“- Confesso que ao ouvir-te no telefone, você parecia-me
muito marrento. Mas hoje, aqui em minha casa, pude observar que você é uma
pessoa muito gente boa.” (Marquinhos)
Radio, revistas, televisão. Estou cansado de ouvir sobre
“alemão”, “bandidos”, “drogas”. Nunca fui muito chegado a notícias sobre
assuntos que diziam respeito a minha sociedade, estou acostumando-me ainda.
Aqui em minha casa, em Angra, não podia ser diferente. “Família de militar”, especificamente,
policiais. O melhor disso tudo é que você fica sabendo dos segredos do BOPE e
do grupo de AGENTES ESPECIAIS antes mesmo da imprensa e até coisas que a
imprensa não sabe ou esconde por motivos óbvios. Acordei com um convite feito a
minha família: churrasco no Rio de Janeiro. Adoro carne, adoro o Rio, adoro calor,
mas não quero morrer, zelo pela minha nada mole vida. Não negamos fogo, pé na
estrada. Na altura do centro de Angra, uma barreira policial (alguns bandidos
fugiram do Rio e estão se escondendo no centro de Angra e no Perequê – momento
Datena agora). Na altura de Mangaratiba, outra barreira – muito despreparada,
nada estratégica e com policiais tremendo de medo, transmitindo nenhuma
segurança aos motoristas. Era uma verdadeira caça ás bruxas “alemãs” na pacata
e ensolarada Angra dos Reis. O Rio de Janeiro continua quente e não lindo
naquela área oeste, Santa Cruz. Churrasco, piscina, mall. Por medidas
extremamente impulsivas a meu ver, resolvemos voltar para casa mais a noite,
com a ajuda do horário de verão. Pude conhecer um casal de amigos da minha mãe
e de meu padrasto: Adriana e Marcos. Mesmo morando em um bairro menos favorecido,
são pessoas boníssimas, tem um poder aquisitivo elevado e o mais importante,
Marcos é um verdadeiro “pai dos pobres”, um “Robin Hood” da zona oeste carioca.
Na despedida, ouvi uma ratificação de Marcos sobre meu comportamento marrento.
Pude descobrir que transmito ser marrento até pela minha voz. Mas fiquei feliz
por ouvir essas palavras. Confesso que poderia sim ser marrento, mesquinho,
intransigível e imutável até certo tempo atrás. Mas percebi que eu era rodeado
de pessoas que não gostavam de mim, eu não falava “nada com nada”, minha
família tinha o desgosto de minha presença. O que ganhei com isso? Aprendizado.
Tomei na cara, chorei no banheiro do trabalho, estou aprendendo a ouvir “não”,
sou clichê ao demonstrar meus sentimentos a meus amigos e familiares, pessoas
são conquistadas pelas suas palavras e ações, você ganha muito mais dinheiro
(regalias, presentes, favores) sendo uma pessoa menos fútil e sociável. Foi e
está sendo uma caminhada árdua e devagar. Mas “um dia você aprende” que não se
deve julgar o livro pela capa, o gosto pela aparência e a voz pela
personalidade.
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