sábado, 7 de maio de 2011

Meu rodo cotidiano (Maio).


 Desde quando decidi usufruir dessa minha vida sem trabalho e com estudos focados, eu estou passando por cada experiência que chega ser até cômica para não dizer deprimente em certas horas. Pessoas antes que eram essenciais de serem vistas ou de possuir alguma conversa chula se quer, foram se esvaindo de minha rotina aos poucos. Não foi por não gostar, hoje sei o leve significado de quando dizem que a sua rotina faz seus amigos e sua cabeça. Esporadicamente, para não dizer raramente, recebo algumas singelas ligações:

- “E aí, como que ta a vida?
-  Pow, tudo tranqüilo e você?
- Porra, minha vida não consegue ficar mais animada que o “zorra total“. Deprimente.
- Sei como é, to na mesmo barco. Assistindo “Faustão” só  para rir da cara das pessoas quando ele não as deixa falar. (risada de fechamento*)”

As pessoas pensam que eu sou vagabundo. Mal sabem elas que estudar inglês e italiano, quase como um intensivo, prende e absorve muito do meu tempo. Ter que aprender uma língua que é tão bonita de ser falada, porém possui inúmeros verbos de conjugações irregulares, palavras que possuem duas letras seguidas e saber exatamente como pronunciar cada uma das sílabas botando gestos e exortações é quase um curso de ator de “como ser um italiano”. Sem contar as inúmeras perguntas que tive que responder: “Por que o italiano?” Até explicar que tenho uma “queda” pela língua, minha família possuir laços italianos, detestar a língua espanhola (que geralmente é a terceira opção, hoje em dia) e ainda, que o mercado de trabalho exige cada vez mais que você domine três idiomas, eu tenho que chegar a formular quase um texto dissertativo com conclusão persuasiva suficiente para que a outra pessoa não me olhe e fale: “Você é doido! Vai fazer uma faculdade, porra!”

Na sessão “amor” eu estou convencido que não é a melhor hora, aliás, não tenho tempo nem de procurar na rua. Eu tentei, encontro com alguém ás vezes (contato fixo de um passado é uma excelente válvula de escape), recebo ligações do tipo: “E aê, ta de bob? Estou sem ninguém em casa, passa aqui, gato.” Juro que rio depois que desligo o telefone. Eu adorava essas coisas, hoje eu ás acho que não me satisfazem. Quero mais que isso. Se eu começar a falar de política, religião, fé, colóquios com palavras distintas, a pessoa vai achar que estou delirando ou que não sou mais o mesmo. O que me resta depois disso? Academia.

“- Gente, que disposição! Tá tomando creatina?  - Não, gata. Necessidade mesmo. (Pensamento: Estou tomando cafeína em forma de termogênico. Estou em uma puta carência que não passa nunca. Sexta-feira a noite assistindo pela milésima vez o “Globo Reportar” falar sobre saúde ou rever o “Pânico na Tv”. Acho que vindo até a academia, puxar ferro, correr, fazer elíptico e revezando um circuito aeróbico, eu posso consegui dissipar um pouco essa solidão em meio aos livros. E aê, como que ta a vida? Me conta tudo.)”

Eu ria descaradamente da vida dos “nerds” na minha escola, vivia zombando de sua falta de vida social. Hoje aqui estou eu, sem tempo até para ficar duas horas á toa no shopping, ir ao cinema, fazer um “blind date”, almoçar com os amigos. As semanas passam-se mais rápido, o frio de outono começa a dar o ar de sua graça e as pessoas começam a se enfeitar mais. Minha nada mole vida está assim e se ainda ousarem em perguntar mais alguma vez :" - Como que você esta?” Não hesitarei em responder: “ – Tô numa merda do caramba! Quer trocar de vida? Se bem que a sua deve ta menos animada que a minha. Vamos fazer alguma coisa juntos? (...) Pois é, eu também. (...) Talvez semana que vem então.(...) Marcamos na próxima semana. Tenho que ir! Um beijo.” - preciso de um analista, urgente.
 
          

Nenhum comentário:

Postar um comentário