O sol estava na minha janela, eu tive que recusá-lo. Meu
corpo estava moído, não iria conseguir levantar cedo e ir tomar café e depois
malhar. Aviso no chão, susto e desespero. Quando você chega a um cruzeiro,
existe um cartão magnético (serve como identificação – já que eles ficam com a
sua identidade na hora do embarque - cartão de crédito e chave da porta) que
deve ser registrado em até 48 horas depois do embarque. Para não perder o
costume, meu pai esqueceu-se de fazer esse favor para mim. A minha grande sorte
foi que eu tive uma hora a mais para tentar achar meu pai no Costa, já que
tivemos que atrasar uma hora nessa madrugada. Onde ele e minha madrasta
estavam? Galeria de arte, ou melhor, galeria de óculos: CK, vogue, Ray Ban,
Dolce Guabana e Guicci. Eu não queria comprar mais coisa, mas não irei gastar
com roupas em Buenos Aires, tenha dó. Comprei um lançamento Ray Ban que no
Brasil está 1.000 reais, aqui me custou apenas 158 dólares. Essa diferença de
câmbio me irrita, por que não podemos ganhar em dólares? O mundo seria mais
verde (piadinha sem graça haha). Registramos meu cartão e depois fui fazer mais
uma aula de Pilates – todo mundo acha isso uma frescura, mas poucos sabem o
quanto ajuda na postura, respiração e musculatura; o foda é que uma aulinha por
semana é 60 reais por mês, o mundo não é para todos assim como todos os
cachorros merecem o céu. Depois do almoço, foi a primeira tarde que consigo ver
alguma programação brasileira, estamos em mares uruguais e chegaremos amanhã ás
10hrs em Buenos Aires, apenas por causa dessa proeza que consegui ver TV.
Spinning, carrego meu pai – atleta de final de semana, conhece?- para botar uma carga moderada pesada e subir
na pegada 3 para chegar antes de todos ao nosso destino. Conseguimos ver
pedaços de terra no horizonte. Terra á vista! Jantando no Raffaelo,usufruímos
do melhor divertimento italiano. Comida e dança. O Costa apenas gritava: Viva
Itália! E eu como bom descendente de italiano não poderia ficar sem dançar o LA
LA LA LA LÁ! Depois que todos foram dormir para acordarem dispostos para um
belo dia de conhecimento da nossa romântica Buenos Aires, fui até a parte mais
alta do navio. Não havia ninguém, aproveitei para refletir. Quando decido ir
embora vejo um adolescente bem ao fundo, com o casaco com capuz tampando seus
cabelos e sozinho. Pude perceber que todos os que nasceram para se sentirem
sozinhos são pessoas da noite, quando todos estão em suas camas ou fazendo
outra coisa, nós saímos e procuramos nosso canto. Não queremos que ninguém nos
ouça, ninguém nos veja e que não sejamos perturbados, pelo menos naquela hora,
pois é exatamente isso tudo que não queremos no fundo. Apenas uma pessoa da
noite, entende a outra. Duas cadeiras distantes, dois pensamentos quase iguais.
Pobrezinho, mal sabe ele que a vida não escolhe quem é de dia ou quem é da
noite, ela seleciona o equilíbrio. Eu queria ser a pessoa do crepúsculo, nem
dia e nem noite, apenas um traquinas meio a meio.
"Então você escreve por reconhecimento interior e externo mundano, compartilhamento de informações seja por vontade, seja por carência. Escreve, pois precisa ter alguém nem que seja sua mãe para ler suas anedotas, escreve, pois é algo que você nunca sentiu prazer e excitação e agora, sem explicar o porquê sente-se completamente feliz, como se fosse o seu momento,escreve porque as palavras brotam de sua mente sem explicação."
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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