terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Noite Italiana, Noite dos da noite


 O sol estava na minha janela, eu tive que recusá-lo. Meu corpo estava moído, não iria conseguir levantar cedo e ir tomar café e depois malhar. Aviso no chão, susto e desespero. Quando você chega a um cruzeiro, existe um cartão magnético (serve como identificação – já que eles ficam com a sua identidade na hora do embarque - cartão de crédito e chave da porta) que deve ser registrado em até 48 horas depois do embarque. Para não perder o costume, meu pai esqueceu-se de fazer esse favor para mim. A minha grande sorte foi que eu tive uma hora a mais para tentar achar meu pai no Costa, já que tivemos que atrasar uma hora nessa madrugada. Onde ele e minha madrasta estavam? Galeria de arte, ou melhor, galeria de óculos: CK, vogue, Ray Ban, Dolce Guabana e Guicci. Eu não queria comprar mais coisa, mas não irei gastar com roupas em Buenos Aires, tenha dó. Comprei um lançamento Ray Ban que no Brasil está 1.000 reais, aqui me custou apenas 158 dólares. Essa diferença de câmbio me irrita, por que não podemos ganhar em dólares? O mundo seria mais verde (piadinha sem graça haha). Registramos meu cartão e depois fui fazer mais uma aula de Pilates – todo mundo acha isso uma frescura, mas poucos sabem o quanto ajuda na postura, respiração e musculatura; o foda é que uma aulinha por semana é 60 reais por mês, o mundo não é para todos assim como todos os cachorros merecem o céu. Depois do almoço, foi a primeira tarde que consigo ver alguma programação brasileira, estamos em mares uruguais e chegaremos amanhã ás 10hrs em Buenos Aires, apenas por causa dessa proeza que consegui ver TV. Spinning, carrego meu pai – atleta de final de semana, conhece?-  para botar uma carga moderada pesada e subir na pegada 3 para chegar antes de todos ao nosso destino. Conseguimos ver pedaços de terra no horizonte. Terra á vista! Jantando no Raffaelo,usufruímos do melhor divertimento italiano. Comida e dança. O Costa apenas gritava: Viva Itália! E eu como bom descendente de italiano não poderia ficar sem dançar o LA LA LA LA LÁ! Depois que todos foram dormir para acordarem dispostos para um belo dia de conhecimento da nossa romântica Buenos Aires, fui até a parte mais alta do navio. Não havia ninguém, aproveitei para refletir. Quando decido ir embora vejo um adolescente bem ao fundo, com o casaco com capuz tampando seus cabelos e sozinho. Pude perceber que todos os que nasceram para se sentirem sozinhos são pessoas da noite, quando todos estão em suas camas ou fazendo outra coisa, nós saímos e procuramos nosso canto. Não queremos que ninguém nos ouça, ninguém nos veja e que não sejamos perturbados, pelo menos naquela hora, pois é exatamente isso tudo que não queremos no fundo. Apenas uma pessoa da noite, entende a outra. Duas cadeiras distantes, dois pensamentos quase iguais. Pobrezinho, mal sabe ele que a vida não escolhe quem é de dia ou quem é da noite, ela seleciona o equilíbrio. Eu queria ser a pessoa do crepúsculo, nem dia e nem noite, apenas um traquinas meio a meio.      




Nenhum comentário:

Postar um comentário