sábado, 5 de fevereiro de 2011

Inside the boat, inside my memories.


Acabo de deixar o píer de Abraão, deixo todas as minhas lembranças lá. Quando você chega a uma ilha, você pensa que só terá insetos te picando, mato te pinicando, sol te torrando. Eu cheguei pensando que teria que me isolar ainda mais do mundo vindo para cá. Não é bem assim, você se perde do mundo, mas se acha dentro das águas azuis, dos peixes em seus pés, dos barcos a sua volta. Estou dento da “lancha da carreira” (não me pergunte por que esse nome se a empresa é Itaipu) passando pela enseada das estrelas e saco do céu, vento em meu rosto e ouvindo “closer to edge” (I’m not say, I’m sorry, one day will meet again). É engraçado como tudo aqui parece uma mistura de linguagens: franceses lendo seus livros chatos, alemães checando seus passaportes europeus, ingleses quase se desidratando. Imagino como será o meu desempenho em seus respectivos países, vou ficar tão perdido quanto? Com meu mapa na mão eu me acho, mas coisas simples fazem-me sair de órbita. Já posso ver o continente, Angra dos Reis. Hoje eu não queria embora, porém amanhã pego já uma carona para minha casa em Volta Redonda. Estou deixando para trás todos os dias que eu fui nadar na praia Preta, nas noites no píer tomando sorvete finlandês com as minhas irmãs e parentes, das corridas no final da tarde ouvindo uma música para relaxar e até as noites mal dormidas com ventilador. No café da manha me despedi da Letícia, uma atriz argentina que se hospedou em minha casa em uma das nossas quitinetes. Nesses dias conversamos sobre Buenos Aires (lógico, eu estive lá e ela mora lá), sobre a galeria Pacífico e seus cremes milagrosos, sobre futebol (realmente existe rivalidade entre os países, mas apenas entre os homens) e sobre como foi passar 16 dias nessa ilha sob olhar de uma argentina. Ela deixará saudade e seu amigo de quarto também, eles foram um dos argentinos mais educados que já conheci. Quero deixar tudo guardado em minhas memórias e recomendo a todos que precisem de um tempo apenas para você mesmo visitar a Ilha Grande. Tá, que aqui nem tudo é barato, mas quem já foi a Búzios sabe a diferença de preço. Cada praia que passei será única, cada lua cheia será lembrada (na cidade grande você não consegue enxergar tanta beleza). Ilha Grande, eu te amo! 



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