segunda-feira, 26 de março de 2012

“ - Scusa, se Io sono un imbranato”


       É impressionante como a vivência nos traz experiência. Acho-a ainda mais bela quando ela coloca pessoas maravilhosas em nossas vidas. Não sei o porquê deu estar escrevendo, apenas quero botar tudo que sinto para fora de uma preocupação latente e que em muito tempo do meu dia torna-se efêmera ou duradoura. Condição esta apenas estabelecida por palavras ou atitudes que chegam até a mim.
       Hoje faz 2 semanas e 3 dias que começamos a namorar. Ainda não consigo acreditar que estou a mais de duas semanas gostando de alguém. Digo isso por eu sempre ter facilidade em gostar, mas possuo a mesma habilidade de afastar as pessoas que eu gosto ao mesmo tempo. Não sei se é a mania de ser auto-suficiente ou medo de se entregar, se é falta de coragem para admitir o que eu não entendo, ou simplesmente por não acreditar que verdadeiros casais existem. “E forse l'ho capito e sono qui”.
       A relutância em te encontrar pela primeira vez era de natureza polissêmica que seria prolixo discutir em apenas uma conversa. Ao mesmo que me sentia atraído, algo me puxava pelo pescoço, alertando-me que não poderia dar certo. Se era idade, diferentes tipos de vida, visões de experiência, diferença financeira... Não saberia dizer-te exatamente o motivo, só sei que criei coragem suficiente para ver o que poderia acontecer.
       “Scusa se ti amo e se ci conosciamo”. Momento de verdadeira guerra de quem não queria se entregar primeiro. Penedo é lindo, mas fica sempre mais bonito quando vemos um casal passeando de mãos dadas, olhando as vitrines, contando do pouco que tem coragem de se abrir, tentando se mostrar para agradar. Eu não teria outra palavra que significasse mais o que eu senti do que aquela que sentimos quando tudo está em perfeita ordem. A maneira de dormir, os “espasmos” para relaxar o músculo, a memória de como é seu rosto quando este se encontra levemente repousado em meus braços. Se algum sonho se realiza, não é apenas sonho, deve ser uma realização em algum caminho que também tenha o querer, o gostar, a vontade, o carinho, reunidos na mochila. No dia seguinte, o medo de te perder apenas com a abertura das pálpebras sob o iniciar de um novo dia. A dúvida do reencontro, a certeza de que tudo era real, e que se não fosse, caberia apenas a mim esquecer ...
       “Ciao..come stai? Domanda inutile! Ma a me l'amore mi rende prevedibile”. A chuva que caía naquele dia, o frio que fazia, tornava-se evidente que alguma coisa mudou, não apenas no tempo, com essa mudança do quente para o frio, mas também aquela minha vontade de não querer me apaixonar por alguém, de me entregar. Mando a mensagem mais infantil de todas, espero a resposta, sorrio quando ela foi positiva. Iria realmente encontrar a pessoa que eu tanto queria novamente junto a mim. Um cinema, uma fala que te deixou extasiada enquanto eu ia ao banheiro, o pedido metafórico de namoro, a aceitação tácita, evasiva, mas com toda certeza de que estaria fazendo a coisa certa, com a pessoa certa, em um lugar não muito claro. Sei que pedir para você se abrir, foi algo até mesmo intimidador provindo de uma pessoa que você apenas conheceu a algumas horas atrás. Eu queria te ouvir, sentir o que você sente, se não era apenas eu que estava me entregando, se a noite foi boa ou se aquilo seria o que para muitos era o normal, apenas um encontro.
       “Scusa se non parlo piano ma se non urlo muoio”. Eu queria a intimidade. Criar o que nunca tinha tido direito com alguém, algo sólido de natureza, se possível, concreta. A cada história contada, cada risada, cada beijo, eu ia me apaixonando. Cheguei a casa me perguntando se estávamos fazendo a coisa certa, se não sofreríamos pressão, se o trabalho atrapalharia, se a minha rotina de estudo seria um problema, como seria a reação de seus amigos, se você acataria as minhas condições, se quando eu desse o meu primeiro silêncio, como você iria reagir, até quando iria me suportar...
“Scusa sai se provo a insistere, divento insopportabile, io sono”. A segunda-feira foi àquela espécie de prova da saudade. Focar é algo pedido e necessário, mas impossível de se pensar. A espera de cada mensagem de bom dia, de palavras doces pela manhã, de como tudo aquilo estava sendo importante no rumo do futuro de ambos. Não me canso de esperar, todos os dias, desde aquela segunda, a mensagem de bom dia. Assim que a recebo lembro-me do seu sorriso, o modo como segura minha mão quando está dirigindo, o jeito de falar para me acalmar, as brincadeiras íntimas de casal, “heim”?! O meu dia torna-se outro, e quando eu não te vejo, como naquela segunda-feira, ele se arrasta, torna-se cinza, quase com um sentimento de falta que apenas é preenchido com a sua presença e o seu perfume na gola da minha camisa. Terça é o nosso dia. Almoçamos juntos, o elogio da roupa, o calor rotineiro, as conversar sobre um dia estressante, o obrigado por um amenizar a preocupação do outro, a insegurança, o momento sem falas que tentamos deduzir o que o outro está pensando. Sempre vamos juntos ao Fórum nesse dia. Pelo menos, nossa profissão é a mesma e temos o prazer, até hoje, de poder pegar uma carona no que o outro está fazendo. É reconfortante saber que depois de audiências exaustivas, eu irei ver-te novamente, trocar mais duas horas livres, por horas que são sempre guardadas no momento em que estou na faculdade. Quarta é o dia mais longo da semana. Tirando aquela que você foi me buscar na faculdade, por precisar apenas ficar ao meu lado. Fora essa, é o dia que eu te ligo tarde, atrapalho seu sono, apenas para dizer boa noite. Quinta é sempre muito agitada. Não sei se é porque o final de semana está chegando ou se a dor da saudade bate mais forte. Coincidentemente, é o dia que eu quase deixei você ir embora. O dia do meu silêncio mais terrível, do meu choro sem saída, da vontade de sumir, do momento de sentir que não sou suficiente para você, que você merecia uma pessoa melhor, eu não posso te dar tanta coisa, tanto tempo como você merecia. É um daqueles dias que eu me entristeço quando lembro o seu rosto triste, sua lágrima quase escorrendo, seu medo, seu sentimento de a cada “eu te amo” dito, eu estava indo embora e escapando de suas mãos. Eu provavelmente teria feito a maior burrada da minha vida, por simples especulações minhas, conjecturas que eu deveria te contar, da minha maneira errada de não saber pensar como um casal ainda. Desculpe-me por tudo. Obrigado por fazer entender o quanto você me ama e o tanto que sente a minha falta. Sexta é um dia de casal. O dia que eu nunca tive. De sair para namorar, comer uma boa comida, em um bom lugar e depois consumar todo o nosso amor. Eu não me canso de dizer o quanto aquela noite foi maravilhosa, de ver toda a sua entrega, de pela primeira vez, saber o que era amar uma pessoa suficiente a ponto de se entregar de maneira total, beijar, acariciar alguém que é seu e que deseja que seja assim, sem nenhum outro diapasão. Se toda sexta for sempre assim, o final de semana poderia ter as suas horas reduzidas devido a tanta intensidade.
“Ci risiamo, va bene, è antico, ma ti amo”. Sábado, dia de amigos. Contar aos meus amigos sobre você, aniversários, conhecer seus amigos, seu porto seguro. Tento ser o mais social, procuro agradar sempre. Eu sei o quanto é importante isso para você. Pode ter certeza que é muito mais importante para mim. Eu zelo pela harmonia, de não submeter a ninguém algum comportamento, relacionamento sem a conscientização individual do ato. Quando eu ouvi você falar que me amava pela primeira vez, você bebia cerveja, não acreditei, mas quando respondi, não era mentira. Eu também te amava. Fiquei com medo de você se arrepender no outro dia. Levei-te em casa. Cuidei de você. Dormimos de conchinha. Conheci seus pais. Conheci sua irmã que tanto nos apoiou e que pretendo fazer jus a pessoa maravilhosa que você e ela são. O primeiro dia do final de semana tornou-se o nosso dia “aniversário de namoro”. Domingo foi o dia que escutei o primeiro “eu te amo” seu. Fiquei triste por não ter muito tempo com você, fomos conversar, e de repente você fala: “Eu não agüento mais isto que está aqui dentro. Não sei o que você irá pensar. Só quero dizer que “eu te amo”. Não tenho medo de ser a primeira pessoa a falar isso nessa relação.” Quando te abracei, escondi minhas lágrimas, olhei em seus olhos, e abri meu coração. Foi o dia que mais nos conhecemos. O dia que sempre fazemos juras de amor eterno.
“Ti guardo fisso e tremo all'idea di averti accanto. E sentirmi tuo soltanto”. Eu também tenho receios, medos, insegurança. Temos diferença de idade, vidas distintas, diferentes horários, porém temos disposição para amar, de sentir a mudança que esse sentimento faz em nossas vidas. Eu estava pronto para você. Aguardando o dia que eu iria encontrar quem estava me procurando. A sua voz de sono que me acalma, a sua mudança de hábito, o seu tempo para mim, a sua disposição para dizer tudo que eu preciso ouvir, de não ter me largado por causa das minhas manias e medos. Não tenho medo de construir um futuro com você. Tenho medo apenas de uma coisa: do dia que você enjoar de mim, do dia que cansar de fazer tudo que você faz e diz nunca ter feito por ninguém, de cair na rotina. Eu cuido para que a cada dia possamos fazer com que seja perfeito. A cada dia nossa ligação de boa noite, nosso último sorriso, nossa última frase fazem com que eu me apaixone mais e mais. Desculpe se meu silêncio, quando eu mais quero falar e quando você mais precisa ouvir, reina entre nós. Eu me calo, não por não saber o que falar, e sim, por saber falar o que seria necessário, mas meu coração não deixa por estar batendo tão forte a ponto de deixar as palavras supérfluas e demasiadamente difíceis de serem pronunciadas.
Eu me entrego sem demora, sem desculpas, apenas de coração. Repito isso todos os dias: “Eu vou dormir pensando em você, vou acordar pensando em você e vou passar o dia pensando em você”. Dedicarei o meu primeiro sorriso da manhã à pessoa que o merece, àquela que está dentro do meu coração. – “E sono qui che parlo emozionato e sono un imbranato.”  (Imbranato - Tiziano Ferro)
Espero que tudo dê certo. Eu torço por isso. Eu te amo, Mô! 




  

segunda-feira, 12 de março de 2012

A sua única exceção

             Chego a crer que instigo as pessoas a discursarem sobre relacionamentos. O engraçado que eu nunca tive um se quer para dizer como exemplo. Não conto paixões de adolescente, beijos de uma noite ou “pseudo relacionamentos modernos” porque sei que no fundo não é o que as pessoas querem. Isso é uma fase. Depois de acordar, você ainda vai continuar a só com o seu copo de vodka na mesinha de canto.
O que eu sempre desejei era apenas uma coisa: ser eu mesmo com alguém ao meu lado. Você monta um perfil, acredita e se auto- intitula dono daquelas mentiras que soam como verdades apenas para conquistar uma coisa. Pode até funcionar, mas isso não dura muito tempo. Você cansa de ser ator 24 horas por dia. Aprendi com Martha Medeiros que nos apaixonamos pelo jeito da pessoa. As características nem sempre podem ser ditas e nem todos os porquês respondidos. Hoje eu acredito em exceção.
Haverá pessoas que o ciúme não trará dor de cabeça para ela, trará segurança. Sua possessividade será demonstração de afeto que a pessoa tanto precisa para poder se abrir. Ela vai te instigar a escrever, a cantar canções cafonas. Vocês irão escutar “California King Bed” em um carro embaçado de tantos beijos que ali estiveram presentes, sob a sua condição que será o único a ter esse direito enquanto vocês estiverem juntos.  Você encontra um equilíbrio. Seu medo e sua insegurança não serão apenas seus inimigos, pelo contrário, eles estarão guardados. Ela demonstra ser o que você julga que ela seja.
Acordará em um dia de domingo sentindo falta dela, o cheiro ainda no travesseiro. Lembrará dela saindo do seu portão e você tendo que ir dormir com o seu cachorro para não se sentir só, ou pelo menos tentar. Ela vai te acordar no meio da noite. Precisa dormir abraçada, com as mãos dadas e os pés entrelaçados. Quando você pergunta o porquê que você recebe tanto carinho, ela não vai ter uma resposta concreta, ela sente que você precisa de carinho, mesmo não conhecendo parte de sua história. Você irá sair do cinema e perceberá que a hora voou e quando está longe dela, a hora passa devagar. Você conseguirá superar seus anseios de não atrapalhar, ou não ligar. A verdade é que apenas houve uma falha na comunicação.
Quando se dá por si, sai do carro sozinho, sorrindo, olhando para o farol que cintila virando a esquina. Você agradece pela noite, pela pessoa existir, tão perto e tão perfeita. Suas cartas estão na mesa, por que não tentar? Já esperou demais. Se essa é a sua chance, com certeza, é um prêmio do destino. Só quero que entenda que um dia você também ouvirá: “Eu pensei em você ontem, passei o dia todo pensando em você hoje e amanhã acordarei pensando em você!”
A sua exceção não será a pessoa que falará para você se cuidar, e sim, aquela que se prontifica a cuidar de você. Acredite. Isso tudo existe.