"Find me here, and speak to me. I want to feel you. I need to hear you. You are the light that's leading me to the place where I'll find peace... Again." (Everything –
Lifehouse)
A lua cheia está no céu, a música está a tocar, as estrelas
estão a brilhar na primeira noite fora do horário de verão. Inspiro um breve ar
noturno que entra em minhas narinas fazendo me sentir o cheiro do asfalto sendo
esfriado e da pequena montanha a minha frente sendo renovada. A luz do meu
quarto está acesa, luz que incendeia cada lado obscuro de minha mente. Se seres
humanos não foram feitos para completar um ao outro, a Lua não foi feita para o Sol. Como em uma antiga lenda, em um tempo remoto, existiam dois seres que não
poderiam se apaixonar: o Sol e a Lua. Foram castigados sendo submetidos a
ficarem separados durante todo o dia. Como presente, a frágil e triste lua
recebeu as estrelas para que seu brilho seja sempre apoiado por elas. De acordo com suas mudanças de humor e influências
do ambiente, a Lua possui fases. Quando está crescente é como se fosse uma
criança querendo mostrar todo o seu rostinho angelical, sua necessidade de
cuidados. Quando está cheia é porque está completamente satisfeita com o dia,
ou talvez recebeu pequenos raios de beijo do seu amante Sol durante o
crepúsculo. Ao perder seu brilho aos poucos ela se torna minguante, alguma
coisa a aborrece, talvez a velhice repentina, talvez um ciúme sentido.
Finalmente quando se diz “nova” é porque se encontra na fase da adolescência
querendo sumir do mundo, ninguém a reconhecesse,desejando que ninguém a pedisse
explicação do que fazer e ordens do que deva fazer. O desamparado jovem de
meia-idade Sol quando está bravo por nenhuma notícia de sua amada, abre suas
asas de fogo e aquece seus necessitados mais do que o devido. Ele é gente boa,
estabelece quase uma relação harmônica de muito bom grado para seus
companheiros, ele é temperamental e pode acabar ficando bravo. Com toda essa
situação, o casal não vê saída contra o seu chefe, o senhor Destino. Já pediram
audiência com o juiz, já fizeram B.O, mas nada adiantou, um separado do outro. Resolveram
fugir, como dois apaixonados, reivindicar a ordem temporal. Como exemplo que
todo amante de coração puro consegue o seu momento de ternura, eles mostraram
que o amor prevalece perante o destino imposto e supostamente ratificado. O
eclipse é o momento de encontro desses dois amantes, amantes que foram mal- tratados com amores distantes eternos, que choram em
seus momentos de fraqueza, mesmo assim fazem de tudo para lutar pelo seu amor,
de ter o encontro mais esperado mesmo que isso demore meses, anos, décadas,
séculos. A carência dos dois grandes astros é suprida por nós, durante cada dia
de nossa vida. E diante disso tudo, ainda ousamos falar que não existe amor, que
não quero esse sentimento, que isso só me faz ficar bobo e cego. Lua e Sol,
Romeu e Julieta, John Keats e Fanny Brawne, eu e meu amor (que ainda está por
vir). Cada um supriu sua carência como pode, mas nunca perdeu as esperanças de
sentir o amor novamente no fundo de um coração, no brilho de uma alma, no olhar perdido.
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