quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Algemas da Paixão.


“- Por que você me ama?
  - Porque você é meu.”
 (filme: Do começo ao fim)

Um dos meus primeiros sintomas de gostar de alguém é sentir possessividade sobre aquela pessoa, trazendo junto o ciúme na sacola. Sempre levei em conta aquele ditado: “Você não precisa ter motivos para sentir ciúme”. Vendo todo meu passado, eu fui egoísta a certo ponto de fazer com que a pessoa gire o satélite dela em volta do meu planeta. Parece que qualquer pessoa que se aproxime, seja gentil, ou apelas olhe para pessoa que está comigo, já são motivos para ascender o pavio de uma grande bomba nuclear interior. O mais engraçado é que sempre odiei que fiquem no meu pé, imponham regras ou fantasiem coisas que não existem. Dentro de meu coração são dois mecanismos: se eu gosto eu sinto necessidade de estar e ter a pessoa, se não gosto, vou tentar ser bastante gentil para dizer que meu mundo não pertence ao dela. Essa possessividade é realmente uma droga. Você adora e deseja sentir “a onda” de gostar de alguém, mas depois as conseqüências são desprezíveis e satisfatórias. Você não pode demonstrar que a pessoa “te tem na mão” (se não ela pisa, esmaga e te esfola), mas também se não demonstrar nada, sendo frio e calculista, a pessoa acha que você não a deseja e procura outro. É uma situação limite, muito mais difícil que lembrar para não poder esquecer e esquecer para não poder lembrar e se machucar. Tem pessoas que não entendem que você apenas quer cuidar, botar no colo, proteger de todo mal, mostrar segurança – acho que esse mecanismo é aquele famoso potinho que tanto desejamos introduzir a pessoa dentro e fechá-lo á vácuo. Fazendo todos esses exageros terminamos de destruir toda a liberdade que pertence a pessoa por direito. Sempre quando comento sobre esse assunto com meus amigos, eu me recordo de um conto de Clarice Lispector sobre uma menina que cuidava tanto de um pintinho que o mesmo acabou morrendo sufocado de tantos cuidados. Eu matei um pintinho e acabei chorando e me arrependendo depois por ter dado tanto ciúme ao invés de ver a segurança que ele transmitia. Acho que não existe uma chave para abrir essa algema, ela irá ficar fixa em você e a cada recaída ela enviará um sinal para alertá-lo que ela ainda está lá. “Se sinto ciúme é porque te amo” – essa comunidade de Orkut a qual me encontro mostra o tamanho de como eu sou inseguro e ao mesmo tempo possessivo. Eu simplesmente queria que a pessoa se sentisse livre, da maneira dela. Queria que ele pudesse voar nessa liberdade e que me levasse pelo menos na asa desse avião, nem se for ao menos, para vê-la feliz e depois pular com meu paraquedas escrito: "E na vida a gente tem que entender que eu nasci pra sofrer. Enquanto o outro ri."


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