Tem horas que eu só queria escrever sobre família. Não qualquer
família, mas a minha família. Ás vezes desejaria que fosse perfeita. Seria bom
um dia acordar com a mesa posta para o café, um lindo dia abrangendo toda sala, o
cheiro de café saindo do bule, um pai engravatado lendo o jornal, uma mãe com
roupa de ginástica para a sua velha rotina na academia depois de levar minhas
irmãs para escola, um bom dia para dar à todos, uma cena normal de filmes. Não
desejaria que fosse sempre assim, apenas quis apenas uma vez isso. Uma realidade
minha e de muitos. Ela dói e não pode ao mesmo tempo ser explicada. Quando é,
seria impossível conter as lágrimas. Sempre foi muito difícil não poder contar
com esse apoio. Vejo alguns que renegam isso, ora por vontade, ora por falta de
paciência. Desejaria ao menos ter essa escolha. Ouvi certa vez que ninguém tem
um fardo tão grande ao qual não consiga carregar. Esqueci de perguntar se o
peso não poderia ser dividido com alguém, uma mãe ou um pai. Não falo de
ausência física. Falo de ausência emocional filial. Dizem que histórias assim
são difíceis de serem contadas para alguém que não compartilha com a mesma. Porém
vejo tantas pessoas na mesma situação. O que muda? São os níveis ou a contagem
dos capítulos do início ao fim. O livro continua sendo o mesmo. A história se
repete mesmo você tendo o arbítrio de imaginar como seria o seu acordar do dia
no exemplo citado acima. A falta é apenas um pedaço do vidro quebrado pela
ausência. Eu só queria um pouco entender os pais, participar da vida deles.
Hodiernamente isso seria impossível. Os caminhos já foram seguidos por ambos e
o que me resta é continuar caminhando. No final das contas, a família perfeita
é sempre aquela que você imagina sendo o protagonista. Você deseja fazer tudo
diferente para com seus filhos. Se é ruim dar tudo de melhor à uma pessoa que é
“sua” eu não sei, mas quero que ela sinta o que é cuidado, carinho, proteção e principalmente, livre arbítrio.
Privações só funcionam em economia. Se um dia eu pudesse deixar algum conselho
seria: Não deixe de amar os ausentes, seja eles quem for. Talvez eles ainda nem
se encontraram neles mesmos.
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