“– Aqui, em Campos do Jordão, até os garçons são bonitos e
simpáticos.” (Clarissa)
Sexta feira de muita chuva na ilhada Angra. Durmo com planos
de pegar o primeiro barco rumo a Ilha Grande, acordo arrumando minha mala para
visitar meus avós em Volta Redonda, durmo na aconchegante e famosa cidade de
Campos do Jordão. Tive o pôr do Sol de estrada mais lindo a insonhável que um
motorista podia ter e a queda de graus mais brusca, à medida que subia a montanha, que um
alpinista percebe subindo um pico. A entrada de Campos do Jordão parecia uma
morada de infinitos papais-noéis, luzes e frio. Estabelecemos-nos em uma
pequena pousada meio longe do centro “Capivari” – era modesta, mas o dono tinha
um carisma enorme. Tivemos apenas o sábado para conhecer aquele parque de
diversão montanhês. Começamos pelo teleférico rumo ao morro do elefante (reza a
lenda que quem pega na tromba do elefante casa-se e quem pega no rabo se descasa).
Minhas irmãs nunca haviam andado a cavalo, pegamos um passeio até a cachoeira
Véu da Noiva com direito a corridas de minha pessoa, galopes, tombos,
adrenalina e risos. A cidade é famosa por ser bonita, por ter malhas e coisas
boas para comprar, ter um ótimo circuito gastronômico e seus vinhos, mas o que
mais me agradou foi que em vez de uma igreja evangélica a cada esquina, como é
em Volta Redonda, nas esquinas e calçadas daquela cidade havia mundos de lojas
de chocolate – você não precisa comer em todas as lojas, mas a sensação de
estar em uma cidade que em todo lugar tem chocolate já é irresistível. Fechando
a tarde pegamos um trenzinho turístico para conhecer as verdadeiras mansões e
vistas de Campos do Jordão – hoje eu afirmo com todas as letras: Se Jesus é o
caminho para o céu, Edir Macedo é o pedágio.
Finalmente chega a noite brilhante e argentina. Nosso amigo encontrou um
bistrô argentino perto da praça que servia carne – todos nós somos carnívoros
metaforicamente e, ás vezes, literalmente. Ao pegar o cardápio já ficamos
tristes e suamos frio: um vinho custava mais que meu cordão e meu relógio
juntos. Mas como se dizia no cardápio: A diferença entre comer e saborear. No
final da noite, eu acrescentaria a diferença no pagar também, mas foi tudo
regado a cerveja uruguaia (“Nortenha”) e bifes da melhor qualidade (“Ojo de
boi”). Saímos felizes, cambaleando,
duros e cheios de aulas gastronômicas cedidas pelo cheff da casa sobre carnes e
vinhos. Sabíamos que aquela seria nossa última noite naquela cidade e, com
certeza, aproveitamos de tudo e todos daqueles campos do dinheiro, campos do
luxo, campos do chocolate, campos verdejantes, daqueles Campos do Jordão.
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