quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Primeira Vista. Buraco. Foco

“– Você não viu a onda?
  - Não, eu estava olhando para você.”

Mais uma noite que se vai e eu não estou correndo atrás. Confesso que não queria escrever sobre esses dias. Dias esses que antes eu apenas exemplificada o “amor a primeira vista”, agora eu posso descrevê-lo, citá-lo e conjugá-lo. É uma mistura de amor platônico, banhado de dúvidas como no filme “he’s just not that into you” com cobertura de medo e cereja de foco. Você não pode demonstrá-lo, não pode atribuir palavras para o que sente na falta da pessoa, afinal vocês apenas se viram e trocaram algumas palavras. Você tem medo de não ser aquilo que sente e mais medo ainda de ser aquilo que realmente sente. É complicado, pois ao mesmo tempo em que pode ser um sentimento angelical, torna-se depravado. A insegurança começa a reinar em áreas subjetivas e escuras. Neste quesito amor não existe: tem que ser agora ou nunca, é pegar ou largar ou topa ou não topa. O amor platônico reina quando você não sabe o que a pessoa sente, pensa ou no que está interessada. Não é como um jogo de dados: você joga-os e espera sair a sorte grande. Isto está mais para um jogo de Buraco que alguma hora você vai ter que fazer a melhor escolha, montar seu jogo e jogar uma carta no lixo e depois tentar resgatar essa mesma carta em seu morto. O mais importante é o foco. Tive que usá-lo como coringa. Tentei botar minha cabeça e minha consciência no lugar indo meditar perto das agitadas ondas do mar. Não digo que consegui focar-me em meu objetivo por inteiro, mas o primeiro passo na lama é sempre o mais fundo. Ás vezes suas escolhas correspondem ao que você é, mas elas não são absolutamente nada se não guiadas por nossos sentimentos. Caminhando, eu pude perceber que mais uma vez a fantasia adolescente Hollywoodiana atacou-me em uma guerra nas estrelas. Eu não poderia fazer tudo que eu imaginei, tudo que eu fantasiei, tudo que eu quis que fosse verdade. O melhor a fazer é ligar o foco e deixar que todas as ilusões fiquem em cada passo meu dado nas areias onde ali eu deixei um momento tosco com uma pessoa. A cada passo dado, a cada palavra dita, o mar fará seu papel de renovar a areia para que ali eu possa pisar de novo, e o vento terá de fazer-me um favor selando cada palavra dita pelos ares.

“You can’t make me feel right, when you know that it’s wrong.” (Already gone - Kelly Clarkson)


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