sábado, 27 de novembro de 2010

Chuva bate na janela. Desapego. Insetos


Novembro é o mês que mais vejo chover na Cidade do Aço. Junto a essa chuva ora desencadeadora de momentos felizes de nossa infância ora detentora de mudar nossas decisões, vejo insetos invadindo meu quarto. O que eles querem de mim? Meu sangue é AB, o mesmo sangue de Jesus Cristo (perceba que os portadores dessa proeza sempre usam esse exemplo, eu não poderia fugir a regra, foi mal), meu corpo é apenas uma máquina de meus pensamentos e como estou sem paciência, minha ordem seria a execução em série como uma criança tentando matar as moscas que a circundam após chegarem do pasto e ter enfrentado um pique pega na lama. Mas como os insetos, estou deixando meu lugar de origem e vagando em busca de abrigo, proteção e alimento. O aumento no aquecimento global está destruindo seus lares e os obrigando a invadir lugares nunca antes visitados, o aumento de meu desapego está me obrigando a achar lugares nunca antes sentidos, imaginados, sonhados e até mesmo considerados como uma aventura louca por uns.  Meu desapego está se transformando em uma borracha e ao mesmo tempo em um marca-texto. Apagar o que está errado e seguir em frente com as conseqüências proeminentes dos atos, sublinhando em destaque meus acertos e momentos que eu pude ver que a felicidade se encontra. Confesso que é difícil quando o dia vem eu deixar a pessoa que amo (ou penso que amo, imagino que amo, finjo que amo) partir, pois sempre imaginei que além do horizonte deve ter um lugar bonito para se viver em paz, para que eu possa descobrir desenhos em nuvens, mas infelizmente tive que dizer para que ela viva todo seu mundo, sinta toda sua liberdade e quando a hora chegar que ela possa voltar e descobrir que o lugar dela é junto a mim e que eu continuei seguindo por ela e por mim. É difícil dizer adeus, muito mais difícil do que dizer “eu amo você”, mas chega a certas partes da vida que você não tem escolha, não existe o topa ou não topa nesse canavial de paixões. A saudade destrói-me e sempre tenho que criar e morfar forças que não sei de onde vêem e dizer a mim mesmo: “o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente.” (Shakespeare), mas senhor poeta: - Quais seriam os motivos? Tudo é culpa minha? Onde foi que eu errei? Infelizmente, até hoje, neste exato momento, não tenho nem formulado em minha mente a resposta da primeira pergunta quanto mais da última. Coisas que eu sei: Viver uma vida com um amor é complicado, viver sem ele é loucura. Muitos dizem, mas poucos sabem a respeito dele. Where’s the Love, Black Eyed Peas? Creio que está em algum atalho rumo a uma campina com raios de sol formando desenhos no chão por causa do movimento das árvores, água fresca, um ventilador e um repositor energético. Algum atalho depois de uma estrada árdua e necessária de desapego.

Arthur Kaiser
23/11/10
23hrs48min


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