terça-feira, 30 de novembro de 2010

Estufa.Compras. Au Pair.

   Nasce um dia nublado aqui em Angra.
   Mas até o "nublado" daqui é diferente: em Volta Redonda quando o tempo fica assim ou é porque vai esfriar um pouco ou porque na parte da tarde irá chover, mas aqui em Angra quando acontece esse tempo é porque vai ficar abafado, irá fazer sol e chuva e você irá se arrepender se sair de casa a não ser para um bom banho de mar no estilo farofeiro.
   Desisto de ir correr cedo (tenha dó! eu estou de "férias" e tenho que acordar ás 6 horas da manhã para correr lindo e moreno? Na segunda não dá. Punto e Basta). Levanto já escutando "Firework - Katy Perry", simplesmente a música mais "auto-estima" que eu já escutei. Minha mãe já estava lépida e saltitante para irmos ao centro fazer o que ela mais gosta nas horas vagas: comprar, usar o cartão de crédito, ir no banco, fazer amigas vendedoras, escolher sapatos e tênis, escolher roupas, passar na famácia, ver trajes de banho e arrumar alguns passeios para o fim de semana. Eu amo isso também, mas hoje? Angra estava uma estufa, mas lá fui eu, falso e sem paciência.
   No ônibus, eu prefiro nem comentar - alunos mal educados gritando, gemendo e chorando naquele vale de lágrimas, pessoas te empurrando, enconxando e querendo arrumar increnca. Nem Maracugina iria me acalmar mais que um Adidas novo. Assim que desembarcamos na doce, quente, abafada, nublada Angra, fomos direto ao banco e depois rumo as compras. Para andar com a minha mãe: primeiro você tem que ter paciência, segundo você tem que opinar mas não "na lata" dela e da vendedora e terceiro saiber ser um bom persuasor, porque se não você irá ficar sem o seu dinheiro e o dela também. Fomos na minha loja preferida, a dona simplesmente me ama e eu amei o desconto que ela ofereceu (desconto no bolso, consumidor feliz e fiél).
   Após essa jornada, voltamos para casa exaustos. Fui para praia e depois tinha o compromisso de cuidar das crianças. Juro, não tenho cara de "baby-brother", mas primos são primos. Fiquei como um verdadeiro Au Pair só que no Brasil - droga. Os anjinhos, agora, já estão dormindo, todos sem banhos tomados, apenas de bucho cheio. Começa a chover. Fico aqui nessa casa com uma varanda imensa de frente ao mar pensando sobre esse blog: Será que vai ser igual ao filme "Julie e Julia"? Confesso que isso é meio louco, mas espero está fazendo algo que sirva como um escape na rotina de cada um, não almejo a fama mas gostaria que ela chegasse até a mim, não preciso que algum texto meu seja publicado para virar um escritor verdadeiro. Não vou ficar famoso publicando receitas, mas sim com estórias de vida.
   Mas agora, como diz o ditado: "Enquanto os os gatos saem, os ratos fazem a festa". Tv, WI, PC, geladeira farta a disposição - algum "adulto primário" precisa de mais alguma coisa em uma noite de terça-feira chuvosa? Dispenso comentários de pessoas maiores de 18 anos (no mundo de hoje, acima dos 12 anos, com a minha pessoa sendo bastante ingênua), porque sim, Há. 

   xoxo,
   o garoto do seu blog.

Lost Case. Desafio. Sentimento de Pai.

“Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira." (Tolstói)

Hoje estou rodeado de crianças. Acordo com o barulho do telefone. Era minha tia questionando-me por que eu ainda não passei na casa dela. Vendo todos os acontecimentos meus passados, ela seria a última pessoa que ligaria para mim, já tivemos tantas brigas, afinal dois bicudos não se batem e sim, se questionam. Fui para casa dela sobre um sol escaldante. Fui recebido com verdadeiras puladas acrobáticas da cachorrinha que tanto me ama. E como de costume, ela me contou dos últimos “baphos de onça” de sua família. Kayky, meu priminho, estava almoçando e estava tão empolgado com a minha presença que até surpreendeu-me.  Fui tomar um banho de mar antes de almoçar. Nossa! A praia não mudou nada, mas eu estava sentindo alguma coisa diferente, devia ser eu. Antes de a minha prima chegar, minha tia desabou em meus ombros contando sobre ela: “- Eu não agüento mais! Ela não me ama, ela se junta com o pai e fica me difamando e eu não posso fazer nada. Para todos ela é um caso perdido.” Eu olhei aquilo abismado e chocado. “Nobody is a lost case”. Imagine só, uma mãe abrindo mão da filha no momento que ela mais precisa? Não, isso não pode acontecer. Como sempre eu aceitei o desafio, psicologia em ação. A pessoa em questão chega da escola, Karol, conversamos na mesa: mãe, filha e eu. Acho que fazia tempo que as duas mal se encaravam. Não estou tentando ser uma “Super Nany” da vida, longe de mim, mas alguma coisa tinha que ser feita. Simplesmente conversamos sobre coisas de terror, um dos temas preferidos da filha da minha tia. Ficamos 3 horas contando fatos e eu observando os sinais corporais (uma coisa é certa: quando você aprende os truques, não para de reparar as pessoas nunca), depois disso, as duas estavam aliviadas. Naquelas horas, ela era a menininha que eu conhecia desde quando nasceu; a menininha que sempre me chamo de “thu”, a menininha amável que todo adolescente pode ser quando você oferece atenção, comodidade ao falar, segurança em seus atos. Concordo, que adolescente tem as fases, eu tive a minha fase também. Eu fui um caso perdido, mas tive alguém para falar: “- Eu estou aqui, você pode confiar.” Uma pessoa que escuta “Imagine – John Lennon” não deve ser tão ruim assim, né? Para relaxar, levei o Kayky para tomar sorvete, brincar na praçinha, e agora ele está chorando. Como criança né? Sempre quando brinco com ele, desperta aquele sentimento de ser pai, eu sonho com isso muita das vezes, mas agora, Percy Jackson e o ladrão de raios na TV para acalmá-lo. “Primo-pai” não é apenas diversão, Arriba!

Loucura. Lágrimas. Mudanças


“– Que falta faz um vovô para um netinho, né?
 - Sim, muita. (*Meu pensamento: não só um avô como uma avó como vocês. Ainda irei procurar a pedra filosofal para eternizar suas presenças. Eu amo vocês e é mais infinito que o universo).”

 Acordo com meu avô passando mal, sintomas de labirintite (muitos acham que são apenas sintomas de tontura e mal estar, mas isso vai muito além dessas meras inconveniências). Como de costume, perco o horário de ônibus – sou um iludido, como poderia acordar ás 7 horas da manhã depois de ter ido dormir ás 2 horas da madrugada e ter deixado mais uma desilusão para trás? Vou para rodoviária, troco a passagem, volto para casa. Minha avó começou a dar sintomas de despedida, não gostei disso. Fui correr no sol escaldante, queria todo o meu suor, problemas, preocupação fora de meu corpo. Quis encontrar a minha meditação correndo o mais rápido possível. Sento para almoçar e ela senta-se ao meu lado. Eu conheço tão bem aquela lindona, reconheceria o tom de sua tristeza pelo telefone. Hora da despedida. Meu avô na cama em repouso e ela na sala, tentando demonstrar toda sua força e coragem. Ao me abraçar, lágrimas sobressaíram de seus olhos – como sempre, eu me contive.  No ônibus, eu desabei. Estava pouco me lixando para o que o povo estava pensando, mas era o meu momento e não queria ninguém dando palpite. Quando cheguei a Lídice, encontrei um amigo. Pegamos o Eco Sport rumo ao desconhecido. Botamos o papo em dia de tanto tempo de afastamento devido as nossas cidades diferentes.  “- Para onde vamos, Arthur? - Tarituba, Paraty. Estava quase na hora do entardecer ao chegarmos, entramos no mar de short e tudo e apreciamos o momento que poucas pessoas costumam valorizar: a despedida do sol, o encontro dos anjos e a aquarela de cores sobre o mar e o horizonte. Senti-me como um adolescente. Botava o rosto para fora do carro e a minha sensação era de gritar: "- Eu sou livre para fazer o que EU quiser!" E foi o que eu fiz. Cheguei a casa com a minha super mala, minha mãe foi pega de surpresa (não avisara a ela de minha chegada). Out of the blue, minha avó liga, preocupada, perguntando se eu havia chegado bem. Mais choro. Foi naquele momento que eu decidi: Vou ficar na Vila Histórica de Mambucaba, Angra dos Reis. Não preciso de dinheiro da Ilha Grande. Preciso de família. Quero passar o Natal junto a minha casa, junto com as duas pessoas que eu mais amo, pois mesmo assim terei que deixá-los em janeiro de novo. Reconhecendo e ratificando todas essas idéias em um banho quente e relaxante pude chegar a uma conclusão: Há algum propósito aqui em Angra. Posso ir à Ilha Grande no momento que melhor me convir, mas é neste lugar, onde vivi seis anos de minha vida que vou descobrir mais uma parte de mim. Junto com as minhas irmãs (nunca tive muita intimidade, sou um desconhecido a seus olhos), com o meu padrasto (sempre discutimos, brigamos e nunca nos entendemos muito bem) e junto com a minha mãe (uma pessoa que foi mãe aos 15 anos, não teria como transmitir um amor que nunca teve, um carinho que nunca recebeu; uma pessoa que um dia ainda poderei falar: - Minha mãe, obrigado por me conceder). E aqui estou eu: em uma mesa escura, ao lado da antiga igreja, escutando o barulho do mar, olhando uma fogueira de amigos na praia. Estou tendo uma boa ligação aqui em Angra, ligação esta que está apenas começando, mas que começou com o pé direito. 




sábado, 27 de novembro de 2010

Passeio. Despedida. Abertura.


Levanto tarde. Minha madrugada foi simplesmente londrina. Não sei como podem existir pessoas que moram longe e você sente que são suas almas-gêmeas. Falamos de aventuras, antigos relacionamentos e ligamos a web cam. Foi a primeira vez que eu cantei para alguém. Não foi alguém comum, mas sim um “everything”.  Rimos e nos emocionamos e nos admiramos. Casei. E assim o dia chega com a realidade na bagagem. Acordo e já tenho que almoçar, será que perdi a noção do tempo? Poxa, com ela, eu perderia (junto com nossos filhos, Heitor e Rosalie, e até com a Pipoca – sim, ela quer esse nome no cachorro). Terminei de arrumar as últimas coisas na mala, não sei como irei carregá-la por tanto tempo, preciso de um Hércules Delivery. Pego o último “15” deste ano rumo à rodoviária. 9 horas do dia seguinte é a hora escolhida. Encontro com um amigo. Rimos, conversamos e principalmente buscamos entender o meu comportamento restritivo, retraído, inafetivo. Abro as portas de meu passado e conto algumas partes gélidas e indeléveis. Não procuro pena, compaixão e nem piedade, mas sei que já tenho muita bagagem e muitas migalhas na mochila. Foi difícil explicar toda uma depressão, toda uma falta de carinho para com uma criança, todas as muralhas feitas à base de ferro e aço para se proteger de tudo e de todos. Um Arthur que eu tive que criar para que eu mesmo viva bem e tranqüilo. É difícil você se expor. Não era uma aula de análise e sim, uma conversa de amigos. Para mim foi como que se a cada momento uma migalha foi saindo da mochila e se despedindo: “- Você não precisa mais de mim, to vazando!” Mesmo tendo todo essa sobrecarga de emoções, eu sobrevivi. Voltei para casa com uma vontade louca de comer e conversar com alguém. Um alguém que talvez eu nem conheça um dia. Um alguém que hoje eu cuido a distancia sobre um céu sem estrelas, uma noite amena e um computador. 


Então é Natal. Enfeites.Talismã


Árvore, bonecos de neve, flores. É tão engraçado o clima de Natal das pessoas. Minha amiga recebe um e-mail todos os dias com a contagem regressiva dessa data tão festiva, acolhedora, família. Para uns é tempo de comemorar, para outros o Natal é um trauma. Vendo por este lado eu até concordo: não queria estar em um abrigo e não poder abraçar quem eu gosto, ser criança e não poder ter a magia de sentir que alguém se lembrou de você e trouxe um presente, um carinho, um agrado; não queria sentar sozinho a mesa tomando um vinho e desejando feliz natal a meu cachorro. Festa. É disso que eu gosto. Luzes, magia, encanto. Hoje minha casa parece um parque temático: A casa do Papai Noel dos Barboza. Mesmo tendo alergia a poeira, fiz questão de ajudar no mínimo que eu pude. O resultado não podia ser diferente: merecia até uma foto e um post em um desses anúncios de casa decorada. Minha avó, como de costume, muito habilidosa e muito delicada montou a sala de estar que eu vou lembrar quando estiver longe, comemorando o Natal em lugar que não me pertence, não é onde o meu coração está. Falamos de comida, de que doces iremos preparar, que pessoas iriam se alegrar em passar o natal com a gente, como serão nossos agradecimentos, mas nunca se esquecendo do verdadeiro aniversariante. Depois de tudo pronto nos sentamos no sofá que ainda contém cheiro de novo, acendemos todas as luzes e rimos. O que eu pude sentir foi uma onda nostálgica e avassaladora que me tirou de onde eu estava e apenas deixou em meu corpo a felicidade daquele momento. Eu, minha vovó e meu vovô (confesso que nunca usei esse tipo de termo, mas acho o mais apropriado para expressar o espírito protetor que tenho para com eles). Família, pela primeira vez eu vi o que era. Meus avós, meu talismã que está no centro dessa união. Minha lindona, Meu herói. Eu amo vocês -Dim blon, Dim blon.




Para Sempre, Com Sempre, E Sempre


"- Quem é minha Best?
  - Eu, Biii Linhares."

Uma das operações mais lindas que um ser humano pode realizar é a reciclagem de uma amizade. Primeira vez: Ela estava na mesa do recreio no mesmo colégio que eu estudava e nunca antes fomos aprensetados um ao outro. Tensão, véspera de teste. “– Boa sorte!” Segundo ano: Fui trocado de turma por motivos de mapeamento e bagunça. Em que turma me encaixo? Simplesmente na dela. Terceiro ano: brigas, amizade, dois mimados. Somos o exemplo perfeito que dois iguais não se atraem, mas que se combinam. Não adianta reclamar, uma hora um vai ter que ceder e abaixar a cabeça. O problema é: quando? por que devo fazer isso? Por que ele (a) merece meu respeito? Por que ele (a) fala coisas que não entendo e não concordo, quando Senhor? A solução está em nossos olhos, em nossos corações. Quando a força da amizade faz cair nossas mascaras oculares permitindo, assim, que enxerguemos melhor qual lado está mais equilibrado. Não falo em “dar o braço a torcer”. Estaria sendo hipócrita e irracional com minhas próprias convicções. Falo em você colaborar com a teoria do outro, incrementando suas emoções, seus desejos, suas vivencias. “água mole e pedra dura tanto batem até que fura”. Eu e minha Best já tivemos nosso momento “durepox” e hoje podemos dizer: Somos uma amizade renovada. Como listras de zebras, o preto e o branco têm que estar unidos para dar aquela característica inata da zebra, mas não se combinam não se misturam, mas sim dependem um do outro para se complementarem. Hoje eu sei, por onde quer que eu vá, levo você no olhar. Você fez parte da minha vida e me ajudou a escrever minha história. Poucas pessoas têm amigos, os meus eu não vendo, não alugo e não empresto.  Quero-os para sempre, comigo e sempre.