“– Ah, eu to com ele!
- Ela está com você?
- Ela está com você?
- Sim. ¬¬' ”
Acordo com sintomas de saudade. Angra amanhece com um tempo
fechado e medroso. Decido dar uma passada na minha tia para ver minha cachorra
– o melhor amigo do homem sucedido pelo chocolate. Estava esperançoso pelo
conserto da máquina fotográfica da minha tia ter dado certo, mas nada feito. Eu
era um ignorante no sentido “água do mar” em acessórios e acabei perdendo mais
uma necessidade vital – detalhe que roubaram a minha Sony no casamento dessa
minha mesma tia em um Buffet hiper famoso de Volta Redonda portanto ela deixou
eu usar a dela. Resolvi passar para ver a tal “fuga de foco” que havia postado
anteriormente – simplesmente liguei o “foda-se” para melhor dizer. Fomos juntos
até o centro resgatar a perdida máquina. Confesso que estava precisando de um
conhecimento mais afundo para nos conhecermos melhor, afinal encontros em praia
você geralmente não tem muito que dizer. Tive que controlar todo o meu ciúme na
volta para casa, pois simplesmente desconhecidos começaram a conversar com ela
vendo o ar turista que ela exala. Psicologia, autocontrole e confiança são os
melhores remédios nessas horas. Chegamos ao nosso ponto final e decidimos ir à
praia. Como dizem os surfistas: “O mar estava para peixe”. Depois de 6 anos,
desde que fui embora da Vila Histórica, fui tocar em uma prancha de novo. No
começo fiquei com medo de dar vexame - imagina a cena né. Tive que rir dos
caldos que ela levou, tive que rir da sujeira em nosso corpo por causa da maré
do rio e tive que rir das ondas que pegamos. Machuquei-me e ainda alonguei toda
a minha coluna em um caldo que me fez partir em V – fiquei até sem voz,
sensação horrível. Quando estava anoitecendo ficamos olhando Paraty e seu por do
sol. Naquele momento, eu pude ver que eu não poderia privar-me de sentir tudo
que eu estava sentindo, mesmo ela sendo mais nova, de perder todos os momentos
que eu estaria perdendo tentando manter o foco ou estando na Ilha Grande que
era meu objetivo principal e primordial. Eu, simplesmente, era para estar ali e
com ela. Sei que amor de praia não sobe serra e quando o verão acabar, “já
era”. Mas eu vou poder dizer que fui louco por ela e não foi “apenas um sonho”
como eu sempre comento. O diferente disso tudo é que eu permiti a mim mesmo
viver toda essa “fantasia” (ou o nome que quiseres atribuir a isso, loucura
também achei sensato). Esse pedaço de “verão” está acabando, mesmo contra a
minha vontade. Sinto que ainda poderemos descobrir desenhos em nuvens, contar
nossos pesadelos e até nossas coisas fúteis, em algum outro por do sol como
vimos hoje.
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