quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As cariocas: Iara, o passatempo de um tomate.


“Sabia que quando um pingüim encontra outro pingüim eles ficam juntos para sempre? Ele percorre toda a orla em busca de uma pedrinha para dar a sua amada em forma de seu amor, em forma de sua aliança.”

Passe-se um dia e não recebo a ligação dela. Fico imaginando se seria vingança por não ter ligado em nenhum de seus aniversários comemorados no mês que mais gosto, novembro. Ela era apenas uma pessoa educada que me deixava recados, era filha de minha catequista, era a menina que serviria para ser a namorada de qualquer homem humano – Hoje as mulheres sonham ou com um príncipe encantado em um cavalo branco ou com um vampiro em um Volvo prata. Eu era o “ELE” dela, hoje sou o “AQUELE”. O pior de tudo: eu deixei que isso tudo se transformasse em quase nada. Eu não tinha pretensão de levar nada a sério, afinal foi a primeira vez que namorei. Carinho, atenção, compreensão, música e cartas (eu leio quase toda noite uma, os 100 motivos para estar com um garoto infantil e mimado). Iara foi a minha inspiração pelo gosto de escrever, pelo gosto de ver nos livros uma vida e não letras soníferas de cabeceira. Eu gostava de sua beleza, a beleza que não possuía nome. Eu a chamava de sweetie, até descobrir que nós éramos um passatempo para um tomate e uma massa de pizza, mas as vacas ciumentas de campos verdejantes comeram todo o capim que me recordava a letra da música “Pensa em mim” que as índias feitiçeiras cantavam para o cacique de uma tribo. Eu não sabia lidar com toda essa situação, ela era boa demais. Simplesmente preparava a torta de queijo mais afrodisíaca e quente que já comi. Amassos no sofá, filmes românticos, forrós com inúmeras “casquinhas” tiradas, eram nossos recheios de finais de semana. Depois que o vento levou a minha soberba e meu egoísmo, eu pude ver que ela precisara de mim, mas a larguei. Hoje o canto da Iara não é mais o mesmo. Todo esse tempo, minha bela precisou de ajuda para me entender, mas eu a entendo perfeitamente. Eu a via chorar quando falei que seria como se eu nunca tivesse existido e segui em frente, sozinho e sem direção, rumo a minha vida imunda. Depois de muitas conversas ao celular de madrugada, brigas, rejeições e até sorrisos, fomos caminhar pela cidade em uma manhã nublada. A vida mudara, os problemas eram os mesmos, mas seus olhos de escritora envolviam-me de uma maneira que me fazia recordar de nossos tempos. Continuamos solteiros, sonhos foram mudados com o decorrer do tempo, mas sabemos que o que existiu entre nós ficará para sempre em nossos corações, eu seria o garoto que ela iria contar aos seus filhos na hora certa de sua vida matrimonial, como sua mãe fez um dia. A ligação, eu não perdoaria, até que o livro de nossa história seja publicado e enviado até a mim, seja lá onde eu estiver nesse mundo ao qual viajo hoje.

 

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