" - Hola senhor! Yo sou o seu mordomê.
- Oh my god! Isso é uma loucura."
Acordo sem conseguir dormir. Agora, estou deitado me
sentindo um cachorro quando é posto dentro de um carro para enfrentar uma longa
viagem – o bonitinho sempre dá um jeito de botar os bofes para fora. O cruzeiro
estava marcado para sair ás 17hrs. Saímos um pouco atrasados de Volta Redonda,
mas nada com que afetasse o nosso embarque – não por isso. Malas e mais malas,
a despedida da minha casa foi cheia de ansiedade. Aquela rodoviária do Rio é
uma vergonha – além de ser mal cuidada, ainda fede. O governo investe nas obras
das olimpíadas, mas como as pessoas irão chegar ao Rio? De baixo de um esgoto
como aquele? Ninguém merece. Fomos ao começo do Píer Mauá. Pessoas que não
trouxeram documentos foram barradas, minha irmã foi barrada – ela ainda não
tinha em mãos sua carteira de identidade, apenas o número. Choros, Polícia
Federal, Comandante. Nada feito, ela não embarca. Ficamos arrasados, ela teve
que ir para uma tia no bairro da Tijuca de táxi. O Costa Fortuna é um pedaço do
paraíso na terra: imenso, com um cassino, academia climatizada e o melhor, cada
corredor tem seu mordomo (mão de obra importada da Indonésia, tanta gente
reclama da vida que tem e não presta atenção que há pessoas trabalhando um ano
sem poder dormir para conseguir 1000 reais e ainda sim, não pode trabalhar no
ano seguinte para não roubar a vaga de um parceiro que está na fila de espera,
é trágico). Ele não fala português direito, estou adorando, TUDO em inglês. Ás
vezes eu penso primeiro em inglês e depois traduzo aqui nesse navio. Foi a
primeira pessoa mais gentil daqui. Explorando, já encontrei a academia, a
melhor vista, o que fazer e o que no fazer (aqui tem um jornal chamado TODAY,
com todas as atrações do navio do dia). Troco minha roupa, preciso relaxar
depois do estresse e do incômodo ocorrido com a minha irmã. Fui fazer Spinning.
Quando encontrei o lugar, minha boca se abriu e só saiu uma palavra: UAU! As
bicicletas ficam na parte de trás do navio, estávamos em alto mar, vento
cintilante e o pôr do sol. Nunca tinha feito uma atividade assim, é uma cena de
filme, eu encontrei o meu lugar junto ao desconhecido. Era tudo que eu precisava.
9 dias ainda me restam no luxo e alegria, no Fortuna.
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