quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

As Cariocas: Áurea, a advogada com arroz e feijão.


Áurea é uma menina bem difícil de se ver, anda arrumada e é muito sensual. Usa óculos que atrapalham seu mar de azul ocular. Morena, usa sempre o cabelo solto – afinal, cabelo bom e sem chapinha no mundo atual é raridade. Ela sai de casa cedo, começou a ter a sua independência, ganha seu dinheiro, tem seu carro - e ainda paga contas para os amigos caso os mesmos precisem de ajuda. Áurea teve a criação digna de moça de família, mas a realidade não é bem assim – calma, ela não é uma lady na rua e uma puta na cama, mas também não é uma Creusa (da novela América). Menina de igreja, mas não era beata. Amiga dos padres, mas também era amiga do cara mais sem vergonha do bairro, Fernandinho.  Áurea namorava Carlito, mas como ela mesma diz: “– Se passar um homem bonito eu olho mesmo, quando eu casar eu vou ser fiel, hoje eu apenas namoro.” Quando conheceu Fernandinho através de uma amiga, ela quis um desafio, um jogo de amor: cheque-mate. Ela não queria amizade. Atrás de terninhos e pastas de advocacia, estava uma mulher impetuosa e nada frígida, ela queria apenas “os finalmentes”. Fernandinho podia ser um galinha, mas sexo é compromisso para ele. Almoços rolavam na hora que ela conseguia fugir do serviço e ele do cursinho. Ela era tímida, ele era difícil de lidar. Ela jogava charme, ele lembrava que ela tinha namorado e que não seria mais pivô de separações matrimoniais, afinal Áurea irá se casar ano que vem. Há choques de tensões, mãozinhas bobas, sorrisinhos safados. Fernandinho não gostava de ser mais uma vez o outro: aquele que não pode ser citado para a família, aquele que não pode ligar e nem mandar mensagens, aquele que é servido como uma válvula de escape da rotina, aquele que tem o sorriso bonito e o coração esquecido. No começo ele a achava egoísta, afinal o que ele seria para ela? Mais um drama mexicano. No último almoço, antes da desistência de Áurea, eles combinam de comprar sorvete. Mal sabiam os ingênuos que o sorvete, que seria para amenizar o calor do dia, iria também ajudar para apagar o fogo dos dois. Ela olhando por entre os óculos, ele não resistiu à tentação e a beijou no elevador – ele sonha em fazer sexo no avião, o elevador seria um bom começo de treino. Como todo elevador tem a sua parada, eles ficaram constrangidos quando as portas se abriram. O que aconteceu afinal? Uma turbulência de prazer. O sobe e desce aumentou mais o fogo, mas a chama se expirou. Fernandinho teve que se contentar com aquele momento, Áurea pensaria na desculpa que daria para o namorado sobre seu atraso. Hoje eles conversam livremente, ela diz que largará o noivado para trazer Fernandinho a luz novamente e ele continua sendo o mesmo galinha que leva suas pegações para a pracinha do bairro para fingir um ar romântico. Vida de advogado e estudante é distinta, ela defende seu status, ele, sua liberdade.  

"Cheguei bem. Adorei nossa noite na praçinha, acho que vou desistir do noivado kkkk. Boa noite.Bjo"


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