domingo, 20 de fevereiro de 2011

“As cariocas: Juliet, a carioca dos tempos modernos”


"Sempre que eu vou me deitar, Eu vejo o meu nome brilhar, mas sinto que se estou com você, eu tenho paz. E o que eu vou fazer se eu quero muito mais?" (Famosa - Claudia Leitte)

O portão automático se abre da luxuosa mansão no morro da Gávea, Rio de Janeiro. Sacha, sua cachorrinha, alarma-se para avisar a empregada que sua dona chegou do trabalho. Juliet abre a porta da frente que mandara fazer, pois não achou nenhuma nas lojas que a agradasse. Ela tinha um gênio forte, meiga, mas com gênio forte. Usava seu  Louboutin novo com um vestido Colcci, a bolsa Chanel já botara no sofá. Ela tirou o finalzinho da tarde de folga, um milagre que nem sempre acontece quando se é uma médica do Inca. Juliet era uma médica recém chegada a cidade, vinda de uma cidade pequena, tinha uma idade boa para os relacionamentos. No começo do ano, se entregou a sua fantasia, aumentou o seu bumbum como a Valesca Popozuda. Teve uma adolescência rechiada de muitas baladas, amigos inseparáveis, churrasco, beijos na boca de pessoas que valeu à pena, amou quem devia e quem não devia amar. Não se arrepende por ter esperado tanto tempo para perder a sua virgindade, naquela época homem nenhum era o bastante para ela, pelo menos para ter sua confiança. Após ter um rápido namoro com uma pessoa que nunca desejou namorar, ela se tornou fria, se rebelou. Aos olhos de seus amigos, isso são fases, fases das mulheres, ela era uma mulher de fase. Não se intimidou em ficar sozinha e beijar bocas esporadicamente e quando desce vontade. Ela tinha meta, muito difícil por sinal. A linda e honrosa medicina. Esforçou-se muito até conseguir passar, hoje ela não tem do que reclamar – isso é o que ela diz. Depois que tomou seu café bem preto, um banho em sua banheira e deliciado seu corpo com hidratante da Victoria Secrets, ela senta-se em seu sofá e retira um maço de cigarro (um vício que adquiriu na faculdade por influências amistosas e pressões psicológicas das tensas provas), decide ligar para o Daniel, um menininho que acabara de entrar para a faculdade de administração. Marcaram um encontro, foram jantar e de sobremesa um motel. Na madrugada, já em sua casa, bem acomodada, tragando seu último desejo, ela se sente só. Nunca entendera porque sua mãe escolheu para ela esse nome: Juliet. Um personagem tão romântico criado por um ilustre poeta. Ela escolheu esse destino, não queria depender de ninguém, a liberdade e independência têm seu preço. No fundo, ela queria um Romeu, mas não um da vida real, um que ela pudesse inventar e sentir toda a onda do amor novamente. Do quintal de sua casa ela podia ver a cidade acordando. Juliet não queria acordar naquela hora, só em seus sonhos que o amor habitava, só em seus sonhos ela poderia voltar a ser como ela era antes. No outro dia, nada mudou. Ela não conseguiu descobrir que o mesmo veneno que poderia acabar com a velha vida que levava ao se encontrar com seu Romeu no mundo fantasioso, poderia ser o mesmo que iria ressuscitá-la na vida real: amar loucamente uma pessoa novamente.


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