quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Bailarina


Vejo a entrar na sala de dança. Músicas que apenas pessoas com ouvidos refinados iriam gostar começam a tocar. Eu estava na esteira, a maratona diária de corrida devia começar também. Às vezes a pego olhando estreitamente para mim. Será que era realmente para mim ou eu estou sendo hiper narcisista¿ Não importa. O importante foi ter visto sua bela íris em minha direção. Começo a correr para tentar não pensar no assunto. Ela começa a sua aula. Suas alunas no intervalo vêem ate onde eu estou para beber água. Eu a procuro. Lá estava a bailarina rodopiando em passos simétricos e devidamente ensaiados, como em algum espetáculo no Teatro Municipal. Tenho que me controlar, as pessoas geralmente sentem-se intimidadas quando olhamos fixamente para elas. Desculpe-me, olhos nos olhos para mim é um requerimento de intimidade. Ela retoma a sua aula, minhas pernas já começam a doer de tanto caminhar e correr. Faltando poucos minutos para o meu tempo acabar a vejo pela janela olhando para onde eu estava de novo. Isso já está virando um jogo de gato e rato. Eu a olho dançando. Na sua pirueta seu cabelo se solta. Começa a tocar em minha mente “I can’t take my eyes off you”. Primeira pirueta, orvalho doce pela manhã. Segunda pirueta, vento vespertino pelo vidro do carro ao por do sol em uma auto-estrada. Confesso que foi uma das cenas mais bonitas que já vi. Seu rosto foi modelado como aquelas bonecas de caixinha de música antiga. Ao olhar fixamente desperta curiosidade, intimidação e até calma devido a sua beleza. Eu não consegui escutar sua voz, entretanto acho que possui tons de canções de ninar. Seu jeito é romântico. Nenhuma bailarina conseguiria ser mais delicada que ela. Tento retornar a minha atividade, não vi a hora passar. Eu a olho pela última vez por hoje e saio da esteira. A caminho de casa continuo a observá-la no pensamento. Desejei essa noite possuir essa caixinha de música só para mim.




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