"Sempre que eu vou me deitar, Eu vejo o meu nome brilhar, mas sinto que se estou com você, eu tenho paz. E o que eu vou fazer se eu quero muito mais?" (Famosa - Claudia Leitte)
O portão automático se abre da luxuosa mansão no morro da
Gávea, Rio de Janeiro. Sacha, sua cachorrinha, alarma-se para avisar a
empregada que sua dona chegou do trabalho. Juliet abre a porta da frente que
mandara fazer, pois não achou nenhuma nas lojas que a agradasse. Ela tinha um
gênio forte, meiga, mas com gênio forte. Usava seu Louboutin novo com um vestido
Colcci, a bolsa Chanel já botara no sofá. Ela tirou o finalzinho da tarde de
folga, um milagre que nem sempre acontece quando se é uma médica do Inca. Juliet
era uma médica recém chegada a cidade, vinda de uma cidade pequena, tinha uma
idade boa para os relacionamentos. No começo do ano, se entregou a sua
fantasia, aumentou o seu bumbum como a Valesca Popozuda. Teve uma adolescência
rechiada de muitas baladas, amigos inseparáveis, churrasco, beijos na boca de
pessoas que valeu à pena, amou quem devia e quem não devia amar. Não se
arrepende por ter esperado tanto tempo para perder a sua virgindade, naquela
época homem nenhum era o bastante para ela, pelo menos para ter sua confiança.
Após ter um rápido namoro com uma pessoa que nunca desejou namorar, ela se
tornou fria, se rebelou. Aos olhos de seus amigos, isso são fases, fases das
mulheres, ela era uma mulher de fase. Não se intimidou em ficar sozinha e
beijar bocas esporadicamente e quando desce vontade. Ela tinha meta, muito difícil por
sinal. A linda e honrosa medicina. Esforçou-se muito até conseguir passar, hoje
ela não tem do que reclamar – isso é o que ela diz. Depois que tomou seu café
bem preto, um banho em sua banheira e deliciado seu corpo com hidratante da
Victoria Secrets, ela senta-se em seu sofá e retira um maço de cigarro (um
vício que adquiriu na faculdade por influências amistosas e pressões
psicológicas das tensas provas), decide ligar para o Daniel, um menininho que
acabara de entrar para a faculdade de administração. Marcaram um encontro,
foram jantar e de sobremesa um motel. Na madrugada, já em sua casa, bem
acomodada, tragando seu último desejo, ela se sente só. Nunca entendera porque
sua mãe escolheu para ela esse nome: Juliet. Um personagem tão romântico criado
por um ilustre poeta. Ela escolheu esse destino, não queria depender de
ninguém, a liberdade e independência têm seu preço. No fundo, ela queria um
Romeu, mas não um da vida real, um que ela pudesse inventar e sentir toda a
onda do amor novamente. Do quintal de sua casa ela podia ver a cidade
acordando. Juliet não queria acordar naquela hora, só em seus sonhos que o amor
habitava, só em seus sonhos ela poderia voltar a ser como ela era antes. No
outro dia, nada mudou. Ela não conseguiu descobrir que o mesmo veneno que
poderia acabar com a velha vida que levava ao se encontrar com seu Romeu no
mundo fantasioso, poderia ser o mesmo que iria ressuscitá-la na vida real: amar
loucamente uma pessoa novamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário