Acabo de deixar o píer de Abraão, deixo todas as minhas
lembranças lá. Quando você chega a uma
ilha, você pensa que só terá insetos te picando, mato te pinicando, sol te
torrando. Eu cheguei pensando que teria que me isolar ainda mais do mundo vindo
para cá. Não é bem assim, você se perde do mundo, mas se acha dentro das águas
azuis, dos peixes em seus pés, dos barcos a sua volta. Estou dento da “lancha
da carreira” (não me pergunte por que esse nome se a empresa é Itaipu) passando
pela enseada das estrelas e saco do céu, vento em meu rosto e ouvindo “closer
to edge” (I’m not say, I’m sorry, one day will meet again). É engraçado como
tudo aqui parece uma mistura de linguagens: franceses lendo seus livros chatos,
alemães checando seus passaportes europeus, ingleses quase se desidratando.
Imagino como será o meu desempenho em seus respectivos países, vou ficar tão
perdido quanto? Com meu mapa na mão eu me acho, mas coisas simples fazem-me
sair de órbita. Já posso ver o continente, Angra dos Reis. Hoje eu não queria
embora, porém amanhã pego já uma carona para minha casa em Volta Redonda. Estou
deixando para trás todos os dias que eu fui nadar na praia Preta, nas noites no
píer tomando sorvete finlandês com as minhas irmãs e parentes, das corridas no
final da tarde ouvindo uma música para relaxar e até as noites mal dormidas com
ventilador. No café da manha me despedi da Letícia, uma atriz argentina que se
hospedou em minha casa em uma das nossas quitinetes. Nesses dias conversamos
sobre Buenos Aires (lógico, eu estive lá e ela mora lá), sobre a galeria
Pacífico e seus cremes milagrosos, sobre futebol (realmente existe rivalidade
entre os países, mas apenas entre os homens) e sobre como foi passar 16 dias
nessa ilha sob olhar de uma argentina. Ela deixará saudade e seu amigo de
quarto também, eles foram um dos argentinos mais educados que já conheci. Quero
deixar tudo guardado em minhas memórias e recomendo a todos que precisem de um
tempo apenas para você mesmo visitar a Ilha Grande. Tá, que aqui nem tudo é
barato, mas quem já foi a Búzios sabe a diferença de preço. Cada praia que
passei será única, cada lua cheia será lembrada (na cidade grande você não
consegue enxergar tanta beleza). Ilha Grande, eu te amo!
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)


Nenhum comentário:
Postar um comentário