É
impressionante como a vivência nos traz experiência. Acho-a ainda mais bela
quando ela coloca pessoas maravilhosas em nossas vidas. Não sei o porquê deu
estar escrevendo, apenas quero botar tudo que sinto para fora de uma
preocupação latente e que em muito tempo do meu dia torna-se efêmera ou
duradoura. Condição esta apenas estabelecida por palavras ou atitudes que
chegam até a mim.
Hoje faz 2
semanas e 3 dias que começamos a namorar. Ainda não consigo acreditar que estou
a mais de duas semanas gostando de alguém. Digo isso por eu sempre ter
facilidade em gostar, mas possuo a mesma habilidade de afastar as pessoas que
eu gosto ao mesmo tempo. Não sei se é a mania de ser auto-suficiente ou medo de
se entregar, se é falta de coragem para admitir o que eu não entendo, ou
simplesmente por não acreditar que verdadeiros casais existem. “E forse l'ho
capito e sono qui”.
A relutância em te encontrar pela primeira vez era
de natureza polissêmica que seria prolixo discutir em apenas uma conversa. Ao
mesmo que me sentia atraído, algo me puxava pelo pescoço, alertando-me que não
poderia dar certo. Se era idade, diferentes tipos de vida, visões de
experiência, diferença financeira... Não saberia dizer-te exatamente o motivo,
só sei que criei coragem suficiente para ver o que poderia acontecer.
“Scusa se
ti amo e se ci conosciamo”. Momento de verdadeira guerra de quem não queria
se entregar primeiro. Penedo é lindo, mas fica sempre mais bonito quando vemos
um casal passeando de mãos dadas, olhando as vitrines, contando do pouco que
tem coragem de se abrir, tentando se mostrar para agradar. Eu não teria outra
palavra que significasse mais o que eu senti do que aquela que sentimos quando
tudo está em perfeita ordem. A maneira de dormir, os “espasmos” para relaxar o
músculo, a memória de como é seu rosto quando este se encontra levemente
repousado em meus braços. Se algum sonho se realiza, não é apenas sonho, deve
ser uma realização em algum caminho que também tenha o querer, o gostar, a
vontade, o carinho, reunidos na mochila. No dia seguinte, o medo de te perder
apenas com a abertura das pálpebras sob o iniciar de um novo dia. A dúvida do
reencontro, a certeza de que tudo era real, e que se não fosse, caberia apenas
a mim esquecer ...
“Ciao..come
stai? Domanda inutile! Ma a me l'amore mi rende prevedibile”. A chuva que
caía naquele dia, o frio que fazia, tornava-se evidente que alguma coisa mudou,
não apenas no tempo, com essa mudança do quente para o frio, mas também aquela
minha vontade de não querer me apaixonar por alguém, de me entregar. Mando a
mensagem mais infantil de todas, espero a resposta, sorrio quando ela foi
positiva. Iria realmente encontrar a pessoa que eu tanto queria novamente junto
a mim. Um cinema, uma fala que te deixou extasiada enquanto eu ia ao banheiro,
o pedido metafórico de namoro, a aceitação tácita, evasiva, mas com toda
certeza de que estaria fazendo a coisa certa, com a pessoa certa, em um lugar
não muito claro. Sei que pedir para você se abrir, foi algo até mesmo
intimidador provindo de uma pessoa que você apenas conheceu a algumas horas
atrás. Eu queria te ouvir, sentir o que você sente, se não era apenas eu que
estava me entregando, se a noite foi boa ou se aquilo seria o que para muitos
era o normal, apenas um encontro.
“Scusa se
non parlo piano ma se non urlo muoio”. Eu queria a intimidade. Criar o que
nunca tinha tido direito com alguém, algo sólido de natureza, se possível, concreta.
A cada história contada, cada risada, cada beijo, eu ia me apaixonando. Cheguei
a casa me perguntando se estávamos fazendo a coisa certa, se não sofreríamos
pressão, se o trabalho atrapalharia, se a minha rotina de estudo seria um
problema, como seria a reação de seus amigos, se você acataria as minhas
condições, se quando eu desse o meu primeiro silêncio, como você iria reagir,
até quando iria me suportar...
“Scusa sai se provo a insistere, divento
insopportabile, io sono”.
A segunda-feira foi àquela espécie de prova da saudade. Focar é algo pedido e
necessário, mas impossível de se pensar. A espera de cada mensagem de bom dia,
de palavras doces pela manhã, de como tudo aquilo estava sendo importante no
rumo do futuro de ambos. Não me canso de esperar, todos os dias, desde aquela
segunda, a mensagem de bom dia. Assim que a recebo lembro-me do seu sorriso, o
modo como segura minha mão quando está dirigindo, o jeito de falar para me
acalmar, as brincadeiras íntimas de casal, “heim”?! O meu dia torna-se outro, e
quando eu não te vejo, como naquela segunda-feira, ele se arrasta, torna-se
cinza, quase com um sentimento de falta que apenas é preenchido com a sua
presença e o seu perfume na gola da minha camisa. Terça é o nosso dia.
Almoçamos juntos, o elogio da roupa, o calor rotineiro, as conversar sobre um
dia estressante, o obrigado por um amenizar a preocupação do outro, a
insegurança, o momento sem falas que tentamos deduzir o que o outro está
pensando. Sempre vamos juntos ao Fórum nesse dia. Pelo menos, nossa profissão é
a mesma e temos o prazer, até hoje, de poder pegar uma carona no que o outro
está fazendo. É reconfortante saber que depois de audiências exaustivas, eu
irei ver-te novamente, trocar mais duas horas livres, por horas que são sempre
guardadas no momento em que estou na faculdade. Quarta é o dia mais longo da
semana. Tirando aquela que você foi me buscar na faculdade, por precisar apenas
ficar ao meu lado. Fora essa, é o dia que eu te ligo tarde, atrapalho seu sono,
apenas para dizer boa noite. Quinta é sempre muito agitada. Não sei se é porque
o final de semana está chegando ou se a dor da saudade bate mais forte.
Coincidentemente, é o dia que eu quase deixei você ir embora. O dia do meu
silêncio mais terrível, do meu choro sem saída, da vontade de sumir, do momento
de sentir que não sou suficiente para você, que você merecia uma pessoa melhor,
eu não posso te dar tanta coisa, tanto tempo como você merecia. É um daqueles
dias que eu me entristeço quando lembro o seu rosto triste, sua lágrima quase
escorrendo, seu medo, seu sentimento de a cada “eu te amo” dito, eu estava indo
embora e escapando de suas mãos. Eu provavelmente teria feito a maior burrada
da minha vida, por simples especulações minhas, conjecturas que eu deveria te
contar, da minha maneira errada de não saber pensar como um casal ainda.
Desculpe-me por tudo. Obrigado por fazer entender o quanto você me ama e o
tanto que sente a minha falta. Sexta é um dia de casal. O dia que eu nunca
tive. De sair para namorar, comer uma boa comida, em um bom lugar e depois
consumar todo o nosso amor. Eu não me canso de dizer o quanto aquela noite foi
maravilhosa, de ver toda a sua entrega, de pela primeira vez, saber o que era
amar uma pessoa suficiente a ponto de se entregar de maneira total, beijar,
acariciar alguém que é seu e que deseja que seja assim, sem nenhum outro
diapasão. Se toda sexta for sempre assim, o final de semana poderia ter as suas
horas reduzidas devido a tanta intensidade.
“Ci risiamo, va bene, è antico, ma ti amo”. Sábado, dia de amigos. Contar aos meus amigos
sobre você, aniversários, conhecer seus amigos, seu porto seguro. Tento ser o
mais social, procuro agradar sempre. Eu sei o quanto é importante isso para
você. Pode ter certeza que é muito mais importante para mim. Eu zelo pela
harmonia, de não submeter a ninguém algum comportamento, relacionamento sem a
conscientização individual do ato. Quando eu ouvi você falar que me amava pela
primeira vez, você bebia cerveja, não acreditei, mas quando respondi, não era
mentira. Eu também te amava. Fiquei com medo de você se arrepender no outro
dia. Levei-te em casa. Cuidei de você. Dormimos de conchinha. Conheci seus
pais. Conheci sua irmã que tanto nos apoiou e que pretendo fazer jus a pessoa
maravilhosa que você e ela são. O primeiro dia do final de semana tornou-se o
nosso dia “aniversário de namoro”. Domingo foi o dia que escutei o primeiro “eu
te amo” seu. Fiquei triste por não ter muito tempo com você, fomos conversar, e
de repente você fala: “Eu não agüento mais isto que está aqui dentro. Não sei o
que você irá pensar. Só quero dizer que “eu te amo”. Não tenho medo de ser a
primeira pessoa a falar isso nessa relação.” Quando te abracei, escondi minhas
lágrimas, olhei em seus olhos, e abri meu coração. Foi o dia que mais nos conhecemos.
O dia que sempre fazemos juras de amor eterno.
“Ti guardo fisso e tremo all'idea di averti
accanto. E sentirmi tuo soltanto”. Eu também tenho receios, medos, insegurança. Temos diferença de idade,
vidas distintas, diferentes horários, porém temos disposição para amar, de
sentir a mudança que esse sentimento faz em nossas vidas. Eu estava pronto para
você. Aguardando o dia que eu iria encontrar quem estava me procurando. A sua
voz de sono que me acalma, a sua mudança de hábito, o seu tempo para mim, a sua
disposição para dizer tudo que eu preciso ouvir, de não ter me largado por
causa das minhas manias e medos. Não tenho medo de construir um futuro com
você. Tenho medo apenas de uma coisa: do dia que você enjoar de mim, do dia que
cansar de fazer tudo que você faz e diz nunca ter feito por ninguém, de cair na
rotina. Eu cuido para que a cada dia possamos fazer com que seja perfeito. A
cada dia nossa ligação de boa noite, nosso último sorriso, nossa última frase
fazem com que eu me apaixone mais e mais. Desculpe se meu silêncio, quando
eu mais quero falar e quando você mais precisa ouvir, reina entre nós. Eu me
calo, não por não saber o que falar, e sim, por saber falar o que seria
necessário, mas meu coração não deixa por estar batendo tão forte a ponto de
deixar as palavras supérfluas e demasiadamente difíceis de serem pronunciadas.
Eu me entrego sem demora, sem desculpas, apenas de
coração. Repito isso todos os dias: “Eu vou dormir pensando em você, vou
acordar pensando em você e vou passar o dia pensando em você”. Dedicarei o meu
primeiro sorriso da manhã à pessoa que o merece, àquela que está dentro do meu
coração. – “E sono qui che parlo emozionato e sono un imbranato.” (Imbranato - Tiziano Ferro)
Espero
que tudo dê certo. Eu torço por isso. Eu te amo, Mô!