Theodor desembarca na romântica Buenos Aires. Resolve ligar
para uma velha conhecida amiga de colégio que se mudou para argentina para
aprimorar o espanhol. Alice era ruiva, – e isso deixava Theo louco e honrado,
afinal sua amiga fazia parte apenas de 3% da população mundial por possuir pele
e cabelo cores de ferrugem- tinha um senso de humor contagiante fazendo com que
desconhecidos se tornem conhecidos de longa data apenas em algumas horas de
conversa, seu cabelo chanel repicado dava um ar moderno para um rosto tão
delicado. No Brasil, no velho colégio azul, Theodor e Alice nunca foram vistos
juntos, ás vezes por falta de tempo, ás vezes por algum relacionamento onde um
ou o outro se encontrava, amigos diferentes, mas quando se viam, era como se um
procurasse sustentar o olhar do outro, risos deixavam o ambiente descontraído e
um beijo na frente do colégio se repetiu em alguns momentos esporádicos e
secretos. Theodor se instala em um hotel na Recoleta (meio afastado do centro,
mas o melhor bairro de Buenos Aires) e combina assim o seu encontro com sua
amiga. Alice chega de táxi, pelo jeito o carro dela deu algum defeito. Ela
estava usando um casaco sobre-tudo preto, uma tiara com um laço vermelho que
dava um ar romântico, porém sedutor a sua imagem de boa moça e saltos altos. Ao
olhar para a visão de uma mulher feita a sua frente, Theo fica sem ar e mal
solta um boa noite como cordialidade. Não imaginava que aquela menininha se
tornaria uma mulher como aquela, realmente ele a
subestimou. Andando pelos barzinhos, comentando sobre como se sucedeu o futuro
de cada um, amores e não-amores, familiares e trabalhos, decidiram ir ao Senhor
Tango. Alice sabia que aquilo iria agradá-lo, Theo sempre foi muito ligado à
música. No jantar, com uma taça de vinho na mão e outra mão grudada na dele,
qualquer pessoa de fora diriam que são namorados, recém namorados eu diria,
porque apenas no começo do namoro que existe aquela magia do desconhecido, do
mistério, do novo. Nervoso dentro do táxi, Theo já deveria ter saído e entrado
para o hotel, mas não conseguiu. O beijo roubado da amiga de infância fez até o
motorista se retirar do veículo e esperar pelo lado de fora. Os mesmos beijos
que foram trocados durante toda a noite na cama king size do quarto de Theo.
Tomando o café da manhã, o celular desperta, é hora de ir até o aeroporto. Eles
não queriam se separar, afinal tudo que sempre faltou a eles foi aquela noite,
conversas esclarecedoras. No check in de cabeça baixa, Alice o beija na
bochecha e o pedi desculpa se errou alguma vez como errou na noite passada. Com
a cabeça matutando dentro do avião ele não entende esse pedido, tudo ocorreu
tão bem. Ao retirar a máquina fotográfica do paletó ele encontra a tiara
vermelha de Alice (talvez ele a botou ali, talvez fosse Alice). Revendo as
fotos ele entende, Alice tinha uma aliança no dedo. Uma tiara foi esquecida em
um acento de avião. Theo decidiu não mais acreditar em segundas chances. Os bons ares respirados em Buenos Aires tornaram-se
frios, como seus sentimos para com Alice. Piranha.
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
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