“- Na minha suíte vou botar uma placa: Aqui dorme uma
princesa! Arrasei. ”(Tia Marise, a pseudo-bêbada).
Acordo com a manhã quase acabando, finalmente o ar úmido
resolveu dar o ar de sua graça em Mambucaba. Resolvo correr antes de o céu
escurecer. Não sei o que há com o meu corpo, mas aqui, as minhas glândulas
sudoríparas estão trabalhando com mais força, deve ser o excesso de serotonina
e adrenalina em meu corpo (não agüento ficar sem saber o que vai acontecer,
sempre fui muito rotina). Minha mãe estava em uma agitação na faxina de casa
(porque ela é assim heim? maníaca por limpeza? Mas não posso falar nada, se
hoje sou perfeccionista é culpa dela), ela não queria nem papo. Fui para praia
com a minha irmã do meio. Ela sempre foi muito calada, muito carente, muito
boazinha quando quer – estou quase chegando a uma conclusão que esses adjetivos
são sintomas típicos de “filhos do meio”, “filhos que sempre tentam conquistar
seu lugar na hierarquia e defende-lo com unhas e dentes”. Não conversamos
muito, pois começara a chover. Ao entardecer, a chuva estava caindo
rispidamente fazendo perder-me em meus devaneios. Fiquei até um pouco
estarrecido, fazia tempo que um sentimento tão nostálgico não passava em minha
mente. Peguei meu mp4 e fui de encontro a chuva na praia. Rodei, sorri, chorei
ao som de “Beautiful Soul – Jesse McCartney”. Eu sabia que aquele momento na
praia era um momento de purificação. A água molhando meus pés e levando com ela
todo o meu passado até agora, cheguei a casa sentindo me renovado. Um casal que
tive o prazer surreal de conhecer das últimas vezes que estive aqui me convidou
para um jantar. Hoje eu e minha mãe somos os “filhos adotivos” deles. Eu os
chamo de tio Carlinho e tia Marise. Eles são tão simples em tudo que falam e fazem e tão
verdadeiros em suas vidas. Como eu morei aqui 6 anos de minha vida e nunca
havia os encontrado? Acho que me apaixonei mais por eles devido suas
profissões: professores – uma profissão que você não ganha o quanto que merece
e trabalha, fazendo assim que apenas os que são verdadeiros amantes dessa
profissão continuem nessa jornada árdua e afetuosa. Tio Carlinho sabia que sou
sangue italiano, preparou um nhoque e uma macarronada dos deuses. Para beber:
“astronauta” – uma mistura de caipirinha com vodka de maracujá, vinho chileno e
uísque 18 anos. Francamente, voltamos cambaleando para casa, mas fiz o meu
programa predileto: estar com pessoas que me agradam, “risaiada” e uma boa
comida. Amanhã terei que correr o dobro, isso é fato, mas irrelevante. Aqui em
Mambucaba, você precisa de pouco para ser feliz, mas esse pouco transformasse
em muito quando pessoas ao seu redor são felizes também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário