Juro que fiz um cronograma do que fazer nesses dias de
intervalo em Volta Redonda, mas não segui nenhum item. Retornei a minha cidade
e fiz o que sempre faço quando vou viajar, despedidas incalculáveis e
memoráveis. Amigos se hospedam em minha casa, cinema com minhas irmãs e amigas, “fecha-bar” com
pessoas antigas. É um ritual, pois cada pessoa gosta de comer um tipo de coisa,
gosta de falar de um tipo de assunto, e isso me ajuda a recordar dos sabores
dessa minha terra tão diversificada. Nunca tive uma bela mala de viagens, sempre
peguei alguma emprestada de alguém. Hoje comprei a primeira – foi amor à primeira vista, uma
Bagaggio linda e cinza. Acho que todas as lojas deviam distribuir brindes aos
seus clientes, a pessoa se sente tão feliz e achando-se especial que acaba
sendo conquistada – é quase a mesma reação quando você recebe uma bola a mais
de sorvete, ou se seu bolo veio com uma cereja e o do seu irmão não, é gostosa.
Combinei de assistir “De pernas para o ar” com a talentosíssima Ingrid
Guimarães, virei fã desde o espetáculo “Cócegas”. Um dos poucos filmes
brasileiros não enlatados – “muita calma nessa hora” também é um filme bom, mas
um pouco apelativo. Depois de pipocas e risos fomos ao famoso “SYDS fecha bar”,
um barzinho que toda vez que nos reuníamos lá, perdemos a noção da hora e os garçons
se tornam quase amigos de shop. Minha irmã era a mulher de minha noite (na
verdade ela é minha tia, mas fomos criados juntos, temos exatamente um ano de
diferença, pois nascemos no mesmo dia e mês, ou seja, almas-gêmeas com a mesma
marca de nascença). Eu não a via desde quando entrei em depressão, foi como se
eu estivesse viajando há muito tempo e, por acaso, nos encontramos em um
barzinho perto da rodoviária e matamos nossa saudade. Os amores de verão de
Karynn Kaiser conseguiram superar todo o meu platônico, foi mais quente que o
fogo da CSN. Um dia ela se tornará uma das Cariocas. Quando terminamos nosso
aipim com calabresa já estava na hora do meu ônibus. É estranho quando dois irmãos
se despendem e vão para suas respectivas casas, fica aquele ar de vazio dentro
de você. Minha mala não está arrumada, tudo para a última hora – quando se
viaja desde os cinco anos de idade, mala é um assunto que sou PHD. Amanhã tem
mais despedida e encontros, mais risos e mais lembranças. Meu último dia em VR, o último dia que
antecede a viagem de meus sonhos, meu teenage dream.
“ – E esse foi meu verão: sol, praia e homens.
- Seu verão? Ele apenas começou. Esse
foi o seu começo, o nosso recomeço. Se joga gata! - como disse a mulher do filme.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário