sábado, 2 de julho de 2011

A vida de um Augusto (1)

Prólogo

  Bem, uma história existe começo, meio e fim. Eu sempre fui muito rotineiro e extremamente exigente com a ordem, portanto irei começar pela parte que eu ,se quer, lembro-me de minha própria existência. Eu nasci em uma época de revolução. Não no começo dela, porém em suas conseqüências. Já tinham ocorrido aquelas matérias de história do Brasil que vemos quando estamos nos formando no final do ano letivo do último ano do ensino médio. Era em um verão quando mais um Augusto nasceu, o que não se explicava o frio que pairava no ar devido a expectativa de minha chegada, se é que occorreu isso mesmo. Não se sabe se foi por um simples gozo ou por uma bela gozação da vida. E desde então, devo alertá-lo, essa não é uma nova história e muito menos uma história de amor. Você poderá rir ou simplesmente chorar seja por alegria ou de tristeza, seja por reconhecer fatos que também ocorreram com você seja porque você tirou um simples aprendizado e o carregou em sua vida.
   A mãe dele tinha 15 anos e seu pai 17 anos. Ambos muitos novos. Hoje quase um fato corriqueiro que vemos nos noticiários. Quando o médico terminou a cirurgia houve uma engraçada brincadeira sendo contada para os pais paternos: “Os senhores já podem sair daqui e comprar uma bola, um carrinho e uma boneca, pois três crianças sairão daqui a instantes, o seu filho, a sua nora e o seu neto”. Era de se estranhar naquela época, os valores eram outros. Ou talvez não, apenas adaptamos os valores aos nossos próprios gostos e vontades, a vida egoísta e mutável que às vezes levamos nos obriga a mudar o que somos e no que acreditamos. Augusto nasceu em verão não muito longo, mas o suficiente para ser um jovem hoje. Uma criança que iria viver tudo o que queria viver, ter um coração viajante e uma mente que seria os seus pés fora do chão.
   Seu nome traduzido para o latim o tornaria um homem apto e capaz de ultrapassar todas as barreiras. Ele só não sabia que seriam inúmeras e que o tempo não iria parar para ele se refazer a cada queda. Traduzido para o grego, porém, ele se tornaria aquele que é incapaz de vingança. Augusto seria a pessoa que poderia ser o maior dos vilãos, o mais triste do bairro, o mais carente dos dependentes. Nasceu com o coração iluminado. Aprendeu que o rancor só derruba uma pessoa: aquela que o sente. Hoje ele enxerga assim, entretanto não foi bem assim que ele viveu pelos anos decorrentes.
   Até onde começa e termina a infância? Para a medicina e pedagogia há um tempo específico. Augusto sempre a considerou parte dele. Hoje ele não a apaga, pois sabe que cada acontecimento deixado de lado, junto com as suas feridas, seria um aprendizado sendo esquecido. Ele parece maduro. Só parece. Ele aprendeu com as experiências, nunca precisou de livros ou relatos de quem já viveu. Ele teve uma infância. Com certeza, não são aquelas contadas em filmes de finais felizes e nem muito menos com famílias perfeitas...
             

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