terça-feira, 30 de novembro de 2010

Loucura. Lágrimas. Mudanças


“– Que falta faz um vovô para um netinho, né?
 - Sim, muita. (*Meu pensamento: não só um avô como uma avó como vocês. Ainda irei procurar a pedra filosofal para eternizar suas presenças. Eu amo vocês e é mais infinito que o universo).”

 Acordo com meu avô passando mal, sintomas de labirintite (muitos acham que são apenas sintomas de tontura e mal estar, mas isso vai muito além dessas meras inconveniências). Como de costume, perco o horário de ônibus – sou um iludido, como poderia acordar ás 7 horas da manhã depois de ter ido dormir ás 2 horas da madrugada e ter deixado mais uma desilusão para trás? Vou para rodoviária, troco a passagem, volto para casa. Minha avó começou a dar sintomas de despedida, não gostei disso. Fui correr no sol escaldante, queria todo o meu suor, problemas, preocupação fora de meu corpo. Quis encontrar a minha meditação correndo o mais rápido possível. Sento para almoçar e ela senta-se ao meu lado. Eu conheço tão bem aquela lindona, reconheceria o tom de sua tristeza pelo telefone. Hora da despedida. Meu avô na cama em repouso e ela na sala, tentando demonstrar toda sua força e coragem. Ao me abraçar, lágrimas sobressaíram de seus olhos – como sempre, eu me contive.  No ônibus, eu desabei. Estava pouco me lixando para o que o povo estava pensando, mas era o meu momento e não queria ninguém dando palpite. Quando cheguei a Lídice, encontrei um amigo. Pegamos o Eco Sport rumo ao desconhecido. Botamos o papo em dia de tanto tempo de afastamento devido as nossas cidades diferentes.  “- Para onde vamos, Arthur? - Tarituba, Paraty. Estava quase na hora do entardecer ao chegarmos, entramos no mar de short e tudo e apreciamos o momento que poucas pessoas costumam valorizar: a despedida do sol, o encontro dos anjos e a aquarela de cores sobre o mar e o horizonte. Senti-me como um adolescente. Botava o rosto para fora do carro e a minha sensação era de gritar: "- Eu sou livre para fazer o que EU quiser!" E foi o que eu fiz. Cheguei a casa com a minha super mala, minha mãe foi pega de surpresa (não avisara a ela de minha chegada). Out of the blue, minha avó liga, preocupada, perguntando se eu havia chegado bem. Mais choro. Foi naquele momento que eu decidi: Vou ficar na Vila Histórica de Mambucaba, Angra dos Reis. Não preciso de dinheiro da Ilha Grande. Preciso de família. Quero passar o Natal junto a minha casa, junto com as duas pessoas que eu mais amo, pois mesmo assim terei que deixá-los em janeiro de novo. Reconhecendo e ratificando todas essas idéias em um banho quente e relaxante pude chegar a uma conclusão: Há algum propósito aqui em Angra. Posso ir à Ilha Grande no momento que melhor me convir, mas é neste lugar, onde vivi seis anos de minha vida que vou descobrir mais uma parte de mim. Junto com as minhas irmãs (nunca tive muita intimidade, sou um desconhecido a seus olhos), com o meu padrasto (sempre discutimos, brigamos e nunca nos entendemos muito bem) e junto com a minha mãe (uma pessoa que foi mãe aos 15 anos, não teria como transmitir um amor que nunca teve, um carinho que nunca recebeu; uma pessoa que um dia ainda poderei falar: - Minha mãe, obrigado por me conceder). E aqui estou eu: em uma mesa escura, ao lado da antiga igreja, escutando o barulho do mar, olhando uma fogueira de amigos na praia. Estou tendo uma boa ligação aqui em Angra, ligação esta que está apenas começando, mas que começou com o pé direito. 




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