuna fui fazer uma sauna (meu corpo está mais para ectotérmicos do que homeotérmico, por isso não consigo ficar em lugares muito quentes ou muito frios por muito tempo) e depois fui malhar. Foi minha última aula de spinner com o pessoal das 17hrs – Lari Rios deixou saudade com o seu: “Querida professora”, “ARRRRRTHUR”, “Minha mãe tinha que ver isso” (uma das melhores professoras que já tive). Tudo do navio está em um clima nostálgico, amanhã terá desembarque em Santos e no sábado, Rio de Janeiro. Hoje fiquei vendo as fotos de todas as escalas que fizemos, eu vivi muita coisa nesse navio, descobri varias maneiras de viver, mas ainda sim, eu queria mais. Vou ter. Salve Santos vem aí, olé, olé olá!    




domingo, 30 de janeiro de 2011

Lonely: Sul do Brasil.


 Hoje, dei-me um dia de descanso. Acordo ás 10 horas, tive que tomar café no self-service do nono andar. Aquilo parecia a fila do fome zero ou do restaurante de um real. Quem muito quer dormir, pouco come. O cruzeiro não possui uma bela piscina, então botaram quilos de cadeiras de praia ao redor das minúsculas piscinas. Tomo meu café e parto para o Pilates – aquilo é mais eficiente que musculação, pelo menos para mim. Não consigo achar meu pai no meio de 3.000 passageiros. Tenho que ir almoçar, sento em uma mesa imensa. Acredite, foi legal. Os garçons botaram mais três pessoas em minha mesa: Um casal com sua filha. Detalhe: eles eram paulistas. Sinceramente, como todo carioca, eu tinha preconceito contra nossos trabalhadores urbanos paulistas. Com todo meu sotaque: inglês, portunhol, carioca, mineiro e sulista, eu fui flagrado na hora. Entre mil imposições, começamos a comparar nossos costumes, nossas comidas, nosso jeito de viver, o que um estado não gosta no outro – uma diferença muito relevante é: no Rio de Janeiro se houver algum tumulto é assalto, em São Paulo (na 5 de março por exemplo) se houver tumulto é porque a loja é boa ou está acontecendo alguma coisa boa. Estranho, eu sei. Conversamos por duas horas, nem acreditei que eu poderia levar uma conversa produtiva com um casal que mora na cidade que nunca dorme, que dinheiro é importante, e seus ócios são as compras ou algo urbano caro. Meu preconceito foi quebrado. Voltei para minha cabine e comecei a assistir “500 dias com ela” – peguei uma menina de Barra Mansa no meio do ano e esse era seu filme preferido. Analisando-o, o filme expõe que o destino continua fazendo artes em nossas vidas, que coincidências existem (basta lutarmos para termos as oportunidades certas, mesmo não as vendo na hora exata). Hoje foi a convenção de desembarque – só de pensar que só faltam mais 3 dias a bordo, corta meu coração, parece que estou aqui a semanas, mas preciso do café brasileiro urgente. Tive o prazer de assistir a um espetáculo de raio lazer de última geração (as luzes ficam em formato 3D por todo o teatro), minha ex-madrasta iria gostar de ter assistido a isso – afinal, tudo que corresponde à coisa chique e moderna, ela e eu gostamos, por isso, Milão! Todos do Costa estão engordando, eu estou passando fome, há tanta variedade de comida que tenho que fechar a boca. Fui para academia, fiz uma aula de aero dance (queria ter dançado um ótimo forro “rala coxa”, aqui eles nem sabem direito o que é isso, coisa clássica, eu sou “baixo”). Como estava sozinho mesmo, fui meditar na parte mais alta do navio de novo. Estava sentindo falta do por do sol brasileiro. Estamos já navegando por águas sulistas brasileiras. Como é bom sentir que estou quase em casa, sentir que o sol além do horizonte faz-me meditar e relaxar, mesmo que isso tudo, se torne uma descoberta interior e individual. Amanha estarei em Porto Belo, Santa Catarina, “gurios”.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Punta del Est, a riviera uruguaia.


“– Ai que absurdo! Eu quero aquele Volvo com um vampiro dentro. Tem como?” (Paty Beijo)

Esperamos muito tempo para poder embarcar nos catamarãs, meu pai havia perdido a hora (coisa normal de Fabiano). Chegando ao porto, não se falava de outra coisa: “Que lugar é esse? Eu quero morar aqui.” As ruas são como as de novela, com desfiles de carros (Volvo, Ferrari, Audi, BMW). Aqui você pode dizer: - Eu tenho um carro. As casas de frente para o mar e os barzinhos são os complementos de um calçadão. Decidimos achar o centro da cidade, uma praça com uma feira de artesanato local. Pegamos um táxi tour. Partimos rumo à orla (onde fica a Ilha da revista Caras), o encontro do rio La Plata com o oceano, Praia Brava com suas mãos saindo da areia, seguimos depois até os bairros argentinos e brasileiros. Todos aqueles palácios, festival de competição de jardinagem, carros estacionados na porta das casas que não possuem muros, tudo isso fazia me recordar de minha vó, ela se amarra nessas coisas. Para você ter uma idéia, aqui o salário mínimo é de 400 dólares, só o jardineiro da casa da família Grandene (empresa brasileira) recebe seus lindos 1.500 dólares ao mês, imagina quanto que não ganha um gigolô aqui? Se nada der certo em vez de virar Hippie ou me casar, eu posso vir para cá - simples assim. Passamos pelo Conrad hotel que faz parte da rede Hilton de hotéis – a diária é de 600 dólares, a mais simples, você paga a comida do cachorro da Paris Hilton, BABE! Pedimos ao nosso motorista que nos informasse sobre uma churrascaria boa e barata. Sentimos a diferença na hora, comparando com os bistrôs argentinos: fomos muito bem atendidos, prato de primeira qualidade, serviço de mesa rápido e eficiente – totalmente diferente dos argentinos que possuem o rei na barriga. Até o chorizzo (seria o nosso contrafilé) é melhor que o deles, fiquei estupefato. Não tínhamos muito tempo, tínhamos que já voltar para o Costa. Fomos até o Freedo nos despedir daquele maravilhoso sorvete, nunca havia visto nada igual. As pessoas de Punta Del Lest possuem grana, sabem como gastar seu salário, escolhem as melhores coisas, mas não esquecem que a vida tem que se viver. Você pode possuir muita coisa, mas não ter nada. Aqui eles têm muita coisa e não deseja guardar para depois. Creio que o Dolce far Niente é usado aqui. Uma cidade do litoral. Com pessoas bonitas. Com belas e suculentas comidas.Tudo ao redor é aproveitado: praia, carros, comida, homens e mulheres. Precisa de algo mais? Punta Del Lest, eu te amo!




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Buenos Aires, segundo dia, último dia nela.


Meu Deus! Buenos Aires parecia Angra dos Reis quando está para chover, o céu todo preto. Tive que me contentar com um bom café, o dia seria longo. Arrumo minha mochila: 4 garrafas de água, máquina, óculos de sol e dois mapas. Chego ao porto através de um ônibus vermelho – Tudo me lembra Londres, bloody hell dude! Meu pai despede-se de mim com a seguinte frase: Você irá ficar bem sozinho? Juro que a minha vontade era de fazer uma retrospectiva de toda minha vida, para ele ficar ciente dos fatos e como sou um doutor em “se virar”. Sigo pelo bairro Retiro – Volta Redonda me prossegue – que é muito barra pesada. Meu cú não passava nem uma agulha, se quer. Se você achar a Torre Inglesa em Buenos Aires, você acha todos os lugares. A trilha C do metro passa por ela. Achei o monumento libertador General San Martin, e uma homenagem aos que foram abatidos na guerra das Malvinas. Pergunto como faço para chegar ao Obelisco, passo por ruas e mais ruas argentinas – confesso que nunca tinha usado um mapa na vida, me virei quase bem. Quase perdido encontro uma cabine, ligo para minha vó no Brasil. Ela quase não acreditou quem era (eu tive que brincar começando a falar portunhol). Ela não sabia se falava rápido, o que falava, o que perguntava, eram quatro dias sem notícias. Obelisco, estação do metro principal, linha D – primeira vez que ando de metro e me lancei nos subterrâneos de Buenos Aires. Eu havia lido em um blog sobre não deixar de ir a Plaza Itália e tudo que a rodeia, eu não tinha muito tempo (apenas 3 horas). Vi a entrada do Jardim Zoológico, fui ao Jardim Botânico e segui até o Jardim japonês. Eu já tinha ido a um jardim desse tipo em Poços de Caldas (MG), mas igual esse, nunquinha. Quero um dia namorar naquele lugar, andar de mãos dadas e comer cachorro quente fora do parque (nada é perfeito). Pego um taxi, estava longe de Puerto Madero onde decidi almoçar no mesmo bistrô de ontem. Se você dá corda para os argentinos taxistas, eles rodam com você no melhor estilo “guide turist”. Mas até que não foi caro, vi onde era Recoleta, onde a Luciana Gimenez tem casa ou se hospeda, o canal 7 (sede da televisão), a flor que se abre com o dia e se fecha com a noite (que coisa inteligente, senhor!), onde os presidentes se hospedam ( Alvear Palace Hotel) e seguimos até o Puerto. Como meu Ojo de bife novamente com batata frita (existe coisa mais gorda? Depois tenho que me acabar no spinning e na esteira). Sigo andando até o porto guiado pela Torre Inglesa. Eu me sentia orgulhoso de mim mesmo. Eu me virei sozinho em uma cidade desconhecida, romântica e perigosa em partes. No spinning conheço uma bela moça, Juliana. Trocamos algumas idéias na esteira – uma das desconhecidas conhecida mais simpática que encontrei nesse navio depois da moça alemã que me vendeu a jóia da minha mãe. Estamos navegando pelo Rio La Plata rumo a Punta Del Lest. Espero a pizza começar a sair do forno, queria alguém comigo agora. Apenas para conversar ou não. Se ela andou em Buenos Aires tudo ou ficou faltando alguma coisa. Eu sinto falta disso, calor humano, calor brasileiro. Os brasileiros querendo ou não, fazem amigos rápido, os argentinos são mais fechados e patriotas. Mesmo com toda a ufania argentina a qual invejo, mesmo com todo o Tango, os vinhos, os lugares, as comidas, ainda sim, Buenos Aires eu te amo. Buenos Aires para sempre irei te amar!
 



   

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mi querida Buenos Aires.


Finalmente chegamos ao Porto, Buenos Aires me esperava. Tento achar um táxi. Na saída do terminal um argentino teve a cara de pau de cobrar 40 reais para levar-nos até a Casa Rosada. Já comecei a ficar estressado, quando eu falo que não gosto de argentinos em plena sede do governo deles, eles viram a cara – Foda-se! Se você não fizer ou comprar aquilo que eles propõem, eles viram a cara e ainda te xingam, gente mimada. Voltando... a Casa Rosada é linda. O que eu achei mais interessante ao seguir até a Cálida Florida e a galeria Pacífico é que na maioria das esquinas tem uma estação de metro – já fiquei imaginando o meu trajeto que irei fazer amanha sozinho por essa cidade. A Cálida Florida é cheio de lojinhas, lembra muito a Amaral Peixoto de Volta Redonda, como era domingo, as lojas estavam fechadas. Combinamos de almoçar em Puerto Madero, onde se encontra a Pontifica Universidade Católica e os melhores restaurantes de Buenos Aires. Aquele bairro é sensacional, parece as ruas de Miami sendo cortadas por um rio. Eu finalmente pude comer novamente meu “ojo de bife” por $107 pesos (no Brasil seria o coração da alcatra, carne maravilhosa apenas importada da argentina por uma importadora em São Paulo e servida no bistrô argentino-uruguaio de Campos de Jordão ao qual eu estive). As frutas aqui são diferentes, não possuem gosto – o limão usado para fazer a limonada argentina então, nem se fala, Pula! Eu vou valorizar mais a nossa água brasileira – a água daqui é de geleira, possui gosto esquisito e custa 6 reais (mais caro que em Campos do Jordão que era 3 reais). Partimos em direção ao La Boca onde se encontra o estádio do Boca Juniors. Entramos e vemos o gramado. O bairro é barra pesada, temos que nos vigiar de todos os lados. Ao retornar para o Costa, eu tirei algumas fotos do navio para mostrar ao Brasil como o sol dessa cidade é diferente, tudo mudo, tudo fica simples. Traje Social, noite na esquina Carlos Guardel. Um espetáculo de Tango foi uma das coisas mais bonitas que já pude ver – você se emociona, interage e sempre se lembra da pessoa que você gosta, pois o Tango fala justamente disso, do afastamento, do largar, do desapego mesmo gostando. Foi meu primeiro dia na cidade que mais queria conhecer, não gastei um dinheiro se quer (o free shopping do navio é muito mais barato que nas ruas), mas vou dormir pensando e dançando nas pessoas que gosto que estão no Brasil, as quais eu tive que deixar e partir. Eu dançarei o meu tango e “Don’t cry to me aaaaaaaaargentinaa”.    






terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Noite Italiana, Noite dos da noite


 O sol estava na minha janela, eu tive que recusá-lo. Meu corpo estava moído, não iria conseguir levantar cedo e ir tomar café e depois malhar. Aviso no chão, susto e desespero. Quando você chega a um cruzeiro, existe um cartão magnético (serve como identificação – já que eles ficam com a sua identidade na hora do embarque - cartão de crédito e chave da porta) que deve ser registrado em até 48 horas depois do embarque. Para não perder o costume, meu pai esqueceu-se de fazer esse favor para mim. A minha grande sorte foi que eu tive uma hora a mais para tentar achar meu pai no Costa, já que tivemos que atrasar uma hora nessa madrugada. Onde ele e minha madrasta estavam? Galeria de arte, ou melhor, galeria de óculos: CK, vogue, Ray Ban, Dolce Guabana e Guicci. Eu não queria comprar mais coisa, mas não irei gastar com roupas em Buenos Aires, tenha dó. Comprei um lançamento Ray Ban que no Brasil está 1.000 reais, aqui me custou apenas 158 dólares. Essa diferença de câmbio me irrita, por que não podemos ganhar em dólares? O mundo seria mais verde (piadinha sem graça haha). Registramos meu cartão e depois fui fazer mais uma aula de Pilates – todo mundo acha isso uma frescura, mas poucos sabem o quanto ajuda na postura, respiração e musculatura; o foda é que uma aulinha por semana é 60 reais por mês, o mundo não é para todos assim como todos os cachorros merecem o céu. Depois do almoço, foi a primeira tarde que consigo ver alguma programação brasileira, estamos em mares uruguais e chegaremos amanhã ás 10hrs em Buenos Aires, apenas por causa dessa proeza que consegui ver TV. Spinning, carrego meu pai – atleta de final de semana, conhece?-  para botar uma carga moderada pesada e subir na pegada 3 para chegar antes de todos ao nosso destino. Conseguimos ver pedaços de terra no horizonte. Terra á vista! Jantando no Raffaelo,usufruímos do melhor divertimento italiano. Comida e dança. O Costa apenas gritava: Viva Itália! E eu como bom descendente de italiano não poderia ficar sem dançar o LA LA LA LA LÁ! Depois que todos foram dormir para acordarem dispostos para um belo dia de conhecimento da nossa romântica Buenos Aires, fui até a parte mais alta do navio. Não havia ninguém, aproveitei para refletir. Quando decido ir embora vejo um adolescente bem ao fundo, com o casaco com capuz tampando seus cabelos e sozinho. Pude perceber que todos os que nasceram para se sentirem sozinhos são pessoas da noite, quando todos estão em suas camas ou fazendo outra coisa, nós saímos e procuramos nosso canto. Não queremos que ninguém nos ouça, ninguém nos veja e que não sejamos perturbados, pelo menos naquela hora, pois é exatamente isso tudo que não queremos no fundo. Apenas uma pessoa da noite, entende a outra. Duas cadeiras distantes, dois pensamentos quase iguais. Pobrezinho, mal sabe ele que a vida não escolhe quem é de dia ou quem é da noite, ela seleciona o equilíbrio. Eu queria ser a pessoa do crepúsculo, nem dia e nem noite, apenas um traquinas meio a meio.      




domingo, 16 de janeiro de 2011

Noite de Gala, Noite Milano.


Hoje, eu praticamente cai da cama. Acordei ás 07hs30min e fui tomar um banho gelado. O mar estava estável, então o Costa não estava balançando muito. Pensei em pedir um café na cama do restaurante Michelangelo, mas iria ter que ficar mais alguns minutos em minha cabine, a claustrofobia não deixou. Tênis, boné e roupa de academia. Chego ao corredor e Fitha (meu mordomo) já estava acordado, preparando seu carrinho de limpeza. Sinceramente, o sorriso desse meu novo amigo me contagiou, não tinha como ficar de mau humor notório matutino. Na mesa, comendo meu pão integral e meu queijo alemão, estava um casal de argentinos. Não é nada pessoal, mas eu odeio o idioma espanhol – palavras difíceis, não consigo acompanhar, recorda-me cigarros e cervejas. A dona era linda, parecia também descente de alemã como eu. Começamos a conversar justamente disso a partir de uma pergunta vindo dela se eu era de descendência italiana. Como meu espanhol é péssimo e eles não falam inglês, a conversa ficou com um gostinho de quero mais e tudo em um idioma só, de preferência. Saio para ver o dia, subo até o 12º andar, o dia ainda estava nublado. Sentado em uma cadeira estava um senhor de idade, olhando e apreciando o horizonte. Tomo um susto quando ele pergunta-me se eu já tinha visto baleias e aí conversamos durante 30 minutos: Ele é (ou já foi) dono de umas concessionárias de carro e já foi mecânico – para quem já leu o livro “o caminho do guerreiro pacífico”, viu que o tal Sócrates era também mecânico, na hora eu recordei-me desse livro. Será ele meu mestre? Sempre aprendi que os mais velhos são museus ambulantes, sabedorias milenares. Deu minha hora para academia, tive que partir. Bicicleta, Spinning (- Querida professora, a senhorita me arregaço!) e Pilates. Estou me sentindo nas nuvens, tudo que Liz Gilbert pode comer na Itália, eu estou comendo aqui – é comida de passarinho, pedreiro comendo no restaurante fino como o Michelangelo, passa fome. À tarde, tive a minha primeira aula de italiano, a língua é fácil, mas tem tanta coisa na minha cabeça que eu apenas pude me divertir com as perguntas de algumas argentinas. Eu estava evitando passar pelas lojas, não resisti. Estava tendo um estande com colares e brincos da joalheria Swarovski. Cada mulher é uma jóia por dentro, mas essa jóia também tem que ser mostrada por fora. Comprei um colar para minha mãe, ela nunca ganhou um brinco de ouro se quer na vida – ela é a minha guerreira, isso foi pouco, mas foi a coisa mais brilhante que já vi. Resolvi relaxar na sauna. Terno e gravata. A noite de gala começara. Todos reunidos, perfumados e exalando glamour pelos corredores. Foi uma das noites que mais comi, creio que eu comi “chorisso” argentino – é o nosso filé mignon muito mais saboroso e macio e mais gordinho, pois para os nossos “hermanos”, carne boa é carne de filhote de boi e eu concordo com isso, mesmo achando uma banalidade. De presente recebemos um musical – In Concert – quase no nível dos pequenos musicais da Broadway. Cheguei a minha cabine e contando, ainda tenho 1.000 reais para gastar nas próximas paradas, eu mereço regalias como hoje. Mesmo que isso tudo seja em dólares. Mesmo que isso tudo seja Milão amor, Milão!