segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Carência: Lua e Sol.


"Find me here, and speak to me. I want to feel you. I need to hear you. You are the light that's leading me to the place where I'll find peace... Again." (Everything – Lifehouse)

A lua cheia está no céu, a música está a tocar, as estrelas estão a brilhar na primeira noite fora do horário de verão. Inspiro um breve ar noturno que entra em minhas narinas fazendo me sentir o cheiro do asfalto sendo esfriado e da pequena montanha a minha frente sendo renovada. A luz do meu quarto está acesa, luz que incendeia cada lado obscuro de minha mente. Se seres humanos não foram feitos para completar um ao outro, a Lua não foi feita para o Sol. Como em uma antiga lenda, em um tempo remoto, existiam dois seres que não poderiam se apaixonar: o Sol e a Lua. Foram castigados sendo submetidos a ficarem separados durante todo o dia. Como presente, a frágil e triste lua recebeu as estrelas para que seu brilho seja sempre apoiado por elas. De acordo com suas mudanças de humor e influências do ambiente, a Lua possui fases. Quando está crescente é como se fosse uma criança querendo mostrar todo o seu rostinho angelical, sua necessidade de cuidados. Quando está cheia é porque está completamente satisfeita com o dia, ou talvez recebeu pequenos raios de beijo do seu amante Sol durante o crepúsculo. Ao perder seu brilho aos poucos ela se torna minguante, alguma coisa a aborrece, talvez a velhice repentina, talvez um ciúme sentido. Finalmente quando se diz “nova” é porque se encontra na fase da adolescência querendo sumir do mundo, ninguém a reconhecesse,desejando que ninguém a pedisse explicação do que fazer e ordens do que deva fazer. O desamparado jovem de meia-idade Sol quando está bravo por nenhuma notícia de sua amada, abre suas asas de fogo e aquece seus necessitados mais do que o devido. Ele é gente boa, estabelece quase uma relação harmônica de muito bom grado para seus companheiros, ele é temperamental e pode acabar ficando bravo. Com toda essa situação, o casal não vê saída contra o seu chefe, o senhor Destino. Já pediram audiência com o juiz, já fizeram B.O, mas nada adiantou, um separado do outro. Resolveram fugir, como dois apaixonados, reivindicar a ordem temporal. Como exemplo que todo amante de coração puro consegue o seu momento de ternura, eles mostraram que o amor prevalece perante o destino imposto e supostamente ratificado. O eclipse é o momento de encontro desses dois amantes, amantes que foram mal- tratados  com amores distantes eternos, que choram em seus momentos de fraqueza, mesmo assim fazem de tudo para lutar pelo seu amor, de ter o encontro mais esperado mesmo que isso demore meses, anos, décadas, séculos. A carência dos dois grandes astros é suprida por nós, durante cada dia de nossa vida. E diante disso tudo, ainda ousamos falar que não existe amor, que não quero esse sentimento, que isso só me faz ficar bobo e cego. Lua e Sol, Romeu e Julieta, John Keats e Fanny Brawne, eu e meu amor (que ainda está por vir). Cada um supriu sua carência como pode, mas nunca perdeu as esperanças de sentir o amor novamente no fundo de um coração, no brilho de uma alma, no olhar perdido.




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