Hoje, dei-me um dia de descanso. Acordo ás 10 horas, tive
que tomar café no self-service do nono andar. Aquilo parecia a fila do fome
zero ou do restaurante de um real. Quem muito quer dormir, pouco come. O
cruzeiro não possui uma bela piscina, então botaram quilos de cadeiras de praia
ao redor das minúsculas piscinas. Tomo meu café e parto para o Pilates – aquilo
é mais eficiente que musculação, pelo menos para mim. Não consigo achar meu pai
no meio de 3.000 passageiros. Tenho que ir almoçar, sento em uma mesa imensa.
Acredite, foi legal. Os garçons botaram mais três pessoas em minha mesa: Um
casal com sua filha. Detalhe: eles eram paulistas. Sinceramente, como todo
carioca, eu tinha preconceito contra nossos trabalhadores urbanos paulistas.
Com todo meu sotaque: inglês, portunhol, carioca, mineiro e sulista, eu fui
flagrado na hora. Entre mil imposições, começamos a comparar nossos costumes,
nossas comidas, nosso jeito de viver, o que um estado não gosta no outro – uma
diferença muito relevante é: no Rio de Janeiro se houver algum tumulto é
assalto, em São Paulo (na 5 de março por exemplo) se houver tumulto é porque a
loja é boa ou está acontecendo alguma coisa boa. Estranho, eu sei. Conversamos
por duas horas, nem acreditei que eu poderia levar uma conversa produtiva com
um casal que mora na cidade que nunca dorme, que dinheiro é importante, e seus
ócios são as compras ou algo urbano caro. Meu preconceito foi quebrado. Voltei
para minha cabine e comecei a assistir “500 dias com ela” – peguei uma menina
de Barra Mansa no meio do ano e esse era seu filme preferido. Analisando-o, o
filme expõe que o destino continua fazendo artes em nossas vidas, que
coincidências existem (basta lutarmos para termos as oportunidades certas,
mesmo não as vendo na hora exata). Hoje foi a convenção de desembarque – só de
pensar que só faltam mais 3 dias a bordo, corta meu coração, parece que estou
aqui a semanas, mas preciso do café brasileiro urgente. Tive o prazer de
assistir a um espetáculo de raio lazer de última geração (as luzes ficam em
formato 3D por todo o teatro), minha ex-madrasta iria gostar de ter assistido a
isso – afinal, tudo que corresponde à coisa chique e moderna, ela e eu
gostamos, por isso, Milão! Todos do Costa estão engordando, eu estou passando
fome, há tanta variedade de comida que tenho que fechar a boca. Fui para
academia, fiz uma aula de aero dance (queria ter dançado um ótimo forro “rala
coxa”, aqui eles nem sabem direito o que é isso, coisa clássica, eu sou “baixo”).
Como estava sozinho mesmo, fui meditar na parte mais alta do navio de novo.
Estava sentindo falta do por do sol brasileiro. Estamos já navegando por águas
sulistas brasileiras. Como é bom sentir que estou quase em casa, sentir que o
sol além do horizonte faz-me meditar e relaxar, mesmo que isso tudo, se torne
uma descoberta interior e individual. Amanha estarei em Porto Belo, Santa
Catarina, “gurios”.
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